Louvável
atitude
Túlio
Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Novembro 1963
O mencionado arcebispo teve a
louvável coragem de dizer que acabava de enviar “a todos os meus irmãos no
episcopado" uma carta revolucionária, propondo, entre outras coisas:
a) “retorno à pobreza.”
b) que os bispos "abandonem seus títulos
de Excelências e Eminências;”
c) que “deponham aos pés do Papa suas
cruzes peitorais de ouro ou de prata, para lhe pedir cruzes de madeira ou de
bronze";
d) que “troquem seus carros luxuosos - se
os tiverem - por outros mais pequenos e mais modestos;”
e) que deixem de lado “sua autoridade de príncipes
em palácios que os separam dos fiéis e dão a estes a impressão de que os bispos
aí estão para serem amados e servidos, mais do que para amarem e servirem.”
f) que estimulem os jovens arquitetos a
construir “não igrejas grandiosas, mas santuários simples”, etc.
Isto que acabamos de transcrever foi
publicado no “Diário de Notícias” do Rio, de 15 de Outubro, por seu
correspondente especial em Roma, Padre Pascoal Rangel.
A comunicação não diz se o arcebispo
aludiu diretamente à pompa pontifícia, às riquezas do Vaticano, à intromissão
da Igreja em assuntos políticos e, consequentemente, da política nos atos da
Igreja, etc.
Disse Leão Tolstoi: “a fé cristã começou a perder seu verdadeiro
sentido na época da conversão de Constantino.” Desde então, a Igreja não
mais se desinteressou da política profana e criou a sua própria política.
Não podendo eliminar de todo as
divindades pagãs e seus templos, quando dessa concordata, achou a Igreja mais
prudente e oportuno substituir as imagens pagãs pelas imagens dos santos. Com o
correr dos tempos, a Igreja foi perdendo a sua legítima característica cristã,
renunciou à simplicidade, deixou de seguir os exemplos do Cristo e, assim,
arrumou o Cristianismo, deu alento ao cepticismo, estimulou o materialismo,
trocou a sua substância espiritual e enveredou cega e decididamente pela senda
utilitarista.
A atitude do arcebispo do Rio de
Janeiro mostra que não exageramos.
Estamos argumentando em tese, pois seria
injusto esquecer os sacerdotes que vivem alheios à vida opulenta, procurando
seguir o caminho justo, ao contrário dos poderosos purpurados que, havendo
repudiado a exemplificação do Evangelho, preferem permanecer fiéis à máxima: “façam o que nós dizemos e não o que
fazemos...”
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