Ninguém
fica impune
Boanerges da Rocha (Indalício Mendes) Reformador (FEB) Julho 1963
O caso de que nos ocuparemos a seguir é rigorosamente verdadeiro. Ocorreu há poucos anos com uma senhora residente nos subúrbios do Estado da Guanabara, cujo nome obviamente omitimos, pois ela até hoje permanece na ansiosa expectativa de um novo filho, que substitua o primogênito já falecido.
De
maneira verdadeiramente impressionante, o caso em questão nos permitirá tomar conhecimento
de uma prova real da reencarnação e da ação fatal da lei de Causa e Efeito.
Reafirmamos tratar-se de uma ocorrência verídica e relativamente recente.
A
senhora M. D. C., porque seu marido não queria filhos, abortou propositadamente
três vezes. Na quarta vez, porém, apesar de todas as providências tomadas,
veio-lhe um filho, que não foi recebido com alegria pelo pai.
Em
consequência dos medicamentos abortivos e de malogradas práticas conducentes à eliminação
do feto, a criança nasceu raquítica, mas cedo revelou vivacidade e inteligência,
chegando a quebrar a algidez do pai e enchendo de felicidade o coração de
M.D.C..
Cinco
anos transcorreram em relativa felicidade. O menino, cercado de cuidados
maternos, ja vencendo as enfermidades que, de quando em quando o atacavam. Um
belo dia, o garoto, com uma desenvoltura e um bem-senso surpreendentes para a sua
idade, fitou a mãe com os olhos tristes e perguntou-lhe:
-
Mamãe; você gosta mesmo de mim?
Espantada
com a pergunta, M.D.C., afagando-o, respondeu:
-
Claro que sim, meu filho. Você não vê como a mamãe é carinhosa e trata de você
com o maior cuidado, não deixando que lhe falte nada?
Ele,
a vozinha meiga e melancólica, contestou:
-
Não, você não gosta muito de mim, não, mamãe. Se você gostasse de mim não me
mandava embora três vezes. Eu quis nascer e você não quis. Eu sofri muito,
mamãe. Eu esperei, esperei, sofrendo Quando chegava a oportunidade, você me
mandava embora, desmanchando tudo, mamãe... Três vezes eu quis ser seu filho e
só fui quando meus amigos me ajudaram. Mas foi muito difícil... Você não gosta
tanto de mim como diz, não, mamãe...
A
pobre M.D.C. estava atônita. Empalidecera e seus olhos se cobriram de lágrimas.
Como poderia uma criança daquela idade dizer essas coisas, com tanto nexo, com
tanta lógica, com tanta propriedade? Sem poder proferir palavra, chorando
convulsivamente, ela se limitava a abraçá-lo com o máximo de ternura. Foi
quando ele acrescentou:
-
Mamãe: eu vou demorar pouco tempo. Vou embora. Não gosto daqui, não...
Dizendo
isso, o menino foi brincar, alegremente, como se nada houvesse acontecido. Quando
o pai chegou, cientificado de tudo, limitou-se a sorrir incrédulo. Poucos dias
depois, o menino se resfria e cai com pneumonia dupla, Durou quarenta e oito
horas, apenas.
Nunca
mais houve alegria em seu antigo lar. Os pais choram-lhe a ausência, principalmente
a mãe, que não conseguiu até hoje um novo filho para restabelecer à felicidade
perdida. Percorreu numerosos especialistas e todos apresentam a mesma
conclusão: nunca mais poderá ter filhos!
Diante
disso, M.D.C. passou a frequentar sessões espíritas na esperança de um dia,
poder falar com o filho amado. Vem sendo doutrinada convenientemente e
instruída para que compreenda estar sofrendo os efeitos do Carma. Todos colhem
o que semeiam. Não importa que ela haja procedido mal para satisfazer o marido.
A sua responsabilidade, como mulher, é imensa. Repudiou
a graça da maternidade e só a recebeu por imposição do Alto. Agora, que deseja
ser mãe, é-lhe vedado esse direito.
Quanto
ao marido, não escapou também à inexorabilidade da Lei de Causa e Efeito cuja ação
se iniciou através do remorso. Hoje, é um homem triste e vencido. A lembrança
do filho perdido não se lhe apaga da memória.
A
lição aí está, eloquente em sua simplicidade.
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