por Raul Silveira Reformador (FEB) Julho 1972
Nunca, em época alguma, tivemos tão grande quantidade de
sanatórios e, em tempo algum, foi tão enorme a população que disputa avidamente
um lugar para internação, a ponto de saturar todos os cálculos, os mais
otimistas, elaborados para oferecer albergue transitório aos que caem no labirinto
da alienação mental.
Esses doentes, como ainda há quem o pretenda, não são fruto
do Espiritismo.
O Espiritismo, contrariamente às religiões materializadas
que o apontavam como causa de loucura, tem voltado as suas vistas para esse
campo de conflito da alma consigo mesma. É que, esse é, fundamentalmente, uma
área da religião, já que a loucura ou a obsessão refletem a enfermidade do caráter,
a ausência do divino dentro do coração.
A loucura é produto do sacerdócio poluído.
O sacerdócio que se
deixou contaminar pela ânsia do poder transitório, que transformou o seu
púlpito num parlatório de indução ao sectarismo, que passou a examinar os frequentadores
de seu templo de fé como clientes de sua profissão, que ajusta seus dogmas e preceitos
ao gosto e ao sabor das circunstâncias - esse sacerdócio que se alheia ao
ministério da fé e que abandona suas ovelhas ao sabor do mundo, é a geratriz
primária da criação da delinquência espiritual.
Se, apesar das paixões que dominam o homem, fosse o templo
religioso a mensagem sublimada da Espiritualidade Maior, seja nesta ou naquela
configuração ou província de fé - o homem se sentiria reajustado à sua verdadeira
natureza e muitas atitudes que levam à demência seriam corrigidas no nascedouro.
Na área espírita, no entanto, estamos fazendo por amparar
esses que imergem nos braços da loucura, produtos de um desvio religioso, ao
mesmo tempo que oferecemos o antídoto contra tais enfermidades, mostrando ao
homem que seus conflitos íntimos serão solucionados com mais espiritualização e
menos materialidade, mais humildade e menos orgulho, mais amor e menos egoísmo
- jamais permitindo que a Doutrina se reduza ao acalento dos apetites humanos.
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