Bilhetes
G.
Mirim (Antonio
Wantuil de Freitas)
Reformador
(FEB) Junho 1944
Lá se nos deparou, pelo contrário, a certeza da
possibilidade de nos comunicarmos com os chamados mortos, porque Moisés, ao
fazer a proibição que se encontra no versículo, afirmou para todos os séculos e
gerações essa possibilidade, visto como, se ela não fosse possível, não haveria
necessidade de ser proibida.
Além dessa afirmativa de Moisés,
pudemos concluir, pelas suas palavras, que ele somente proibiu que se
procurassem as criaturas que viviam desse comércio criminoso, tanto assim que
se não referiu aos médiuns, conhecidos naquela época pelo nome de profetas.
Já nos dispúnhamos a abandonar o
Velho Testamento e a virar as folhas da Bíblia, na ânsia de conhecermos algumas
gotas da água viva dos Evangelhos, quando aos nossos olhos se apresentaram
alguns pedacinhos de ouro daquele mesmo livro. E como o amigo que nos dirigiu
aquela carta deve esperar que lhe enviemos alguma coisa em troca do que nos
ofereceu, aqui lhe deixamos alguns excertos que merecem meditados:
- "Não cortareis os cabelos
arredondando os cantos de vossa cabeça". (2)
- "Não vestirá o homem vestido
de mulher, porque abominação é ao Senhor teu Deus". (3)
- "E o sacerdote tomará por esposa
uma mulher na sua virgindade". (4) .
(1) Lev., 21-5.
(2) Lev., 19-27.
(3) Deut., 22-5.
(4) Lev., 21-13.
Cremos que Moisés não falou para os espíritas, porque não usamos coroas, não cortamos os cabelos à frade, não vestimos batina e não aconselhamos o celibato.
Se acreditam realmente no Velho Testamento
e se proclamam a autoridade de Moisés como infalível, parece-nos que deveram
ser coerentes aceitando as recomendações bíblicas, acima citadas, e todas as
outras que dariam para encher inteiramente as páginas desta revista.
O caso, porém, não é de crença e nem
de fé no Evangelho, e muito menos do que apresentam os Livros do Velho Testamento.
O amigo que nos escreveu, como milhares de outros que percorrem o mundo, sabe
muito bem que a razão está conosco, com o Espiritismo, mas a ordem é
combatê-lo, ainda que sem armas, visto que a razão e a lógica não podem ser
combatidas com palavras ocas e ameaças, numa época em que o homem atingiu
adiantamento intelectual que lhe permite examinar e distinguir aquilo que se
lhe apresenta ao estudo.
A ordem é lançar mão de todos os
meios, e Moisés lhes pareceu utilíssimo... Erraram ainda, como o fizeram com
outros meios e processos, abandonados hoje por improdutivos e
contraproducentes.
Todas as várias modalidades de
guerra que moveram ao Espiritismo, nada mais conseguiram que despertar
criaturas para o estudo da Nova Revelação. Não se convencem disso, bem o
sabemos. Todavia, as nossas estatísticas asseveram que cresce o número de
espíritas todas as vezes que os seus inimigos lhe abrem campanha; aliás, isso
não é novidade, porque, há dois mil anos, os sacerdotes também lançaram mão de
inúmeros processos, apoiados por todas as forças da época, e, quando se
supunham em caminho para a vitória, jubilosos com a crucificação do Justo, eis
que a ruína da classe sacerdotal foi completa e o Cristo reinou através da
palavra daqueles humildes pescadores da Judeia.
E a vitória atual, a vitória do
Terceiro Milênio, é a vitória daquele mesmo crucificado sobre o erro e a
mentira dos que lhe deturparam a palavra e lhe esqueceram o exemplo.
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