Concílios
Espíritas
por Orlando Romero Reformador (FEB)
Agosto 1948
O Espiritismo floresce exuberantemente no Brasil, e uma
das causas que mais incorrem para a vulgarização dos seus sublimes preceitos é
a liberdade de pensamento e de ação que a Doutrina faculta a todos os crentes.
O entusiasmo e a inquietação são manifestações próprias do espírito humano em
vias de progresso. Surgem as polêmicas e as divergências mais incongruentes;
todavia, a essência da Doutrina Espírita não sofre abalos graças às lições que
os maiores da Espiritualidade nos ministram, incansavelmente. Daí provém a
solidez inabalável do Espiritismo. Kardec codificou-o, Roustaing ampliou-o e o
Mensageiros do Senhor continuam a revelar novas verdades à medida que a
Humanidade descerra as pálpebras e vislumbra novos e mais amplos horizontes. Se
a incompreensão e a dúvida obscurecem ainda alguns espíritos, a culpa não pode
caber à Doutrina, mas a homem insatisfeito ou descontente. Resta-nos somente
uma alternativa: estudar e compreender. Os livros doutrinários, veículos da mais
pura moral, as mensagens e os avisos são vastos. A literatura espírita
avoluma-se dia a dia. Ao homem cumpre discernir pela reflexão metodizada e
isenta de sectarismo. “O
Espiritismo não dogmatiza. Não é nem uma seita, nem uma ortodoxia, mas uma
filosofia viva, aberta a todos os espíritos livres, filosofia que evolve, que progride.
Não impõe nada; propõe.”
Procurar por meio de concílios ou congressos ditar normas e fórmulas ao
Espiritismo, seria circunscrever aos preconceitos humanos aquilo que emana de
Deus. Cada qual deve auscultar a extensão dos postulados espíritas; convêm a cada
qual medir a estreiteza da concepção humana. Ao inverso, o homem incorrerá na ingenuidade
da criança que julgara, certa vez, poder represar as águas do oceano
construindo um diquezinho de areia. Não; jamais poderemos ditar fórmulas às
práticas espíritas como jamais nos será permitido limitar a luz do Astro Rei. Não
seriam diretrizes traçadas por alguns homens, reunidos em conclave, que
apressariam a evolução da Humanidade. Tais reuniões, bem o sabemos, dissolvem,
acirram ódios, geram discórdias. As forças das trevas procuram, por todos os
meios, impedir a marcha do Espiritismo, mas nada deterá a sua arrancada; nada impedirá
a sua irradiação por todos os quadrantes do mundo, porque ele representa a
árvore evangélica plantada pelo Pai Celestial! Unamo-nos em espírito, e procuremos
compreender as grandes verdades da Doutrina Espírita, orando e vigiando, para
não sofrermos os assaltos imprevistos das trevas.
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