quarta-feira, 14 de julho de 2021

A Reencarnação - Capítulo 2 - "O Destino da Alma"

A Reencarnação

- estudo sobre as vidas sucessivas."

Capítulo 2 – O destino da alma 

 por Aurélio A. Valente 

Editora: Moderna - Ano: 1946

Biblioteca Espírita Brasileira


           É possível que o leitor incrédulo, fortemente impregnado de ideias materialistas, sorria e diga: “foi infeliz com a sua dialética, nada conseguiu provar”. É natural. O pior cego é aquele que não quer ver. Os vícios, as tradições, o ceticismo, são como as raízes das árvores, quanto mais velhas e profundas mais difíceis de arrancar, e quando o conseguimos a terra fica revolta e cheia de grandes covas. 

           Há mil coisas que o homem nega por não compreender, mas, nem sempre por isso ela deixa de existir. Negar e ridicularizar sempre foi mais fácil do que observar, analisar e demonstrar, e isso justamente é o que fazem os inimigos do progresso, defensores do obscurantismo da humanidade. 

           É bem triste dizer-se que tudo quanto tem distribuído para o bem e progresso dos homens, suportou e tem suportado o combate do clero e daqueles que se consideravam e se consideram sábios. É até uma ironia do destino vermos materialistas e espiritualistas unirem-se para um combate comum, no qual usam as mesmas armas, empregam os mesmos recursos, servem-se dos mesmos argumentos e meios, desde os leias até os mais ignóbeis. 

           Edward Jenner, sábio inglês, descobridor da vacina contra a varíola, um dos grandes defensores e benfeitores da humanidade, foi alvo de sarcasmo, perseguições e ameaças de expulsão da sociedade dos médicos. O clero do alto do púlpito disse que a vacina contra a varíola era arte diabólica. Afirmou que “as crianças vacinadas ficavam com rosto bovino, que tinham abcessos na cabeça indicando o lugar dos cornos, e que a fisionomia gradualmente se transformaria na de uma vaca e a voz em mugido de touro.” Camile Flammarion, o célebre astrônomo francês, conta-nos o seguinte no seu livro “O Desconhecido e os Problemas Psíquicos”: “Assistia eu, certo dia, a uma sessão na Academia de Ciências, dia esse de hilariante recordação, em que o físico Du Moncel apresentou o fonógrafo de Edison à douta assembleia. Feita a apresentação, pôs-se o aparelho docilmente a recitar a frase registrada em seu respectivo cilindro. Viu-se então um acadêmico de idade madura, de espírito penetrado, saturado mesmo das tradições da sua cultura clássica, nobremente revoltar-se contra a audácia do inovador, precipitando-se pelo pescoço, gritando: “Miserável, nós não seremos ludibriados por um ventríloquo”. Senhor Bouillaud chamava-se esse membro do Instituto. Foi isso a 11 de Março de 1878. Mais curioso ainda é que seis meses após, a 30 de Setembro, em uma sessão análoga, sentiu-se ele muito satisfeito em declarar que, após maduro exame, não constatara no caso mais do que simples ventriloquia, mesmo porque “não se pode admitir que um vil metal possa substituir o nobre aparelho da fonação humana”. Segundo esse acadêmico o fonógrafo não era mais do que uma ilusão acústica. 

           O respeitável Lavoisier, tão acatado e estimado, não ficou livre da pretensão científica, dirigindo um relatório à Academia de Paris para demonstrar que não podem cair “pedras do céu”, negando assim a existência dos bólides!! 

           Felizmente, para honra da ciência e glória dos sábios probos, aparecem sempre homens de coragem moral que não vacilam em afrontar o ridículo, a ignomínia por amor à verdade. Entre estes avulta a figura venerável de William Crookes, que escreveu, com a simplicidade e sinceridade de um verdadeiro homem de bem, tudo quanto havia observado durante vários anos de investigações. Quando ele, começou os seus estudos psíquicos, todas as vistas voltaram-se para ele, confiando na sua honestidade, isso porque esperavam que em tudo ele encontrasse embuste, mas, como ele enfrentou a opinião dos intolerantes que afirmam sem ver, atacaram a sua boa fé e até a sua integridade mental já que a sua probidade era invulnerável. 

           O historiador Bonnemère disse: “Eu também ri dos fenômenos espíritas, mas o que eu considerava o riso de Voltaire, não passava do riso do idiota, muito mais comum que aquele.” 

           O célebre professor Lombroso, cuja crença no Espiritismo tem sido contestada por quem não acompanha o movimento da Nova Revelação, escreveu em 25 de Junho de 1891, ao Sr. Ernest Ciolf, uma carta da qual extraímos o seguinte trecho: “Estou confuso e pesaroso de ter combatido com tanta persistência a possibilidade dos fatos chamados espíritas, digo fatos porque me oponho à teoria.” 
          
          Lembrando novamente Edward Jenner, queremos aludir ao anatomista John Hunter que, depois de ouvi-lo sobre a vacina, disse-lhe esta frase lapidar: "Não pense, mas experimente, seja paciente e exato".

           O Espiritismo é Religião-Ciência e por isso não pode e nem deve ser adotada antes de estudada e bem compreendida. 

           A humanidade lembra uma frondosa árvore frutífera. Na estação própria floresce e os insetos alimentando-se do mel vão inconscientemente auxiliando a fecundação. De milhares de belas e perfumadas flores, nascem milhares de frutos, que vão crescendo cada um de acordo com a maior ou menor porção recebido, o orvalho da madrugada e os raios de pólen recebido, o orvalho da madrugada e os raios do astro-rei. Desses inúmeros frutos não encontramos dois iguais em tamanho, coloração e término do desenvolvimento e maturação. Uns pecam, alguns se atrofiam, outros são devorados pelas pragas, mas a grande maioria chega ao termo. Os homens são assim, não recebem todo ao mesmo tempo a luz da sabedoria divina. Cada um tem a sua vez, na razão direta do esforço próprio. Nem todos têm igual capacidade, nem idêntica compreensão e conhecimentos. Enquanto uns se dedicam a um ramo da ciência, outros detestam-no e procuram outra que lhes seja menos difícil. De quem não entende de aritmética, não se exige a solução de um problema algébrico. Como pois querer que todos quanto nos cercam aceitem o Espiritismo? Porventura tem todos o entendimento amadurecido para saber observar, analisar, raciocinar e por fim aceitar a Verdade? 

           Sejamos portanto ignorantes para com os céticos quando sinceros e desejosos de conhecer a Verdade, sem contudo perder tempo com discussões estéreis, todavia, vergastamos sempre os hipócritas, porque esses o meigo Jesus não teve uma palavra de carinho. Ele os chamava raça de víboras e verberava o procedimento deles, porque “não entravam nos céus nem deixavam os outros entrarem”. É possível que estas palavras não pareçam muito caridosos, entretanto, se considerarmos os males que eles têm causado à humanidade, não vemos razão para tantos panos quentes. O que não devemos em hipótese alguma é imitar lhes os processos nos momentos de rebater as suas investidas, pois seria contrário à conduta do verdadeiro espírita-cristão. 

           Deixemos que aquele que não aceitam a existência da alma e a sua imortalidade continuem com as suas ideias, porquanto com a exposição dos fatos adiante enumerados e analisados ele terão a sua fortaleza abalada. 

           Qual será o destino da alma após a morte? Qual a sua situação depois de desprender-se do corpo? Eis o que tentaremos demonstrar. Irá para o céu? Para o inferno? Para o purgatório? Ou acabará como a luz de uma vela? A alma voltará ao fluido universal, ao éter, integrando-se no Grande Todo, perdendo a sua personalidade como ensinam os panteístas? 

           Quem quer que estude a história dos povos, desde a mais remota antiguidade até aos nossos dias, terá a sua atenção atraída para a crença na vida de além-túmulo, tanto afirmada pelos bárbaros como pelos civilizados. 

           Se isso não tivesse um fundo de verdade, não atravessaria os séculos resistindo à luz d evolução, nem aos implacáveis combates dos homens compenetrados da sua sabença (conhecimento), dos incrédulos por conveniência e dos que a si mesmos denominam de espíritos fortes. Esses infelizes pretenciosos só arrotam jactância enquanto a vida lhes corre bem, mas quando a adversidade, bate-lhes à porta ou veem-se diante de uma tempestade, é engraçado vermos como se mostram alarmados e pusilânimes. São os primeiros a invocar o nome de Deus e manifestar desejo de orar. Os verdadeiros espíritos fortes são os que tem a consciência tranquila, fé na Providência Divina e na imortalidade da alma. Durante a nossa peregrinação pelo nossos amado Brasil, tivemos a oportunidade de constatar esta verdade. No nordeste soubemos de casos bem interessantes a respeito do pavor que uma trovoada infundia aos famigerados cangaceiros e é notável vermos que os déspotas em todas as esferas sociais se acordavam sempre que contam apenas com a sua própria pessoa. 

           Nenhum povo por mais rudimentar que fosse a sua inteligência deixou de acreditar na vida depois da morte. As suas tradições, hábitos e religiões o atestam de modo insofismável. 

           A divergência consiste somente no modo de prejulgar o modo de vida e a situação da alma ao deixar o seu envoltório material ou o corpo. 

           O melhor meio de compreendermos o mundo espiritual é equipará-lo ao visível e material em que vivemos. Aqui todos nós gozamos a liberdade de agir, temos as nossas tarefas a desempenhar, as nossas obrigações, deveres a cumprir, momentos de alegria e de dores, alternativas de ventura e adversidade, logo, nada mais natural que julguemos o mundo espiritual um reflexo do nosso. 

           A morte não nos concede a sabedoria nem a bondade angélica. 

           A transição operada pela morte é semelhante à nossa mudança neste mundo, de uma cidade para outra. Ao empreendermos a viagem levamos toda a nossa bagagem de conhecimentos e o patrimônio moral que acumulamos. Na nova localidade vamos modificando os nossos pensamentos e costumes para uma adaptação ao meio, sem contudo abdicar das nossas arraigadas convicções, a fim de vivermos com satisfação. 

           Aqui como lá, a saudade, esse sentimento de amor que não é só o apanágio dos bons, conduz a alma continuamente ao local abandonado, daí a influência exercida pela mesma sobre aqueles que com ela conviveram, nos momentos felizes, como nas ocasiões trágicas e amargas. 

           Antes de expormos as nossas ideias, passemos em revista os ensinos da Igreja Católica, visto como a grande maioria dos espíritas são egressos desse partido político. Ao nos referirmos à Igreja Católica preferimos dizer “Romanismo” por melhor se aplicar o termo, pois Cristianismo é coisa inteiramente diferente, e que não se deve confundir com nenhuma religião ou seita dele derivada.

           Cristianismo é o Evangelho de Jesus, explicado em espírito e verdade, isento de todos os enxertos e dogmas que a conveniência humana e a interesseira classe clerical adotaram para satisfação própria. Romanismo é coisa inteiramente diversa. Segundo a acertada asserção de Rui Barbosa: “O Romanismo não é uma religião, mas uma política, a mais viciosa, a mais sem escrúpulos, a mais funesta de todas as políticas.” ("O Papa e o Concílio").

           Diz o Romanismo que há três lugares destinados às almas dos homens: Céu, Inferno, Purgatório. 

           O Céu, região localizada no alto das nossas cabeças, onde brilham as estrelas, é o lugar dos eleitos, dos justos e dos arrependidos que se confessam na hora da morte, seja premidos pelo pavor do nada, do desconhecido, seja pelo remorso, seja ainda pelo desgosto de haver errado. Há portanto, para vidas diversas do primeiro ao último ano de existência igual compensação. 

           O Inferno, no fundo da Terra, é o covil de todo os pecadores, de todos os criminosos e excomungados pela Igreja de Roma, e ainda daqueles que, mesmo desejando, não se confessaram na hora extrema da vida. 

           Purgatório, região não definida, é o abrigo da legião dos que são acusados de pequenas faltas. Aí permanecem purificando-se até expiarem completamente todos os erros e merecerem a mansão celestial ou o inferno, se se revoltarem contra a sua situação.

           No Céu, as almas ficam em estado de adoração perpétua, prosternados diante do trono divino, no gozo da sublime e suprema felicidade, ao ponto de esquecerem por completo tudo que deixaram neste mundo de dores e sofrimentos sem conta. 

           A ser verdade, deixaria de ser, segundo pensamos, o local da verdadeira felicidade, porque a suprema ventura transformaria todos os espíritos em simples egoístas. A fortuna faria uma mulher boa, amorosa e meiga esquecer os filhos, o esposo, a mãe, o pai, os irmãos, extinguiram-se assim os sagrados laços da família. Uma pessoa bondosa que deixasse na Terra um filho paralítico, idiota, destituído de amparo, tinha que abandoná-lo sem remissão para só cuidar da sua própria graça e adorar somente a Deus, que se assemelharia a esses sobas terrenos que se ufanam e vangloria com o rastejar de todos os bajuladores que os cercam. Os entes de elevados sentimentos que iniciaram obras de assistência social, que se identificaram com os seus protegidos, teriam também que desprezar todo pensamento terreno para não prejudicar a sua própria satisfação de gozo celestial. Se nós condenamos o egoísmo sob todos os seus aspectos, como poderemos entender um céu de gente que só cuidasse de si? Não, esse céu... deve ser... um inferno!!! 

           O Inferno, refúgio dos malandros, criminosos, pecadores de toda espécie, reino da legendária figura de Satanás, é destinado a agravação dos sofrimentos por que passaram na Terra as almas infelizes. Nesse lugar horrível, não há descanso. A cada instante um demonio tenta as almas e condena-lhes os sofrimentos e dores com castigos terríveis, que a imaginação fanática do clero pinta para apavorar os fiéis. Muitas vezes, os quadros horríveis descritos do alto do púlpito pelos sacerdotes, tem contribuído para pessoas ingênuas adoecerem dos nervos para toda a vida. 

           Se o clero ensinasse apenas a existência desses dois lugares, não poderia subsistir por falta de meios, pois, dizendo que o Céu era o local da bem-aventurança perpétua e quem lá entrasse gozaria de felicidade sem limite, ao ponto de esquecer tudo na Terra desventurada, mesmo os entes mais caros, claro está que de nada serviriam para elas as nossas preces, os nossos rogos, as nossas súplicas e lágrimas. Quanto ao Inferno logicamente estariam as almas no mesmo caso. Quem lá entrasse ficaria castigado eternamente. Nada arrancaria um infeliz do inferno; deste modo, para que serviriam então as rezas, as ladainhas, as missas e tudo quanto a ingenuidade casta poderia inventar?

          O Romanismo então criou mais uma região intermediária: o Purgatório – verdadeira estação de águas – para as almas pecadoras purificarem-se da biliosidade da imperfeição moral e do atraso intelectual. O Purgatório passou a ser quase que o abrigo de todas as almas, mesmo das consideradas mais piedosas, porque teriam talvez, quem sabe? Algum pecadozinho em pensamento e tiveram vergonha de confessar!! 

           E assim, a dúvida, sempre a dúvida que é o tormento maior da humanidade, concorre para que a renda das preces não diminua. 

           Mas... a ciência, com a sua curiosidade sempre insaciável e a sua ânsia de investigação, foi levantando o véu da ignorância dos homens e demonstrando-lhes que a Terra não era o centro do universo, que era redonda e girava em volta do sol, e assim, não havendo alto nem baixo, o Céu, o Inferno e o Purgatório foram desalojados, sendo agora bem difícil arranjar novos pontos de fixação, pois a ciência irá logo verificar a sua exatidão.

           Esses lugares existem, sim, mas como alegoria, ensina o Espiritismo, pois o Céu, o Inferno e o Purgatório estão, com a própria alma, na razão direta da sua evolução e grau de pureza espiritual. Ao dizermos que alguém vive num céu aberto, por causa da ventura que usufrui, afirmamos uma verdade, do mesmo modo que dizemos que uma pessoa vive num inferno, quando queremos nos referir aos tormentos de toda espécie que a afligem. 

           O Espiritismo não determina um lugar certo para alma, seja na Terra, no espaço ou em outro planeta, pois se aqui, quando ligada ao corpo, ela tem liberdade de ação, porque deixaria de gozá-la após a morte? O Espírito após desprender-se de laços que o prendem ao corpo, continua a viver com relativa liberdade, e arrasta consigo a bagagem de conhecimentos adquiridos e grau de pureza conseguidos, assim, terá consigo mesmo o céu e o inferno, conforme a sua consciência. 

           O Espiritismo vem lançar novas luzes sobre os ensinamentos de Jesus. Ele disse que nenhuma das suas ovelhas deixaria de ser salva. Jesus, recomendando a Pedro que perdoasse a seu irmão, não sete vezes, mas, setenta vezes sete vezes, faz-nos compreender que a Infinita Bondade do nosso Pai Celestial será sempre pronta para acolher a alma do pecador, e como se isso não bastasse, Ele apresentou em outra oportunidade a sublime parábola do Filho Pródigo. 

           A alma, ao deixar o corpo material após a morte não comparece perante nenhum tribunal. Ela mesma se julga, porque sente a angústia de ver, como numa fita cinematográfica, passarem diante de suas vistas todos os atos da sua vida, fazendo-a recordar com mais intensidade s mais importantes, que contribuíram para a felicidade e a desventura dos seus semelhantes. Os que foram por ela beneficiados são vistos elevando as preces a Deus num preito de gratidão, e os que foram prejudicados, desonrados e maltratados são observados a clamar por Justiça e os seus pensamentos maus, oriundos da revolta, causam-lhe tormentos sem termos. A pouco e pouco as vítimas se aproximam e os seus gritos, as suas arrogantes lamentações enchem-na de pavor, quer fugir e não pode. Para todo lado que lança o olhar está uma vítima. Daí então nasce o arrependimento, o desejo de reparar o mal praticado. Aquele que, na ânsia de enriquecer espoliou viúvas, órfãos, incautos pais de família, que lançou muita gente na miséria, sofre a visão contínua das privações horrorosas de que foi causador. A fome, a nudez, o suicídio, o assassínio, tudo, enfim causa-lhe tal horror, que ele começa a imaginar um meio de resgatar todo mal praticado. Mas como, se não tem mais corpo, se não pode voltar novamente à Terra para restituir o seu ao seu dono? Que tormentos indescritíveis sobre o espírito, ao ver que tudo quanto acumulou com as espoliações de outrem, está sendo objeto de disputas sem conta dos herdeiros? Tudo isso não será um verdadeiro inferno? Nesse momento, então, quando o arrependimento sincero faz aparecerem as lágrimas, o seu desvelado anjo guardião se aproxima bondosamente e explica-lhe a sua verdadeira situação e diz-lhe que tudo pode ser reparado numa nova vida, em um outro corpo. Na nova existência terá de trabalhar por todos quantos prejudicou. 

           Os Apóstolos tinham conhecimento da volta do espírito a este mundo para resgate dos seus pecados, o que se evidencia por esta passagem da vida de Jesus, segundo o Evangelho de João:

           “Passando Jesus viu um homem que era cego de nascença e seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou para que ele nascesse cego, ele o os pais dele? Jesus respondeu: Nem ele e nem os pais pecaram, mas foi para que se manifestassem nele as obras de Deus.” (Cap. 9, vv. 1 a 4).

            Mais edificante ainda é o encontro de Jesus com Nicodemos: 

           “Ora havia um homem dentre os fariseus, chamado Nicodemos, um dos principais dos Judeus. Este veio a Jesus, à noite, e lhe disse: -Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus como mestre; porque ninguém pode fazer estes milagres que tu fazes, se Deus não está com ele. Respondeu Jesus e lhe disse: - Na verdade, na verdade te digo, não pode ver o reino de Deus senão aquele que renascer de novo. Nicodemos lhe disse: -Como pode um homem nascer de novo sendo velho? Porventura pode entrar no ventre de sua mãe, e nascer de novo? Respondeu Jesus: - Em verdade te digo, quem não renascer d água e do Espírito Sano, não pode entrar n reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do espírito é espírito. Não te admires de te haver dito: precisais nascer de novo. O espírito sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde vem nem para onde vai, assim é todo aquele que é nascido do espírito. Respondeu Nicodemos e lhe disse: Como se pode fazer isso? Respondeu Jesus e disse-lhe: Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo, nós dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos: e vós com tudo isso não aceitais o nosso testemunho. Se quando tenho falado nas coisas terrenas não me credes, como creiais vós se vos falar nas celestiais? (João, Cap. 3, vv 1 a 12). 

           Na Índia, talvez, como freio aos crimes, os sacerdotes ensinavam às massas que as almas dos culpados voltavam à Terra encarnados em corpos e animais inferiores, como castigo. Esse ensino é designado de metempsicose. 

            O Espiritismo não admite esta crença porque a alma não retrograda, progride sempre, estaciona, mas nunca recua. Segundo a revelação dos espíritos, a alma evolui através de todos os reinos da natureza até alcançar a humanidade, onde faz a sua ascensão para Deus, em busca da perfeição, sem contudo chegar a igualá-lo. 

           Se harmonizarmos a teoria de Darwin, da evolução da matéria com a do Espiritismo, da evolução do Espírito, teremos dado um grande passo em prol da verdade. 

           Para um estudo aprofundado sobre o assunto recomendamos ao leitor a notável obra de Gabriel Delanne: “A Evolução Anímica”. 

           Logo que a alma atinge à razão, que passa a evoluir entre os homens, a sua liberdade começa a ser ampliada. De início, ela não tem a faculdade de escolher as suas novas vidas, nem dispor a seu talante de tudo, assim como não deixamos as crianças fazerem tudo que desejam. Elas são por nós orientadas, quer na alimentação, como nos vestuários, nas escolas a frequentar, na escolha das profissões, até alcançarem a madureza para agirem por si mesmas. 

           Cada alma tem um mentor –cujo guardião – que a orienta, instrue, educa, deixando-a pouco a pouco livre, até adquirir a iniciativa de tudo, a fim de conquistar pelo livre arbítrio o próprio mérito e responsabilidade de todos os seus atos.

            A evolução da alma através de todos os reinos da natureza é uma consequência lógica da Infinita Justiça de Deus. É certo que a ciência materialista de Darwin como a teoria do Espiritismo, não apresentam como prova os seres intermediários, que estabelecem as ligações de uma para outra série, porém, quando Jesus disse que havia muitas moradas na casa do Pai, naturalmente referia-se a esses outros lugares onde se podia viver. E esses lugares o nosso raciocínio afirma que são os outros planetas. Seria possível que a Terra – ponto perdido no espaço – fosse o único planeta privilegiado para possuir viventes? Não. A lógica não pode admitir isso. O erro consiste em suporem os homens que as condições de vida são as mesmas. Tal não pode acontecer. A nossa alma passa de um planeta para outro de acordo com as necessidades do seu progresso, e naturalmente terá de submeter-se a uma adaptação prévia, em corpos apropriados à vida de cada astro. Desta forma, nada mais natural que admitir como verdadeiro a Revelação dos espíritos quanto à divisão e classificação dos astros em mundos de felicidade para a morada das almas já evoluídas, mundos de expiação para as almas em sofrimentos atrozes, mundos de repouso destinados às almas trabalhadoras haurirem novas forças para novas conquistas, e assim, uma infinidade de planetas, cada um servindo à maravilhosa obra da natureza, de conformidade com a sua constituição física. 

          Camille Flammarion escreveu uma obra interessante sobre a pluralidade dos mundos habitados e, segundo ele próprio afirmou, foi Allan Kardec quem lhe sugeriu e induziu a esse transcendente estudo. 
   
           A teoria panteísta, segundo a qual a alma volta ao Grande Todo depois de abandonar o corpo material, não é digna de nossa atenção neste livro. Ela destrói-se por si mesma e bem infeliz seria a humanidade se ela conquistasse o coração dos homens. Essa doutria é profundamente nociva porque tira de cada ser a responsabilidade de todos os atos, pois a alma, sendo absorvida pelo Grande Todo, deixaria de receber o castigo ou o galardão merecido. 

           O estudo do destino e situação da alma depois da morte do corpo é vastíssimo e apresenta problemas bem difíceis de resolver, especialmente para o Romanismo dominante e único pensador da humanidade cristã. Assim é que aparecem almas que não podem ir para o céu, nem para o inferno e muito menos para o purgatório. Nessas condições estariam as das criancinhas mortas sem batismo, muito embora os pais fossem piedosos católicos. 

           Um ente que não praticou o bem nem o mal, não chegou a ter conhecimento da vida, como flores que fenecem sem chegar a dar frutos, que não teve o desabrochar do entendimento, como poderia ser enviado para um desses lugares? Mereceria o céu? Que fez para merece-lo? Para o inferno? Que pecado cometeu? Para o purgatório? Que pequena falta precisa reparar? Mistério!! 

           Mas a fértil imaginação do clero criou mais um lugar: o limbo, também indefinido do mundo, onde seriam acolhidas todas as almas das criancinhas pagãs, que por circunstâncias várias não receberam o sacramento do batismo. Nesse lugar as almas dos inocentes deveriam ficar até o dia do juízo final, estacionadas, incubadas como micróbios no corpo humano, durante séculos. Triste irrisão! Quem não tem crime nem falta porque deve ficar durante séculos por um julgamento?! Comparecer perante um tribunal para quê? Porque razão se não há mancha? O pecado original? Alguma falta dos pais? E na Terra não há entre os povos civilizados tribunal algum que condene os filhos pelos crimes dos pais e nem estes pelos daqueles, como, pois, Deus, infinitamente Bom, faria semelhante absurdo? Não, não era possível para a razão, mas... o Romanismo impunha, havia de ser aceito. 

           Anos depois, com o descobrimento da América, um novo problema surgiu. As terras do novo continente eram habitadas por homens estranhos que viviam no meio das selvas demonstrando inteiro desconhecimento do que se convencionou chamar de “civilização”. 

           A Igreja de Roma apesar da lenda que criou em torno de si mesma, de conhecedora de todos os segredos da natureza, possuidora de toda a sabedoria, tendo segundo a Bíblia verificado a dispersão das raças pela Terra após o dilúvio, pela posteridade de Noé, ficou em situação crítica para explicar de que descendência eram os índios? Filhos de Sem? De Caim? De Javé? E em quanto discutia-se nas sacristias, considerava-se esses habitantes do novo mundo como simples animais. Depois de vários anos de sérios e profundos estudos, em 2 e junho de 1537, o Papa Paulo II declarou, por uma bula, que os índios da América eram homens!!! 

           Com estas criaturas transformados em entes humanos estava o problema a resolver. Qual a situação das suas almas depois da morte? Qual a situação das mesmas uma vez que não adotaram o Romanismo por não o conhecerem? Deram-lhes então semelhança de criancinhas; iriam para o limbo também.

           Tudo isso é a consequência da errada concepção de uma vida única, da criação de uma nova alma para cada novo corpo. 

           Numa vida única, é inteiramente impossível a qualquer pessoa adquirir um completo desenvolvimento intelectual, o conhecimento de todas as ciências, como alcançar um alto grau de elevação moral. Mesmo uma criatura predestinada, dotada de dotes privilegiados de inteligência e coração, não atingiria o cume do saber, nem conquistaria a auréola dum santo. 

           A terra em que se vive, o meio ambiente, a sociedade que nos cerca, o modo de vida, a profissão, as alegrias, os desenganos, a família, tudo, enfim, apresenta características tão diversas que nenhuma regra pode ser estabelecida e firmar-se em base sólida. 

           Vemos pais conceituados, probos, virtuosos terem como filhos pessoas de índole má, idiotas, transviados, de sentimentos contrários aos dos seus progenitores; mães de família, verdadeiras santas, darem à luz a messalinas (prostitutas), ou debochadas serem mães de verdadeiros anjos; donzelas meigas, castas de sentimentos nos antros de perdição, como essas flores lindas e perfumadas que aparecem no lodo como a desviarem a nossa atenção da podridão. E assim, iríamos num contínuo de citações sem fim, propondo novas comparações. 

           Não, não nos parece possível coadunar “uma vida única” com a Infinita Bondade e Justiça de Deus, porque seria povoar o mundo de privilegiados e predestinados.

           Nós voltamos à Terra muitas vezes, tantas quantas sejam necessárias ao nosso aperfeiçoamento intelectual e moral, a fim de conquistar o direito de uma existência num mundo melhor, superior, onde a luta pela vida não seja tão árdua e o sofrimento o aguilhão do progresso.

           As almas são criadas todas iguais, pois, só assim a nossa razão pode compreender a Justiça Divina. Na sua evolução, através de todos os reinos da natureza, durante um período de séculos, a alma tem alternativas de quedas e ascensões, de progresso e estacionamento, de submissão e rebeldia às leis do Senhor, e daí essa incoerência que julgamos ver em tudo no mundo.

          A alma é a única culpada da sua própria situação, e´a única responsável pelo que lhe acontece, mas a nossa pobreza de sentimentos leva-nos a cada instante a procurar nos outros a causa dos sentimentos. "A cada um será dado de acordo com as suas obras" foram as palavras do nosso amado Mestre Jesus, e disse ainda que: "Só entra´ríamos no reino dos céus de pois de pago o último centil."

           Emancipados como nos achamos - graças a Deus - e à Luz do Espiritismo, há longos anos do credo Romano, não nos lembramos mais onde a Igreja colocou as almas dos alienados e dos velhos senis.  O problema é assaz melindroso de solucionar, pois não é fácil harmonizar a Justiça Divina com o desejo o assentimento das fampilias católicas, especialmente as carolas e ricas, capazes, portanto, de mandar rezar missas com grande instrumental e velas de libra e meio. Não há dúvida que é sumamente difícil dar a essas almas um destino que seja hoje bem compreendido e aceito pela humanidade melhor esclarecida do que a dos séculos passados. É o caso dizer-se: a Igreja Romana anda louca para colocar os loucos!!

           Segundo o Espiritismo, não se luta com grande embaraço para explicar que a doença é da alma, refletindo-se no corpo. Não da falta de razão porque a doença a alma nunca a perde, mas da falta de m instrumento sadio e capaz para o seu uso integral.

           Os loucos são almas que ficam num estado de completo esquecimento das coisas, ou embotados, sob a ação de seus inimigos ocultos ou em consequência do seu próprio remorso, e nos momentos de emancipação, em que vislumbrem a luz fugidia da verdade, como um relâmpago em noites tumultuosas, elas acabrunham-se horrivelmente de sua situação.  

           Os senis sofrem muito, porque os seus espíritos, nos momentos de liberdade - o sono - ao passar em revista os acontecimentos do dia, reconhecem o ridículo que cerca as suas pessoas na Terra.

           Quanto aos alienados, precisaríamos fazer um estudo especial a seu respeito, visto como é necessário distinguir os verdadeiramente loucos, dos idiotas, dos maníacos, daqueles que são vítimas de perseguições temporárias do além - os obsidiados e possessos. Há os portadores de lesões e também os que tem o cérebro perfeito, mas que apresentam todos os sintomas mórbidos da loucura. Como explicar isso? Toda doença tem a sua sede no espírito.

           A doença é um desiquilíbrio das vibrações do espírito com as funções do corpo. Para haver saúde é imprescindível que ambos estejam em completa harmonia.

           A hipocondria é mais devida à alma que à constituição física do corpo, e tanto assim que é fácil notar que os aborrecimentos dos biliosos precedem sempre as crises hepáticas.

           Seria bem interessante abordarmos o assunto, mas o que temos em vista neste capítulo é conhecer o destino da alma, e no momento, a situação dos alienados e senis.

           Os loucos adquirem a lucides ao deixarem o corpo com a morte. Verificm que a causa da moléstia foi uma perseguição espiritual, oriunda de um passado tenebroso de maldades sem conta. No espaço ainda, essa perseguição pode continuar até que se tenha por Misericórdia Divina o seu dia de libertação, com o resgate completo do débito contraído. Quando a doença não for motivada por uma perseguição, é provação escolhida pelo próprio espírito...

           Os idiotas já conscientes da sua situação de espíritos, voltam a ter a capacidade intelectual vibrante como outrora e sentem-se felizes por terem pago dessa forma humilhante e lastimável o mau emprego do seu saber, desviando os simples e ingênuos do caminho do Bem e da Verdade, para afundá-los no mar morto do materialismo.          

          Não existe alma louca no sentido de uma enfermidade de idêntica à do corpo, conforme classificamos na Terra, mas podemos tomar como tal aquela que, tendo diante de si o conhecimento da Verdade, os meios de tudo compreender, revolta-se contra os desígnios de Deus, e abusando de sua liberdade, se afoita pelo oceano tentador da vontade absoluta, até que, lançando o infeliz no turbilhão das águas, desperta-lhes o arrependimento de filho pródigo. 

           Assim, os loucos e os caducos tem o seu destino traçado de acordo com os seus feitos na vida atual nas existências anteriores. 

           Pelo que acabamos de expor, a nosso ver, é preciso haver muita cautela e reserva na apreciação de comunicações ditas de loucos – felizmente não muito comuns – que se verificam em alguns centros espíritas. 

           Hoje em dia as sessões de estudo, em sua maioria, não tem o caráter de circunspecção e desejo de saber que havia na época do Mestre Allan Kardec, e que lhe proporcionaram a feitura dos admiráveis livros que constituem a base fundamental da Doutrina. 

           Afora o livro ‘O Consolador’, de Emmanuel, recebido por intermédio da privilegiada mediunidade de Francisco Cândido Xavier, não conhecemos outro em que haja uma série concatenada de perguntas e respostas tão bem formuladas quão bem respondidas. 

           Há ainda questões das quais o Mestre apenas levantou o véu para um estudo no porvir, e nesse sentido muito pouco se tem feito. 

           Após uma permanência no espaço, perto ou afastado do ambiente deste globo, ou em outro mundo, o espírito prepara-se para voltar à Terra por necessidade de expiação, provação ou reparação ou talvez para o cumprimento de tarefas abençoadas ou missões gloriosas. 

           O tempo que medeia entre a última e a seguinte encarnação é indeterminado. Varia sempre para cada espírito, pois insistimos em dizer que cada ente está colocado num degrau diferente da infinita escala social. Há entre os espíritos candidatos ás novas vidas, desde os sem vontade – abúlicos, indiferente, apáticos – aos dóceis, submissos e obedientes, refletidos, como há os insubordinados, obstinados e endurecidos e teimosos.

           Assim, podemos asseverar que o tempo de uma para outra existência pode ser de meses, de anos ou mesmo séculos.
       
           Lemos, algures, a impressionante comunicação do espírito de uma mulher francesa, cujo interregno foi de cerca de cinco séculos.

           Bela e de alta posição social, voluntariosas e caprichosa, ela deixou-se dominar pelos prazeres da carne. A luxúria fez-lhe considerar a maternidade um estorvo para a sua vida sensual e por isso atirava fora os frutos da fecundação. 

          Quando no espaço, voltou-lhe a lembrança de tudo, e compreendeu a responsabilidade que assumiu perante a Justiça do Onipotente, passou tormentos sem conta e indescritíveis . 

           Primeiramente, sentiu de todos os lados as ameaças e imprecações das vítimas a chamarem-na de assassina e malvada; ouvia gritos, gemidos, lamentos de angústia, e depois que essa fase passou, teve oportunidade de acercar-se de mulheres que iam conceber, mas oh terrível decepção! Estava-lhe reservada a pena de talião. Eram sempre moças tão desnaturadas quanto ela foi, loucas também que fechavam as portas aos desgraçados do espaço, necessitados da caridade de novas existências. 

          Depois, veio a terceira fase. Conseguiu ser acolhida, chegava a ser esperada com ânsia carinhosa, com sorrisos de amor, porém, novas desilusões aguardavam-na. As pessoas escolhidas eram de organismo débil e, apesar de todos os cuidados, o fruto parava em meio e perdia-se qual essas árvores que se enchem de frutos que pecam ante os olhos entristecidos do fazendeiro. 

          Todavia, já era um progresso. Chegou afinal a quarta fase. Nascia, mas a vida era de curta duração, a princípio poucos dias, depois meses e tudo fracassava novamente. Até que afinal, quando o débito foi de todo pago, conseguiu firmar-se e viver. 

           Quem refletiu maduramente neste caso, não deixará de sentir-se profundamente contristado e horrorizado, pois nada pior que por em prova a perseverança de uma criatura, a revolta ensaia os primeiros passos, pois é realmente inenarrável a situação de quem é forçado pelas circunstâncias a reiniciar dezenas e cetenas de vezes o mesmo serviço. 

           Neste aso, principalmente, é bem lamentável, porque o período que antecede à volta ao corpo, durante o qual o espírito entra em perturbação para embotar-se lhe a memória – necessidade imperiosa - como descrevemos em outro capítulo – o esquecimento do passado – o sofrimento é atroz. Uma angústia indefinida, o receio do fracasso dos bons propósitos, o medo de não resistir ás tentações, tudo isso é simplesmente doloroso e ais ainda quando se tem de repetir muitas vezes a mesma tarefa. É uma amargura sem precedentes. 

           Nós dedicamos este final de capítulo a essas mulheres casadas, solteiras ou viúvas que usam do processo do espírito citado. Pedimos lhes meditações sobre o assunto e muita reflexão do futuro próximo. Ninguém contraria a natureza sem sofrer as suas funestas consequências, quer físicas quer morais. Pensem bem na situação dos mendigos famintos e nus que veem fechar-se lhes as portas onde batem. Na sua tristeza imensa, na sua aflição horrível, chegam a clamar e até blasfemar contra Deus, mas... estão apenas sofrendo o que fizeram aos ouros. 

        Por mais escondido que seja o vosso crime aos olhos dos homens não o é aos olhos de Deus. “Nada há oculto que não venha a ser descoberto” foram as sábias palavras do Meigo Jesus. 

         E, se tão sinistro destino aguarda as mulheres que procedem como o espírito da mulher francesa, como será o dos médicos, que obscurecidos pelo interesse, as auxiliam nessa prática criminosa? 

         Que uns e outros reflitam maduramente sobre o assunto, são os nossos desejos sinceros, em benefício da humanidade!

Nenhum comentário:

Postar um comentário