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Aqui retomamos o fio da nossa narrativa. Sem demora, o chefe faz sentir aos seus irmãos em crença que um dos grandes males que afetavam a doutrina era a desunião e a subdivisão de forças, pois que deviam saber que os espíritas desunidos são como o feixe de varas da parábola do Cristo; que um poder dividido é um poder enfraquecido e que, ao contrário, ‘’a união faz a força’’. Era preciso que todas as forças se dirigissem convergentes para um mesmo ponto: o levantamento do Espiritismo do desprestigio e desmoralização a que o tinham lançado os seus próprios adeptos ignorantes.
Aquele vulto venerável e circunspecto, que se impunha à veneração de todos e diante de quem todos se curvavam em homenagem ao seu incorruptível caráter, era iluminado pela luz de um passado imaculado e santo.
Ninguém jamais, nem mesmo os seus mais encarniçados inimigos, se atreveu a suspeitar do seu caráter ilibado. Chamavam-no, pela imprensa diária, de candidato eterno, de místico, de pretencioso e de tudo mais quanto o despeito e o rancor podem engendrar, porque não podiam suportar tanta luz que resplandecia dos irrespondíveis artigos de Max, que a pó reduzia os seus inimigos. E, no entanto, jamais usou doutra arma que não fosse a espada preconizada por Jesus a Pedro.
Em resposta a esses desvairados e como protesto eloquente contra a brutalidade dos despeitados e irreverentes, os espíritas do Brasil inteiro o aclamavam chefe.
Seus preciosos e doutrinários artigos, publicados ora neste, ora em outros jornais, o tornaram sobejamento conhecido fora desta capital, pois aqui era ele o verdadeiro mentor dos seus irmãos em crença.
Constantemente procurado pelos espíritas, que o assediavam em toda parte, a fim de ouvirem os seus inspirados conselhos e a sua palavra autorizada, Bezerra jamais deixou de os atender carinhosamente e de prestar–lhes os socorros materiais e morais de que, porventura, careciam, ainda mesmo com sacrifício da sua comodidade e da sua própria saúde, já bastante comprometida. É que buscavam o servo de Jesus, para beberem da água que sacia toda sede.
Semelhante posição, que jamais fora solicitada pelo mestre, mas imposta pela circunstância da época e, principalmente, por uma força do alto, obrigava o velho corpo a esforços quase superiores às suas forças já tão esgotadas e obrigava o organismo enfraquecido a procurar na terra o repouso necessário à vitalidade da matéria. Compreende-se que, embora tente o espírito reagir sobre a matéria, esta, contudo, também tem exigências que solicitam a atenção à que tem direito. Era visível o enfraquecimento orgânico a que dia a dia o velho preceptor ia cedendo. Mais uma vez o caridoso Espírito, que dele tratava, lhe disse: ‘’Metodiza os teus esforços, pois tens necessidade de trabalhar menos’’. Mas, aquela alma não podia resistir ao desejo de trabalhar para o seu Senhor , promovendo o bem dos seus irmãos, ao mesmo tempo que, com a prática da caridade, angariava a felicidade futura do seu espírito, todo devotado ao amor do próximo.
Ciente e consciente do compromisso contraído com Jesus Cristo, de promover e realizar a união da família espírita, o que por mais de uma vez lhe fora dito e repetido por espíritos seus amigos; profundamente convencido de tal responsabilidade, pela terceira vez Bezerra tentou a união reclamada pelo Mestre, em 1888.
Para a realização de tão almejado desideratum, o presidente da Federação combinou com os seus companheiros de diretoria os meios práticos que, postos em ação, deveriam congregar os espíritas em torno da Federação; e tanto mais se impunha esse ato, quanto, mais que nunca, campeava assustadoramente a desorientação pelos arraiais das coortes espíritas. Porém, já era tarde! Deus não lhe permitiu a realização de semelhante tentame; dele se compadeceu e chamou o servo à verdadeira vida.
Tombou o homem; porém surgiu o Espírito, mais enérgico e mais forte, com os mesmos compromissos. Ainda hoje preside à Federação. Tudo o que aí se faz é sob a sua inspiração e os discípulos procuram sempre inspirar-se nas tradições do mestre.
Para comprovar o que acabamos de asseverar, aí está a Federação com a sua vida ativa e enérgica dirigida pelo Espírito, mais do que quando administrada pelo homem.
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