domingo, 8 de maio de 2011

09 'Mulheres e 'Marias'


09


Mulheres e ‘Marias’

Adaptação de artigo de  Vinícius
Reformador 01.08.1933

            As mulheres apreciam os enfeites exagerados; às vezes, seus trajes e enfeites excedem os limites do razoável.
            No entanto, elas se esquecem dos ornamentos naturais, que lhes são próprios e as embelezam infinitamente mais e melhor do que aqueles produzidos pelo engenho e arte de estilistas de moda  e joalheiros. 
            Um pouco de timidez, um ligeiro embaraço no modo de falar  e de agir, um certo recato em suas atitudes e gestos, uma dose de singeleza em sua indumentária, algo de humildade e de doçura no seu olhar são adornos incomparáveis, que realçam a beleza feminina, dando-lhe cunho de irresistível encanto.
            Semelhantes enfeites, porém, não se encontram expostos nas vitrines de joalharias ou de boutiques; todavia, porém, podem, e devem, ser adquiridos pela educação moral, pelo cultivo dos sentimentos.
            Nesses adornos se escondem a força e o poder da mulher. Em sua fragilidade, não dissimulada, está a sua fortaleza inexpugnável.
            A própria Joana D’Arc, guerreira indômita e destemida, quando interrogada pelas autoridade, mostrava-se um tanto tímida e embaraçada, guardando embora as coragem e o valor necessário para manter e justificar a singular missão de que o céu a revestira. As verdadeiras mulheres nunca desvirtuam nem atraiçoam os caracteres próprios à sua íntima natureza, qualquer que seja a conjuntura em que se encontrem.
            As ‘Marias’ que figuram no Evangelho são tipos femininos admiráveis, inconfundíveis. As atitudes assumidas por Maria de Nazaré, em vários transes de sua vida terrena, são empolgantes e de uma beleza arrebatadora. A resposta que deu ao mensageiro celeste que lhe trouxe a nova alvissareira de haver sido escolhida para mãe do Redentor do mundo; o suave enleio de que se viu possuída pelo imprevisto da mensagem e por se não achar digna de tamanha graça é uma jóia do coração, que dignifica, exalta e diviniza a mulher.
            Maria Madalena, cuja conversão determinou tal transformação em seu Espírito, que até hoje muitos não querem reconhece-la como a irmã de Marta e Lásaro; seus gestos sublimes e heróicos, de uma feita banhando de lágrimas os pés de Jesus e os enxugando com seus cabelos e, de outra, ungindo-o publicamente com essência de nardo puro; sua presença junto à cruz, na hora extrema do sacrifício, e, três dias depois, lacrimosa e trêmula à beira do túmulo, aguardando a prometida ressurreição, são traços de caráter cuja excelsitude não se descreve na linguagem humana.
            A santa ingenuidade de Maria Salomé, pedindo a Jesus que, no reino de Deus, reservasse a seus dois filhos os lugares de mais destaque.
            Maria da Fé - a mulher que vinha doente desde longos anos e já havia despendido os seus parcos haveres com os médicos - concebendo o plano original de tocar na fímbria da capa de Jesus para obter a cura de seu mal, é simplesmente admirável. A confusão em que ficou quando, chamada e interrogada pelo médico divino, viu descoberto o seu segredo; sua confiança inabalável, sua confissão em público, depois de curada, são rasgos de virtude que distinguem de modo particular a alma feminina.
            Maria da Humildade - a mãe gentia, que insistia clamando atrás de Jesus, para que lhe curasse a filha possessa. Veja-se a maneira como redargüiu à seguinte observação de Jesus:
            -Não é lícito dar aos cães o pão destinado aos filhos de Israel.
            -Mas, os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seu amo!
            Esta frase revela a candura, a  suavidade angélica que só a alma da mulher é capaz de abrigar. Não há exemplo de alguém que tanto se exaltasse através de tamanha humildade. Bem andou o Mestre e, provocar, com habilidade, aquela resposta. O Profeta do Amor golpeou o coração da mãe gentia, para que, qual sândalo ferido pelo machado impiedoso, exalasse o inebriante perfume que jazia oculto em seus íntimos ferrolhos. Com justeza disse o poeta: Se há neste mundo algum amor que se assemelhe ao de Deus, é, se, dúvida, o amor de mãe.
                       
                        ***
          
            Mas, tudo isso, que acima ficou dito das Marias não terá, talvez, significação alguma para as mulheres do século. Elas se empenham, empregando esforços inauditos, no sentido de adulterarem sua própria natureza. Assumem atitudes desassombradas e ásperas, gesticulam, caminham a passos largos, empurram e se acotovelam no bulício das ruas. Pilotam aviões, manejam armas de fogo, guiam veículos pesados, afrontam, do alto dos mastros, como experimentadas marujas, os temporais; jogam, bebem e fumam.
            Todavia, essa nuvem que vem eclipsando a beleza e a virtude da mulher há de passar. Estamos atravessando uma época anormal, profundamente crítica. As nuvens são volúveis e instáveis mas elas se dissiparão e o sol virá de novo espargir seus raios de luz, dourando a terra através da alma feminina, realmente emancipada, porque liberta desses aleijões que tanto a prejudicam e desnaturam. E as mulheres serão ‘Marias’ novamente. 


2 comentários:

  1. A timidez não é qualidade!!

    A timidez vem do orgulho. Informe-se melhor... existe bastante literatura espírita nesse sentido.

    O seu artigo é profundamente machista.

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  2. "As mulheres apreciam os enfeites exagerados" ?? E os homens não?

    Quais mulheres? Não está a exagerar quando toma a parte pelo todo?

    Enfim, mais um texto misógeno.

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