quinta-feira, 25 de março de 2021

Bilhetes

 

Bilhetes

por G. Mirim (Antônio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Agosto 1946

             Francisco Cândido Xavier recebeu mediunicamente de André Luiz, o esclarecido médico em viagem de instrução pelo Espaço, mais um livro: “Obreiros da Vida Eterna”. Como os outros três, anteriormente publicados, é esse, não há dúvida, uma obra de incontestável mérito, quer pelos ensinamentos e quer pela erudição do Autor, que, todos sabemos, não é o nosso Chico, nem poderia sê-lo.

            Quando apareceu "Parnaso", não faltaram à ribalta os eternos adversários da Verdade, bufoncando (trazendo) os seus fracos, instáveis e incôngruos argumentos. Depois, com a publicação dos romances de Emmanuel, novamente tentaram voltar ao tablado, mas ficaram nos primeiros ensaios dos seus frágeis arrazoados. Em seguida, ao surgirem as edições de “Emmanuel” e de o “O Consolador”, emudeceram todos e eclipsaram-se definitivamente com o aparecimento de "Missionários da Luz", obra que ocasionou admiração em todos os nossos meios médicos e culturais.

            Neste último livro – “Obreiros da Vida Eterna” - o plano analisado e estereotipado pelo Autor, com a sua supervisão, é bem diferente dos anteriormente descritos. Estamos mais terra-a-terra, “crostalmente”, diria o escritor. Entre os inúmeros obreiros da vida eterna que passam à nossa frente, depara-se nos o velho e inolvidável presidente da Federação, o grande Bezerra de Menezes.

            Há cenas comoventes, emocionantes. Ora é um pai, Fábio, a se despedir dos filhos no momento do decesso; ora uma viúva que coloca mentalmente o Cristo na direção do lar orfanado; ora, enfim, a comoventíssima narrativa da despedida de um exposto, Joãozinho, de sua querida protetora. Ao lado de ensinamentos valiosos para a coletividade em geral, há trechos dedicados à teoria de Freud, à Psiquiatria terrena e a outros assuntos correlatos.

            Diante das obras do Chico, nós, os espíritas, que conhecemos todo o movimento mundial do Espiritismo, ficamos perplexos. Sim, porque até hoje jamais apareceu na Terra um médium que se lhe aproximasse pela quantidade e qualidade das produções. Um, apenas, poderia ser-lhe comparado: Andrew Jackson Davis, mas, ainda, assim, sem as características que distinguem o nosso Chico.

            É preciso que não nos esqueçamos de que este médium jamais se concentrou com o fim premeditado de receber um livro. Os Espíritos é que se aproveitam da ocasião em que ele se encontra em recolhimento e prece para lhe ditarem a obra que têm em mira enviar ao Planeta, aliás, antecipadamente determinando que os originais deverão ser entregues a certa editora, completamente de graça, o que realmente sempre se verificou.

            Não podemos prever quando os Espíritos nos deixarão de enviar essas obras instrutivas; não nos é possível sequer compreender a missão que ao mundo trouxe o médium humilde de Pedra Leopoldo. Sabemos, porém, e isso porque sentimos, que ensinamentos admiráveis nos têm sido transmitidos através dessa mediunidade ímpar, dessa literatura única.


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