Cartas do
outro mundo - 2
por Ismael Gomes Braga Reformador (FEB) Fevereiro 1947
“Esperemos o melhor, confiado n'Aquele que nunca nos abandonou no precipício. Continua, pois, trabalhando no ideal do bem e da fraternidade, Sejam o Espiritismo e o Esperanto as duas lâmpadas em tuas mãos de sincero servidor dos Planos Mais Elevados. O obstáculo acentua o poder criador. A dificuldade exerce funções de incentivo sempre que o servo aprendeu a ligar-se à esfera impessoal do bem coletivo, a cujo serviço permanecemos. Nossas mais belas horas são justamente aquelas em que ouvimos a Voz do Senhor no imo da consciência, quando as vozes humanas se degeneram em tormentosa inquietação. E a Voz Divina, filho meu, pede-nos trabalho, concurso e compreensão, de vez que precisamos observar que se o homem mantém a sua fé em Deus, Deus igualmente depõe a Sua fé paternal no homem (1). Atendamos ao Pai e prossigamos.
“Meu abraço pela tua missão junto da Venina. Ela precisava de ti e fizemos votos e movimentamos providências para que te demorasses em Tomba-Morro (2). A situação assim exigia, e estou satisfeito por haveres compreendido a necessidade de ação no que se refere ao socorro aos necessitados. Tua adesão aos trabalhos diretos encheu-me de alegria. Não convém circunscrevermos o apostolado ao campo intelectual. Sofremos limitações enormes quando ensinamos a semear, esquivando-nos ao esforço ativo e sacrificial do contato com a Terra. Nossa crença é mais pura, nossa mente mais iluminada, quando aprendemos a fazer nossa a dor dos nossos semelhantes, quando vencemos os percalços da teoria para amarmos de algum modo os irmãos que necessitam. Podes crer que poucas excursões em tua vida presente foram tão ricas de bênçãos. E que continues, meu filho, nesse sagrado ministério da ação é o que desejo para que teu verbo esteja tocado do poder criador. Enriquecerás, dessa forma, a tua mordomia espiritual e administrarás os bens do Altíssimo com eficiência cada vez mais alta... (3)”
(2) Os Guias levaram-me a uma
casa do campo, num lugar chamado Tomba-Morro, onde trabalhamos quinze dias em
penosos casos de desobsessão. O mais violento dos obsessores compareceu a uma
sessão cm Pedro Leopoldo e agradeceu os esforços feitos em seu benefício.
Graças a Deus e aos Guias, ele está mais consciente de sua responsabilidade.
(3) Parece haver agradado ao Espírito
o fato de havermos abandonado numerosos e cultos auditórios das cidades, para
trabalharmos num meio obscuro do campo, durante duas semanas, em favor de sofredores
desconhecidos e tímidos. Mas, se bons resultados foram obtidos, nós os devemos exclusivamente
à paciência do Guia Que tudo fez em quinze longas sessões e outros serviços de
assistência.
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