Preocupações
religiosas
I.
Pequeno (Antônio
Wantuil de Freitas)
Reformador
(FEB) Julho 1944
Essa verdade é conhecida hoje em todos os meios sociais do País. Se algum indivíduo, que se diz espírita, cobra qualquer preço pelo seu trabalho espiritual, todos sabem que tal criatura tanto tem de espírita como aqueles que, de quando em vez, são agarrados pela polícia, vestidos de padres, apesar de jamais terem pertencido ao quadro do clero. Uns e outros não são espíritas ou católicos. São, simplesmente, exploradores da credulidade do povo.
“... os médiuns fazer evocações ou chamadas
por dinheiro.”
“... e nunca faltam alguns incautos para
dar o grude aos espertos evocadores.”
Vê-se claramente, pelos trechos
acima citados e por todo o resto da descompostura do reverendo, que a sua maior
preocupação é o desvio do dinheiro, até então canalizado para o seu e para o bolso
dos seus colegas.
Lamentamos, de fato, que assim venha
sucedendo. O padre Salamero não tem outra profissão e os seus paroquianos já
lhe não oferecem o suficiente para a continuação da vida confortável que sempre
tiveram os “representantes” d’Aquele que surgiu num estábulo e não possuía um
lugar onde recostar a cabeça.
A culpa não é nossa, reverendo, e o
senhor está perdendo tempo e errando o alvo. O dinheiro que lhe foge das mãos
não está conosco.
Procure-os entre os órfãos, velhos e
viúvas que socorremos ou entre aqueles que se dizem católicos e empregam as
suas sobras em deleites pessoais.
Como preocupação religiosa,
reverendo, não lhe fica bem essa preocupação monetária. As ameaças do seu
artigo, suplício eterno, fogo eterno e todas as outras, não mais produzem efeito.
Os próprios católicos já não têm medo dessas tranquibernices (trapaças). É necessário, reverendo, mudar o
disco da vitrola.
Se o rev . Luis Salamero, C. M. F., acredita realmente em Jesus, e, se deseja segui-lo, peço-lhe aceite o maior de todos os conselhos: leia os Evangelhos, mas faça-o com o espírito, sem essa execrável preocupação “religiosa” de pensar no bolso...
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