sexta-feira, 15 de abril de 2011

'A Inquisição' - Parte 6





            Um Parênteses - Infelizmente, porém, se a França não tolerou por muito tempo a inquisição e, nem de fato nem de direito, o tribunal de Roma logrou mais restabelecer-se ali, depois de expulso, não é menos certo que se sentiu várias vezes o espirito dos inquisidores.
            Urbano Grandier foi condenado a serem-lhe quebrados os ossos até aos tutanos e, depois... à fogueira. O tribunal não era da inquisição, mas tinha lá o mesmo espírito de perversidade, de ignorância, de superstição...
            Pela cobiça que as riquezas dos Templários despertaram num papa e num rei, era preciso perdê-los. Para isso, era necessário acusá-los de algum crime e fazer com que a acusação fosse acreditada.
            Encontra-se a alma vil dum delator... E aqueles cavaleiros, sempre nobremente e valorosamente devotados à Pátria e à religião, foram acusados de heresia(!). Eles que arriscavam a vida em combates em defesa de Cristo e enchiam os altares de presentes que eram verdadeiros tesouros, foram dados como profanadores e sacrílegos! Em 1311 foram queimados 57, tendo tido muitos outros a mesma sorte em 1314.
            Mas há mais, a França, além do que acabamos de expor, teve momentos horríveis: Francisco I nunca se cansou de perseguir as vítimas da cólera da Igreja. Como verdadeiro mandatário do papa, bastou que alguns cidadãos fossem acusados de ter falado irreverentemente do chamado “Santíssimo sacramento”, para que logo os condenasse a morrer queimados na fogueira, presos a uma cadeira que se fazia descer sobre um braseiro ardente e se elevava por meio de um básculo, para lhes prolongar a agonia.
            No reinado de Carlos IX, foi também a França devastada pelas guerras dos católicos e dos protestantes...
            Razão teve Napoleão para censurar o grande erro de Francisco I não ter aberto a França à Reforma!
            Carlos IX perseguiu os protestantes até aos extremos mais horrorosos. É precisamente no momento em que toda a gente supunha que começava uma era de paz, pelo casamento da irmã do rei com o príncipe protestante, Henrique IV de Navarra, surge a Saint-Barthelemy - 24 de agosto de 1572 - dando Carlos IX ordem para que os protestantes fossem massacrados em toda a França ao mesmo tempo. Era de tal crueldade, que dizia, proferindo o nome de Deus: “Quero que sejam mortos todos os hereges da França, homens, mulheres e crianças, de maneira que nem um só escape para me censurar a morte dos outros!”  No tempo de Luís XIV, aos heréticos de  Cevennes, aos protestantes, fazia-se-lhes assim: “reunidos em conjunto, homens, mulheres, crianças e velhos, nos campos, e guardados pelos soldados do rei, iam pelo meio deles os jesuítas e exortavam-nos a que se convertessem, dando-lhes a escolher: ou a missa ou a morte. Depois~, separavam-nos em dois grupos: dum lado aqueles que consentiam em abjurar da sua pretensa heresia, do outro, os que perseveravam nas suas crenças religiosas. E, então, os dragões de el-rei precipitavam-se sobre os últimos, cortavam-nos a golpe de sabre, esmagavam-nos sob as patas dos cavalos e só paravam depois de os ter massacrado até ao último! Em seguida, desmontavam e recomeçavam uma nova luta com os que tinham sobrevivido; as mulheres, as raparigas, os rapazes, as criancinhas mesmo eram poluídas  por horríveis estupros, com os aplausos frenéticos dos padres e dos monges - testemunhas e autores destas cenas monstruosas!
            Não se chamava inquisição, não. Mas era da mesma maneira o ódio de Roma, a perversidade da Igreja Católica, espalhada pela França, dominando, acusando, intrigando, condenando, massacrando... conforme fez a Joana D’ Arc, queimada viva, como feiticeira, em Rouen, depois de condenada por um tribunal a que presidiu o bispo de Beauvais!...

            A Tenda Máxima - Onde a Igreja de Roma encontrou campo bem aberto e largo, para o estabelecimento das suas tendas infernais; onde ela deparou com fartura de carne humana, para regalo das suas atrocidades, e onde viu luzir tesouro inexaurível da sua cobiça e das suas ambições insaciáveis, foi na Espanha.
            É verdade que a inquisição trazida para Espanha pelos primeiros inquisidores - os flagelos de Languedoc e da Provença - e estabelecida no reino de Aragão, não pode manter-se. Os inquisidores, confiados talvez em que todos os outros estados iam aderir sem discussão, não estiveram com meias medidas: logo aos primeiros casos, a sua conduta foi tal que, aliada à recordação de todos os furores eclesiásticos no Languedoc, deu como conseqüência a sublevação geral contra eles. Foi Castela e Toledo, Andaluzia, Salamanca, Zamora e Astúrias... E até o próprio Aragão acorda e se revolta. O povo riu-se das suas sentenças, arrombou as portas das prisões e deu liberdade às vítimas da inquisição. Não foram os inquisidores de todo expulsos. Sucedeu, porém, como se o tivessem sido!... Mas...

            Um Parênteses - Infelizmente, porém, se a França não tolerou por muito tempo a inquisição e, nem de fato nem de direito, o tribunal de Roma logrou mais restabelecer-se ali, depois de expulso, não é menos certo que se sentiu várias vezes o espirito dos inquisidores.
            Urbano Grandier foi condenado a serem-lhe quebrados os ossos até aos tutanos e, depois... à fogueira. O tribunal não era da inquisição, mas tinha lá o mesmo espírito de perversidade, de ignorância, de superstição...
            Pela cobiça que as riquezas dos Templários despertaram num papa e num rei, era preciso perdê-los. Para isso, era necessário acusá-los de algum crime e fazer com que a acusação fosse acreditada.
            Encontra-se a alma vil dum delator... E aqueles cavaleiros, sempre nobremente e valorosamente devotados à Pátria e à religião, foram acusados de heresia(!). Eles que arriscavam a vida em combates em defesa de Cristo e enchiam os altares de presentes que eram verdadeiros tesouros, foram dados como profanadores e sacrílegos! Em 1311 foram queimados 57, tendo tido muitos outros a mesma sorte em 1314.
            Mas há mais, a França, além do que acabamos de expor, teve momentos horríveis: Francisco I nunca se cansou de perseguir as vítimas da cólera da Igreja. Como verdadeiro mandatário do papa, bastou que alguns cidadãos fossem acusados de ter falado irreverentemente do chamado “Santíssimo sacramento”, para que logo os condenasse a morrer queimados na fogueira, presos a uma cadeira que se fazia descer sobre um braseiro ardente e se elevava por meio de um básculo, para lhes prolongar a agonia.
            No reinado de Carlos IX, foi também a França devastada pelas guerras dos católicos e dos protestantes...
            Razão teve Napoleão para censurar o grande erro de Francisco I não ter aberto a França à Reforma!
            Carlos IX perseguiu os protestantes até aos extremos mais horrorosos. É precisamente no momento em que toda a gente supunha que começava uma era de paz, pelo casamento da irmã do rei com o príncipe protestante, Henrique IV de Navarra, surge a Saint-Barthelemy - 24 de agosto de 1572 - dando Carlos IX ordem para que os protestantes fossem massacrados em toda a França ao mesmo tempo. Era de tal crueldade, que dizia, proferindo o nome de Deus: “Quero que sejam mortos todos os hereges da França, homens, mulheres e crianças, de maneira que nem um só escape para me censurar a morte dos outros!”  No tempo de Luís XIV, aos heréticos de  Cevennes, aos protestantes, fazia-se-lhes assim: “reunidos em conjunto, homens, mulheres, crianças e velhos, nos campos, e guardados pelos soldados do rei, iam pelo meio deles os jesuítas e exortavam-nos a que se convertessem, dando-lhes a escolher: ou a missa ou a morte. Depois~, separavam-nos em dois grupos: dum lado aqueles que consentiam em abjurar da sua pretensa heresia, do outro, os que perseveravam nas suas crenças religiosas. E, então, os dragões de el-rei precipitavam-se sobre os últimos, cortavam-nos a golpe de sabre, esmagavam-nos sob as patas dos cavalos e só paravam depois de os ter massacrado até ao último! Em seguida, desmontavam e recomeçavam uma nova luta com os que tinham sobrevivido; as mulheres, as raparigas, os rapazes, as criancinhas mesmo eram poluídas  por horríveis estupros, com os aplausos frenéticos dos padres e dos monges - testemunhas e autores destas cenas monstruosas!
            Não se chamava inquisição, não. Mas era da mesma maneira o ódio de Roma, a perversidade da Igreja Católica, espalhada pela França, dominando, acusando, intrigando, condenando, massacrando... conforme fez a Joana D’ Arc, queimada viva, como feiticeira, em Rouen, depois de condenada por um tribunal a que presidiu o bispo de Beauvais!...

            A Tenda Máxima - Onde a Igreja de Roma encontrou campo bem aberto e largo, para o estabelecimento das suas tendas infernais; onde ela deparou com fartura de carne humana, para regalo das suas atrocidades, e onde viu luzir tesouro inexaurível da sua cobiça e das suas ambições insaciáveis, foi na Espanha.
            É verdade que a inquisição trazida para Espanha pelos primeiros inquisidores - os flagelos de Languedoc e da Provença - e estabelecida no reino de Aragão, não pode manter-se. Os inquisidores, confiados talvez em que todos os outros estados iam aderir sem discussão, não estiveram com meias medidas: logo aos primeiros casos, a sua conduta foi tal que, aliada à recordação de todos os furores eclesiásticos no Languedoc, deu como conseqüência a sublevação geral contra eles. Foi Castela e Toledo, Andaluzia, Salamanca, Zamora e Astúrias... E até o próprio Aragão acorda e se revolta. O povo riu-se das suas sentenças, arrombou as portas das prisões e deu liberdade às vítimas da inquisição. Não foram os inquisidores de todo expulsos. Sucedeu, porém, como se o tivessem sido!... Mas...

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