O Romance da Evolução
por Martins Peralva
Reformador (FEB) Janeiro 1966
Podem Espíritos encarnados reunir-se em certo número
e formar assembléias?
Sem dúvida. Os laços antigos ou recentes, da amizade,
costumam reunir desse modo diversos Espíritos,
que se sentem felizes de estar juntos. (De "O Livro dos Espíritos").
A nossa preocupação, bem humana, portanto compreensível, de não perdermos de vista os nossos entes queridos, nem de sermos perdidos de vista pelos que nos amam, leva-nos, algumas vezes, a meditar sobre os problemas resultantes das separações pela morte, isto é, pela desencarnação, na linguagem espírita.
A mãe que parte no rumo do Além, cumprida sua missão na Terra, vem a "perder de vista" o filho amado, que permaneceu no mundo e vice-versa?
Noivos, esposos, irmãos, amigos e parentes separam-se em definitivo, pelo Espírito, após a destruição do corpo físico?
NÃO - eis a resposta da Doutrina Espírita. Resposta inconcussa, clara, indisfarçável...
O contato permanece, o intercâmbio continua, nos domínios do Espírito, pelo prodígio do pensamento que é um fio magnético a ligar os seres, seja pela presença invisível, no lar ou em qualquer parte, seja pelo comparecimento às reuniões mediúnicas ou, mesmo, durante o sono, quando se verificam as chamadas "visitas espíritas entre pessoas vivas", a que alude "O Livro dos Espíritos".
***
E, quando esta mãe reencarna, e se enclausura noutro corpo, chegam-lhe ao santuário do coração as vibrações amorosas e as preces reconhecidas do filho amado, também encarnado?
O estado de reencarnado de quem ficou e a imersão nas correntes da vida física de quem havia partido, constituem obstáculo à continuação do convívio, impedem as permutas afetivas?
TAMBÉM NÃO - eis a resposta da Doutrina Espírita.
Allan Kardec estudou muito bem o assunto, através de minuciosas questões propostas aos Espíritos que o instruíram durante o trabalho missionário da Codificação do Espiritismo.
"O Livro dos Espíritos", no seu capítulo VIII - Da emancipação da Alma -, lança tão copiosos jatos de luz sobre o assunto que as mais arraigadas dúvidas, as mais ferrenhas vacilações, neste sentido, tendem a desmoronar-se, integralmente, por inconsistentes.
Quando o corpo repousa, após as labutas cotidianas, o Espírito não permanece de bom grado no seu envoltório corporal, segundo a questão proposta por Allan Kardec.
O sono liberta parcialmente a alma do corpo - esclareceram os Espíritos ao eminente Codificador da Doutrina.
Então - oh maravilha de consolação para quantos nos encarceramos, temporariamente, no casulo físico! - desprendem-se do corpo os encarnados, que dormem, para o reencontro com os seres amados, mães e filhos, noivas e noivos, esposos, irmãos, amigos e parentes, para a formação de alegres assembléias, na Espiritualidade, onde saudosas tertúlias recordam vivências afetuosas e construtivas experiências que representam valiosos suprimentos para todos os calcetas da carne.
Tomamos a liberdade, muito fraterna e despretenciosa, de encaminhar a curiosidade de companheiros que vacilam sobre este assunto - possibilidade de os encarnados reencontrarem-se no Plano Espiritual, durante o sono - para o capítulo em referência, estudando-o da questão 400 á 418, detendo-se, especialmente, na pergunta 417.
E estamos certos - absolutamente certos - de que, reconfortados e felizes, continuaremos, eles e nós, a bendizer o Espiritismo - Doutrina que luariza de esperança a noite de nossas vidas, na definição sublime de Léon Denis, por nos haver chegado ao sentimento e à inteligência, por recurso de fortalecimento na jornada redentora, onde escrevemos, instante a instante, o Romance da Evolução.
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