O hábito faz o monge
Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Maio 1962
Desde,
porém, que o erro é insistentemente praticado, percebe-se a inutilidade da
tolerância sistemática, porque, em lugar de se favorecer a recuperação do
faltoso, dá-se lhe estímulo involuntário. E quando a falta procede de uma organização
que defende uma doutrina cristã, que sabe, portanto, a importância do bom
exemplo e a alta nocividade do mau exemplo, a tolerância tem de ser exercida
ainda com maior cuidado por aqueles que a observam e veem que ela não está
palmilhando o terreno que leva ao respeito das ideias que diz acatar.
Todos
nós somos imperfeitos e falíveis. Desde, porém, que desempenhemos uma função ou
ocupemos um cargo, com a responsabilidade de respeitar programa preestabelecido,
seremos faltosos se não o fizermos e se, consciente e repetidamente, infringirmos
as determinações desse programa. Não nos move o desejo ou a preocupação de
atacar ninguém. Se exercemos a crítica em determinados casos fazemo-lo com o fim
de demonstrar contrastes e contradições flagrantes, erros que se eternizam, mas
o fazemos com o objetivo cristão de induzir o criticado a uma revisão de suas ideias
e de seus atos, para alcançar a possibilidade de acertada retificação de rumos.
Lemos
que a Igreja Católica resolveu, mais uma vez, tomar posição na política, “orientando
o eleitorado”. A LEC) (Liga Eleitoral Católica) adquiriu fama negativa por sua
conduta, Agora surgiu a ALEF (Aliança Eleitoral pela Família), que também, como
a outra, tem o beneplácito do Cardeal Arcebispo. Os objetivos explícitos são louváveis,
mas os implícitos, geralmente os que prevalecem, conforme a LEC já demonstrou,
se prestam a fins que ferem a liberdade de opinião, a liberdade de voto, o
direito que cada ser humano deve ter de livre escolha. Disse Jesus: “a César o
que é de César”...
Estamos
chovendo no molhado, porque os exemplos de humildade deixados pelo Cristo, inclusive
com o “lava-pés” por ele instituído, se chocam com práticas que não são
rigorosamente cristãs.
Vejamos
este trecho de telegrama de 21 de Março, publicado nos jornais do Rio: “Cidade
do Vaticano, 21 - Os novos cardeais da Igreja Católica romana beijaram hoje as
sapatilhas de seda do Papa João XXIII", etc.
Em
casos como esses, “o hábito (costume) faz o monge”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário