Servir
a
Dois Senhores
Roque Jacintho, em “Jesus e Kardec” nos fala da passagem bíblica registrada no livro de Mateus sob número 6,24 e que gravou palavras de N. S. Jesus Cristo sobre servir ao Pai e às riquezas materiais - dois senhores de interesses distintos.
“Não interpretemos as riquezas de nosso Mundo, aquelas que podem jugular-nos em dolorosa hipnose, como sendo exclusivamente a posse de valores de fortuna ou vastos recursos de propriedades imobiliárias.
Há riquezas diversas em todos nós:
- existe o rico de tempo, depositário de largas faixas de horas, chamado à sua reforma interior e ao socorro dos que se emaranharam num cipoal de dúvidas e de necessidades;
- existe o rico de autoridade, mordomo de uma posição familiar ou social de realce, conclamado a comandar e induzir os seus dependentes ou subordinados ao caminho de reequilíbrio espiritual em todas as instâncias do Mundo;
- existe o rico de inteligência, senhor de vasta cultura de nosso mundo convidado a nortear com sabedoria os seus companheiros de caminhada terrena que não dispõe de sua visão ampla e geral;
- existe o rico de ciência, senhor do mecanismo de muitas leis naturais, ajustando no quadro da evolução para doar-se a si mesmo a benefício dos que sofrem por ignorância;
- existe o rico de oportunidades, beneficiário dos Institutos de Regeneração da Espiritualidade, induzido freqüentemente a crescer pelo exercício da paciência, da tolerância, da fé, da esperança;
- existe o rico de caridade, filamento do Mundo Maior para manifestação da luz divina, convidado a permitir que o seu coração se torne o farol de esperança para as aflitos de nosso plano...
Jamais nos afirmemos desprovidos de recursos.
Examinemo-nos desapaixonadamente - renunciando antes à milenar e enganosa posição que sempre tomamos de deserdados do Reino - e de pronto identificaremos as riquezas de que dispomos e que estão a pedir ampla circulação, a fim de renovar e melhorar a paisagem que nos circunda.
Reter, amodorrados, os bens de que somos possuidores, no campo da alma, será imitar o usurário que cria barreiras para a utilização de valores legítimos. Exigir pronta e alta compensação a cada manifestação de nossos recursos íntimos, será criar elevado juro moral, embaraçando os que se beneficiam das virtudes que despontam em nós. Afirmar-nos sem nenhum recurso interior, será revelar proposital cegueira e dar mostras de ingratidão à Providência Divina.
Evitemos sustentar a posição mental de sovina, insaciável e mal-agradecido filho que retém para deleite de sua afetividade enfermiça os bens que lhe foram deferidos pelo Senhor, qual se estivesse em perene escassez de recursos para beneficiar e aliviar o seu próximo.
“Se quisermos, sempre teremos o que dar.”
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