A Missão de Jesus
Reformador (FEB) 01.08.1920
Assina: Vinicius
Jesus não veio fundar uma igreja como tantas já então existentes no seu tempo. Não há paralelo entre Jesus e Maomé, entre Jesus e Buda, entre Jesus e Lutero, entre Jesus e Comte, entre Jesus e o papado romano.
Os organizadores de seitas religiosas agiram visando estabelecer igrejas suas, em caráter pessoal, embora se reportassem às tradições, às esculturas, à ética, à ciência ou qualquer outra base - Todas elas personalizaram seus feitos.
Daí a origem dos cismas e das facções que dividiram a família humana em torno de um ideal cujo objetivo fundamental é precisamente o contrário: é unir e irmanar os homens numa aspiração comum, na conservação de destinos que são os mesmos para todos - Refiro-me ao alvo da Religião.
Jesus não trouxe à Terra um sistema religioso a mais. Ele teve por missão revelar Deus à humanidade. No desempenho desse mandato, revelou ao mundo a Religião. Revelando a Religião, prescreveu as religiões.
Encarnando Deus e a sua justiça, Jesus instruiu os homens no conhecimento da verdade eterna, de cuja ignorância provém todos os males e todos os sofrimentos.
Incarnando Deus e a sua justiça, não faz obra humana: revelou a obra divina. Destruiu o sectarismo, fazendo ver aos homens que eles devem buscar conhecer a Religião e não pretenderem criar religiões, visto como, a Religião é a verdade e a verdade é eterna, incriada, coexiste com Deus.
Tal é que depreendemos das palavras de Jesus “ Nada faço de Mim mesmo, mas em tudo procedo conforme a vontade do Pai.” A doutrina que ensino não é Minha mas Daquele que Me enviou. Quem Me rejeita, não rejeita a Mim próprio, mas sim Àquele que Me enviou.”
Deus se revela ao mundo debaixo de todas as formas. As maravilhas da criação, a harmonia dos astros e do universo em geral, a sabedoria das leis que regem a mecânica celeste - são manifestações inequívocas da Divindade. Contudo, Deus precisava revelar-se no íntimo do homem. Deus quis manifestar-se através do bem, como já havia se manifestado através do belo. Quis mostrar-se no interior, como já se havia mostrado no exterior. O mundo já o conhecia na exteriorização de sua força, de seus poder, da sua inteligência, de sua sabedoria. Era absolutamente necessário que o conhecesse através do seu amor. Já o tinham visto como o supremo arquiteto, senhor dos céus e da Terra. Era, porém, mister que o conhecessem na intimidade, como Pai, através do perdão, da misericórdia, da solicitude, da longanimidade.
Neste ambiente, não havia quem pudesse revelá-lo sob tal prisma. Veio, então, Jesus ao desempenhar a sua missão.
A natureza revela Deus objetivamente. Jesus no-Lo revela subjetivamente, através do amor, da verdade, da justiça. A natureza nos fala de Deus à razão, Jesus nos fala de Deus ao coração.
Os profetas, como intermediários entre o céu e a Terra, falaram de Deus como homens. Jesus, como Cristo, falou de Deus na qualidade de oráculo do próprio Deus.
Os profetas refletiram Deus através das imperfeições humanas. Jesus o refletiu com fidelidade, porque não havia em sua alma imaculada nenhuma mancha que pudesse empanar o brilho da Divindade.
Revelar Deus e a sua justiça: eis a missão de Jesus Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário