sexta-feira, 25 de março de 2011

18/50 'Crônicas Espíritas'





18CM

Meu caro padre Dubois:

            Depois de ter, com tanta minúcia e lógica, (como me disse um inglês) provado que nem Jesus nem o Espírito Santo podiam estar com a tal Sociedade de Auxílios Mútuos (que se intitula Igreja Católica), peço-lhe que me acompanhe e veja o que os Espíritos reveladores disseram a Roustaing, na “Revelação da Revelação”, a respeito do Cristo. 
Veja se ele desmerece por não ser por eles e por nós considerado Deus.
            “Jesus é um Espírito que, puro, na fase da inocência e da instrução, sempre dócil aos que tinham o encargo de guiá-lo e desenvolver, seguiu simples e gradualmente a diretriz que lhe era indicada para progredir; não tendo falido nunca, conservou-se puro, atingiu a perfeição sideral e se tornou Espírito de pureza perfeita e imaculada.”
            A pág. 327: que “Deus é só e único princípio universal, não divisível, que cria, mas não pela divisibilidade da sua essência: que Deus é uno; que “Jesus é um Espírito criado, que teve a mesma origem de todos os Espíritos, o mesmo ponto inicial de existência, que se tornou Espírito puro, de pureza perfeita e imaculada, sem haver falido jamais, Espírito cuja perfeição se perde na noite das eternidades, protetor e governador do vosso planeta, a cuja formação presidiu, levando-lhe a Humanidade à perfeição.
            E a pág. 366: “Que ensinos, além dos que decorrem naturalmente dos Evangelhos, vos podemos dar acerca da aparente vida humana de Jesus, dos atos da sua missão terrena?
            “Não o vedes praticando, sem cessar, a caridade sob todas as formas, atraindo a si, não os grandes e poderosos, mas os humildes e os desgraçados, pregando o arrependimento e multiplicando em torno de si as curas da alma e do corpo?
            “Homens, meditai com o coração nesses ensinamentos e não teremos necessidade de comentá-los. Acompanhai a Jesus com amor 
e em vós se desenvolverá a inteligência do amor.”
            Em todas as obras de Kardec e nos três volumes acima citados, 
só há conselhos e ensinos salutares, incitando-nos a perseverar no bem. 
Onde este, pois, o demônio que o clero apregoa?
            Agora, se o homem sem escrúpulos exploram o Espiritismo, 
o que é um fato, a culpa não é da doutrina.
            Que culpa temos nós que haja quem especule com a mediunidade ou pretenda possuí-la; quem aceite pagamento pelas receitas mediunicamente recebidas, ou mesmo imponha preço fixo por elas; ou que explorem os incautos nas sessões, ditas espíritas, 
que de Espiritismo só tem o nome?
            Para nós, e é da doutrina, deve dar-se de graça o que de graça se recebe, e a mediunidade é uma graça concedida a Espíritos falidos, como moedas que Deus lhes faculta para resgate de suas faltas, A doutrina é santa, porque ela é o verdadeiro Cristianismo e ai daqueles que servem de instrumento para lhe retardar o progresso.
            É o caso dado com muitos dos sucessores dos apóstolos. Usaram do Cristianismo nascente como meio de saciar seus desejos materiais, a posse de bens terrenos, 
a satisfação do orgulho com o galgar de altas posições.
            Quanto à pergunta sobre o Santo Lino, nada há de certo sobre ele e não parece ter sido tão santo como pensa o amigo, mas não há dúvida de que houve muitos homens de bem no papado e um dos últimos parece ter sido Clemente XIV, citado no seguinte trecho do livro “Do Calvário ao Apocalipse”, mediunicamente recebido de além-túmulo, 
do Dr. Bittencourt Sampaio:
            “Podeis abominar mesmo um dos vossos pontífices, Clemente XIV, que há dois séculos, compreendendo o falso rumo que levava a doutrina do Senhor, condenava a Ordem dos Jesuítas, esse núcleo de verdadeiras harpias que vão caladamente cravando as garras nas almas menos cautelosas, até chegarem aos seus fins – o poderio, a grandeza, o domínio sobre todas as consciências?
            “Há dois séculos, esse pontífice vidente, alma certamente desirmanada da vossa alma de hoje, desejara que a Humanidade, que os Espíritos que ele apascentava, conhecessem Jesus, não pelo bacamarte, pelo azorrague e pela fogueira, não por todos esses instrumentos que dilaceram as carnes, mas que conhecessem Jesus pela doçura, pelo amor, pelo perdão!”
            Eis mais alguma coisa sobre a qual se deve meditar.



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