por
Percival Antunes (Indalício
Mendes)
Reformador (FEB) Maio 1962
O Espiritismo, tal como o definem os Espíritos na codificação kardequiana, não será jamais uma religião sacerdotal, e muito menos profissional, dotadas de templos suntuosos e subordinada a encenações litúrgicas, incompatíveis com a humildade evangélica encontrável nos princípios do primitivo Cristianismo.
Desse modo, o Espiritismo é o refúgio de todos os que se sentem desamparados de justiça, de todos os que sofrem, de todos os que percebem a necessidade de orientar a vida terrena com as luzes da Espiritualidade Os sofredores, os humildes, os injustiçados, os preteridos, os esquecidos, encontram no Espiritismo o lenitivo de que precisam para vencer as suas dificuldades morais e os seus problemas espirituais.
Em suma, o Espiritismo mostra a nova
forma do verdadeiro Cristianismo, do Cristianismo do Cristo, e pode continuar
cumprindo sua missão educativa e corretiva no seio da Humanidade, levando luz
onde houver treva, água onde houver sede, pão onde a fome predominar, e paz onde
a dissidência estiver em ação.
Para que o Espiritismo possa
cumprir, como até hoje, sua alta missão, seus adeptos terão que repelir tudo
quanto seja capaz de deturpar ou comprometer a Doutrina dos Espíritos, a fim de
que ele não venha a sofrer no futuro o que sofreu o Cristianismo do Cristo,
cujos princípios foram falseados e não chegaram a influir positivamente na
formação moral dos homens.
Há na criatura humana a tendência natural
para inovar ou para acomodar-se a conveniências, ainda que à custa da
desnaturação de ideias, doutrinas e programas. Alguns querem correr demais,
outros não querem correr mais. Uma doutrina, como a espírita, não há
necessidade de inovações nem de estagnação. Tudo está perfeitamente determinado
e previsto. Basta que a doutrina seja exemplificada como é preciso, para que
tudo corra bem.
A Doutrina Espírita não é obra
humana. Diz o Codificador na “Introdução” de “O Livro dos Espíritos”: “A
Doutrina dos Espíritos não é de concepção humana. Foi ditada pelas próprias
Inteligências que se manifestaram, quando ninguém disso cogitava, quando até a
opinião geral a repelia.”
O Espiritismo expande-se pelo mundo e, para
alegria nossa, o Brasil constitui o bastião do movimento espírita mundial. É
que a Doutrina dos Espíritos não necessita de adaptações, pois a Humanidade é
uma só, em qualquer parte da Terra. Além disso, é da própria natureza da
Doutrina o possuir enorme elasticidade e capacidade de adaptação, sem perigo de
serem constrangidos ou feridos os princípios essenciais em que ela está
erigida.
Importa, porém, que todos os
espíritas compreendam, aceitem e prestigiem essa maravilhosa maleabilidade que
assegura a eternidade dinâmica da nossa Doutrina.
Nosso dever é pensar e agir de modo
a evitar se instalem no Espiritismo os preconceitos sectários, o fanatismo, o
farisaísmo, o misticismo mórbido, a passividade suicida, a aquisição de hábitos
e práticas trazidas de outros credos, o intelectualismo fofo e estéril, além do
personalismo e da presunção de onisciência. Precisamos ser cada vez mais
humildes, cada vez mais convencidos de que nada somos, nada sabemos e nada
podemos alcançar sem que estejamos sendo fiéis, assim a teoria que na prática,
às determinações da Doutrina.
O espírita só o é mesmo quando
conhece e exemplifica a Doutrina, mantendo-se humilde, fraterno, prestativo,
sereno, tolerante, ativo e trabalhador, mais apto a perdoar do que a punir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário