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Em vista, pois, da exposição rápida que acabamos de fazer, convidamos a Federação Espírita Brasileira, outrora presidida e ainda hoje dirigida pelo incansável Bezerra de Menezes, a quem todos nós aclamamos mestre, a lançar um apelo a todos os espíritas do Brasil, convidando-os para o seu seio, conforme a vontade dos mensageiros do Senhor, secundada pelos esforços de Bezerra, que, como já demonstramos, durante a sua peregrinação na terra, não pode dar execução ao seu plano, mas que, agora, na plenitude da verdadeira vida, não cessa de reclamar.
Se deveras somos espíritas, se estamos convencidos de que os Espíritos dirigem os homens e de que os compromissos por eles contraídos não se nulificam com a morte do corpo, que, ao contrário, o Espírito continua no espaço a viver, pleno de todos os seus predicados, gozando das prerrogativas que, por sua natureza, lhe são inerentes, e jamais se liberta da responsabilidade decorrente das condições particulares que a si próprio se impôs, senão quando tem dado cumprimento integral a todos os seus diversos deveres atuais, para mais tarde pedir ao Senhor novos encargos; se de tudo isto estamos convencidos, devemos também convencer-nos de que Bezerra de Menezes, não podendo dar; na Terra, cabal cumprimento à tarefa que se impusera no espaço – o congraçamento da família espírita – agora, ainda uma vez , liberto das cadeias da carne, procura, inegavelmente, desempenhar tão árdua missão, que é, não há duvida, a sua preocupação de todos os instantes.
Infelizmente, ele precisa de nós, para a realização de seu projeto. Somos instrumentos indispensáveis, como necessários são os materiais ao operário que tem de construir um edifício. Mas, se este se utiliza, a seu talante, da matéria inerte, ele assim não pode proceder, porque, conscientes que somos, dotados de livre arbítrio, necessita da nossa vontade e do nosso concurso expontâneo; do contrário, não teríamos merecimento de ordem alguma. Nestas condições, pois, nenhum espírita, que considere aquele Espírito de eleição como mestre, pode conservar-se alheio à sorte da Federação e, conseguintemente, não tem o direito de se manter fora desta Sociedade, sob pena de se tomar passível de graves recriminações.
Então, só assim, fortes e unidos, impetraremos dos poderes competentes a anulação necessária do artigo 157 do Código Penal, que nos confunde, malévola e propositadamente, com os feiticeiros e embusteiros.
Somos cidadãos de uma pátria livre, queremos gozar da ampla liberdade a que nos dá direito a Constituição Política da Republica e de que se tornam credores todos aqueles que trilham o caminho da sã moral.
Faz-se necessário que mostremos ao mundo que Espiritismo é o próprio Evangelho de N. S. Jesus Cristo, interpretado e compreendido em espírito e verdade, e jamais as artimanhas e os sortilégios dos feiticeiros e especuladores, que vivem a ilaquear a boa fé dos seus irmãos e a forgicar meios imorais para fins inconfessáveis.
É a Federação a agremiação, por todos os títulos, natural e legitimamente indigitada para tão nobre quão necessário empreendimento.
Em seu seio não falecem os elementos precisos; antes, ao contrario, está cabalmente aparelhada para semelhante ação. Ela tem existência legal e com tal predicado completou a soma dos elementos necessários a se fazer respeitar como entidade social e jurídica. É bem conhecida no estrangeiro e particularmente no Brasil inteiro. É a proprietária única das obras do Mestre e de grande parte das principais obras espíritas, cuja tradução tem feito, como se pode verificar do relatório do seu ilustre presidente apresentado no passado. Finalmente, é a Federação a legitima intérprete intelectual e moral do Espiritismo no Brasil.
E, vós, espíritas, bem o haveis de compreender: isto não é obra do acaso, porque acaso é palavra vã e sem significado real; nem também dos homens porque, quer queiramos, quer não, a evolução caminha e o progresso não se detém por maiores que sejam os entraves que à sua marcha queiram opor.
A propósito, convidamo-vos a consultar as ‘’Obras Póstumas’’ do Mestre, págs. 288, onde se lê: ‘’Projeto – 1868 – Um dos maiores obstáculos à propagação da doutrina seria a falta de unidade’’.
Pois, é justamente essa falta lamentável que até agora não temos cessado de cometer.
Quem ler e meditar no que está escrito naquela página, in-fine, e nas seguintes da aludida obra, se convencerá de que a Federação é de fato inspirada pelo fundador do Espiritismo, pois muitas idéias por ele ali expendidas são executadas por esta Associação.
À págs. 289 da citada obra lê-se:
“Em nosso século e com os nossos costumes, os recursos financeiros são o grande motor de todas as coisas, quando empregados com critério’’.
Já vedes, meus caros amigos, que não há dois caminhos a seguir: cerremos fileiras em torno da Federação e teremos cumprido o nosso dever; senão, severas contas nos serão pedidas.
Quanto ao pobre Discípulo de Max vai orar e pedir força e luz à fonte de toda a luz a misericórdia para poder dar cumprimento aos seus deveres, que são muitos.
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