por Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Outubro 1964
Podemos imaginar o sentimento sádico
com que foi ateado fogo nas obras espíritas. Não será excesso admitir que o
odor do papel carbonizado pode ter recordado aos inquisidores o cheiro acre de
carne humana queimada em nome de Deus, nas fogueiras que iluminaram principalmente
a Europa, advertindo os povos de que a liberdade humana continuava a sua luta
pela conquista integral de posições num mundo dito civilizado.
Este trecho da ata de execução,
transcrito em “Obras Póstumas” de Allan Kardec, é uma advertência permanente
para que todos os espíritas continuem ativos e vigilantes, orando pela evolução
dos espíritos trevosos que os acometem., em nome de Jesus, sem, entretanto,
seguir lhe a trajetória fraterna e redentora:
“Nesse dia, nove de Outubro de mil
oitocentos de sessenta e um, às dez horas e meia da manhã, na esplanada da
cidade de Barcelona, no local onde são executados os criminosos condenados ao
derradeiro suplício e por ordem do bispo desta cidade, foram queimados
trezentos volumes e brochuras sobre o Espiritismo, a saber: ‘O Livro dos
Espíritos’ por Allan Kardec, etc.”
A Sociedade da Livraria Espírita de França
ainda conserva, numa urna de cristal, “um pouco da cinza apanhada na fogueira,
onde se encontram fragmentos ainda legíveis de folhas queimadas”.
Felizmente, as coisas tem melhorado, embora
ainda, vez por outra, no interior, apareçam reminiscências inquisitoriais,
através de pressões a espíritas, de coações a casas kardecquianas, etc. Os
governos do Brasil têm, de um modo geral, procurado assegurar a todas as
religiões a liberdade de culto e propaganda que lhes é garantida pela
Constituição.
A História fixou o 9 de outubro de 1861 como
data que assinalou a fereza com que o Espiritismo era perseguido. Entretanto,
depois desse acontecimento, o Espiritismo cresceu na Espanha, até que a sua
expansão foi sustada por influências idênticas àquelas que inspiraram o 9 de outubro.
Não obstante, ele continua conquistando corações, porque nada consegue impedir
o triunfo da Verdade que, mais dia, menos dia, quebrará os diques que obstam a
sua expansão e se afirmará luminosamente nos lugares em que a intolerância está
mais fortalecida.
O que todos os espíritas devem fazer, em
bloco, é orar para que as barreiras cedam à pressão da Verdade, e esta, que é
como o Sol, brilhe para todos, a todos levando o conforto do seu calor, que é
vida, que é amor, que é esperança num futuro feliz.
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