por Pedro Richard Reformador (FEB) 1º Agosto 1917
Como
sabeis, a primeira fase da revelação, que trata da parte filosófica e doutrinária,
os espíritos deram a Allan Kardec por diversos médiuns, sendo que o seu
complemento, que diz com a parte científica e evangélica, foi confiada a Roustaing
que a recebeu pelo médium Mme. Collignon.
Tratando-se,
pois, do perispírito, que é o agente intermediário entre o espírito e o corpo
material, isto é, o veículo pelo qual o espírito pode agir sobre a matéria,
dizem-nos o espíritos que esse agente participa das duas naturezas: do espírito
e da matéria. Assim, somos levados a procurar - o quanto estiver ao nosso alcance
– compreender a natureza do espírito e da matéria.
Por
isso aconselhei, na sessão passada, o estudo dos pontos da nossa doutrina, que
tratam dessa transcendental questão.
Como
vistes, a revelação dada no Livro dos Espíritos
e no Gênese está de acordo com a
ampla revelação dada a Roustaing, no volume 1º, págs. 258 a 315.
Na
monumental revelação da origem da criação, os espíritos, por ordem de Jesus,
nos deram o máximo que podemos comportar.
Vamos
procurar fazer sua síntese, e para desempenhar-me de tão alto encargo, ergo os
olhos para Jesus, pedindo-lhe que supra as minhas deficiências, permitindo que a
minha exposição seja clara e compreendida por vós outros.
Diz
a Revelação (Roustaing): “Tudo na criação tem uma origem comum; tudo procede do
infinitamente pequeno para o infinitamente grande, até Deus, que é o ponto de partida
e reunião. Tudo vem de Deus e volta para Deus” (1)
(1) As citações de Roustaing são, algumas textuais e o outras em resumo.
O fluido universal, que parte de Deus e que é dirigido pela sua inteligência e vontade suprema I é o elemento produtor de todas a criações, quer espirituais e fluídicas, quer materiais, enfim de tudo quanto morre, vive e existe.
A
vontade do Senhor Deus Onipotente, que a tudo preside, anima este fluido em
todas as suas variedades e com ele produz as mais sutis combinações, até as essências
espirituais, os princípios primitivos de espíritos em gérmen.
Nos
mundos primitivos o Criador coloca os princípios constitutivos, na ordem espiritual,
fluídica e material, dos diversos reinos que os séculos hão de elaborar.
Ao
mesmo tempo, o princípio inteligente desenvolve-se com a matéria que com ele
progride, passando destarte de essência à vida e cujo progresso se faz sob a
vigilância de espíritos prepostos.
E
assim ele passa “sucessivamente pelos
reinos mineral, vegetal e animal e pelas formas e espécies intermediárias desses
três reinos.”
Nas
primeiras fases a essência espiritual, absolutamente sem consciência do seu
ser, se manifesta pela essência da vida.
Percorrendo
todos os degraus da escala e chegando ao desenvolvimento máximo nesses reinos,
das suas formas intermediárias, o espírito em estado de formação e continuamente
sob a vigilância dos espíritos prepostos é conduzido para mundos ad hoc, isto é,
mundos apropriados ao fim colimado, para dele ser expurgado toda a materialidade
que o contato da matéria grosseira lhe imprimiu.
Aí ele se prepara para entrar propriamente na vida espiritual, chegando por
tal processo ao verdadeiro estado de espírito formado, consciente e responsável.
É,
então, quando ele se apossa do livre arbítrio, isto é, da faculdade de pensar e
de agir por sua vontade.
De
posse desse dom (o livra arbítrio) ele opera, prepara a constituição fluídica que
se chama perispírito, afim de poder agir sobre a matéria.
Donde
se vê que o espírito não pode agir sobre a matéria, na qual não é possível ligar-se
sem esse agente intermediário. O perispírito, pois, é bem o veículo pelo qual o
espírito se pode ligar e agir na matéria.
Do
que tem se dito se conclui que o espírito em formação, durante todo esse tempo
em que esteve ligado intimamente à matéria, faz o seu progresso relativo e proporcional.
Indo para o mundo as hoc, sofre todo o expurgo da materialidade que lhe
imprimiu o contato íntimo da matéria. É quando ele tem entrada na vida de livre pensador. Nessa estação de chegada,
o espírito fica plenamente constituído com todas as suas faculdades, tornando-se,
por isso, incompatível com a ligação direta com a matéria; daí a necessidade de
um agente intermediário, de um veículo que lhe permita entrar em relações e ter
contato, mais ou menos íntimo com a matéria grosseira.
Peço,
com muito empenho, a vossa atenção para este ponto primordial.
Tudo
está ligado por laços contínuos e indestrutíveis, no universo.
Não
há solução de continuidade.
Essa
mesma cadeia, que de Deus parte e que a Ele volta, contém em si tudo quanto é
necessário para a execução do Seu plano divino: a Criação.
Os
seus elos estão ligados pelos reinos intermediários (permitam a expressão) e participam
das espécies relativas.
Assim
sendo, o elo final não podia dispensar essa ligação, daí a formação natural e lógica
do períspirito, que necessariamente tem de participar das duas naturezas, a
espiritual e a material.
Vede
como é profunda e grandiosa essa cadeia infinita, que liga todas coisas e tudo
na ordem universal e conduz o amor do homem ao amor infinito e puríssimo do seu
Criador, do seu Deus!
O espírito depois de plenamente
constituído, de posse do livre arbítrio, consciente, dotado de inteligência e vontade
com todos os seus predicados, forma, como vimos, o seu perispírito, para poder movimentar
esses dotes e ser com eles o próprio artífice do seu progresso.
Agora
vejamos como o próprio espírito colabora na confecção do seu perispírito.
Constituído o espírito do modo como vimos de expor ele, com o concurso e
direção de espíritos propostos e por intermédio do magnetismo, atrai da atmosfera
do mundo ad hoc, onde ele então se acha, o fluido necessário que, combinado com
os elementos do seu próprio ser espiritual, forma em torno de si o envoltório
que se denomina perispírito. Dizemos
e empregamos o termo elementos, porque nos falta um termo apropriado que defina
coisas que não estão sujeitas à análise dos nossos sentidos de homens.
Pois
que o espírito é alguma coisa de real, é obvio que tem uma origem preparada.
Tudo
na natureza é sabiamente preparado e previsto.
Tomai de uma semente e analisai-a. Os nossos instrumentos, imperfeitos
que são, pouco nos dizem da sua essência.
E,
no entanto, lá está a vida, o espírito em formação; o tipo da espécie, o gérmen
da procriação, enfim, tudo quanto se faz necessário ao fim para que foi criado.
Da
pequenina semente iremos até aos mundos em formação. Sempre a mesma ordem
presidindo a tudo. Tudo está maravilhosamente, atendido e organizado.
Prossigamos:
O
espírito combina esses dois elementos, um tirado do seu próprio ser, o outro extraído
da atmosfera em que ele se acha envolvido, e forma o seu envoltório, ao princípio
tão sutil que dificilmente é percebido pelos próprios espíritos prepostos,
segundo eles mesmos nos dizem.
A
proporção que o espírito vai agindo, mais visível se vai tornando o envoltório.
A
parte espiritual do perispírito é o receptáculo das impressões do espírito. Ela
participa das suas condições morais. A material participa das condições do elemento
atmosférico.
Assim
sendo, é claro que é o espírito quem modifica as condições do perispírito tornando-o
mais ou menos grosseiro, pesado e materializado, de acordo com os seus
sentimentos.
Quando
o espírito muda de planeta, reforma o seu perispírito quanto à parte material,
deixando-a na atmosfera do planeta de onde saiu, porque agora essa parte tem de
ser tirada da atmosfera do novo planeta em que vai o espírito habitar.
A
parte espiritual conserva-se até que se modifiquem as condições morais do espírito.
Como
vedes, o assunto é complexo e profundo e o expositor é baldo de recursos.
Perdoai-me
se não satisfiz as vossas exigências.
Uma
coisa vos pede o vosso companheiro, é que estudeis a Revelação da Revelação dada a Roustaing e muito melhor do que eu
compreendereis o ponto em questão.
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