A Praga do Espiritismo
por I. Pequeno (Antonio Wantuil de
Freitas)
Reformador
(FEB) Agosto 1948
Anonimamente me vêm sendo enviados jornais católicos que dizem “cobras e lagartos” do Espiritismo, classificado, de praga, de comunista, de prejudicial à Família brasileira, de tudo, enfim.
E têm razão os referidos jornais. E
tem-na igualmente os livros católicos que não se cansam de queixar da tal “praga”.
Os fiéis têm, aos poucos, abandonado os seus templos e os donativos lhes estão
fugindo, obrigando-os a aumentar, dia a dia, os preços das suas cerimônias, e,
nesta época em que a Imprensa vive a apelar para as Comissões de Preços,
certamente receiam que lhes tabelem oficialmente os batizados, os casamentos,
as missas, os sermões, etc., etc.
Porque não fazem como os Espíritas, que tudo dão de graça? - Seria mais evangélico. Seria, sabem eles, mas isso não lhes convém, sendo-lhes preferível a aproximação com os Governos, a fim de tentarem que estes criem leis que levem à cadeia os praticantes da tal “praga”.
No mesmo dia em que recebi um desses
jornaizinhos católicos (1-7-48), “O Globo” publicou uma entrevista que lhe
concedeu monsenhor Nabuco, auxiliar direto de S. Eminência o cardeal D. Jaime: “Há no Rio 442 igrejas e capelas. A Igreja
sente necessidade de criar as missas dialogadas, a fim de atrair os fiéis!”
Ora, se existem no Rio, entre igrejas
e capelas, apenas 442, razão têm os reverendos de se queixarem da “praga do
Espiritismo”, pois que, ao tempo em que a Polícia obrigava os Centros Espíritas
a se registarem e os seus diretores a se deixarem fichar na seção de gatunos,
já existiam para mais de quatrocentas sociedades espíritas registadas na
Polícia do Distrito Federal. Hoje, o número é bem maior, e vivem todas elas
abarrotadas de crentes, apesar de não lançarem mão do atrativo profano dos
foguetórios e da pomposidade da liturgia romana.
Se há 442 templos católicos, à
espera de fiéis, e se há maior número de templos espíritas, abarrotados de
crentes, concluímos, pelos próprios dados que nos ofereceram haver mais
espíritas que católicos, realmente católicos, na Capital da República, cérebro
do País.
O interessante, porém, é que os
fatos se estão passando tal qual sucedeu ao tempo do aparecimento do Cristo:
quanto mais apelam para as leis de César, quanto mais violentas são as
perseguições, maior número de criaturas aderem à Nova Revelação que o Cristo
havia prometido para a época oportuna -- o Espiritismo.
Quando Deus quer, reverendos ...
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