A Videira e os Ramos
15,2 E podará todo o que der fruto para que produza mais fruto.
15,3 Vós, que estais
puros pela palavra que vos tenho anunciado,
15,4 permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim, também vós, não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em Mim.
15,5 Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele esse dá muito fruto, porque sem Mim, nada podeis fazer.
15,6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo e queimar-se-á.
15,7 Se vós estiverdes em mim e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito.
15,8 Nisto é glorificado Meu Pai, em que deis
muito fruto e assim tornar-vos-eis meus discípulos”
“Deus é o Criador Eterno cujos desígnios permanecem insondáveis a nós outros.
Pelo seu amor desvelado criam-se
todos os seres, por sua sabedoria movem-se os mundos no ilimitado.
Pequena e obscura, a Terra não pode perscrutar
a grandeza divina. O Pai, entretanto, envolve-nos a todos nas vibrações de sua
bondade gloriosa.
Ele é a alma de tudo, a essência do
Universo.
Permanecemos no campo terrestre, de
que Ele é dono e supremo dispensador. No entanto, para que lhe sintamos a
presença em nossa compreensão limitada, concedeu-nos Jesus como sua
personificação máxima. Útil seria que o homem observasse no Planeta a sua
imensa escola de trabalho; e todos nós, perante a grandeza universal, devemos
reconhecer a nossa condição de seres humildes, necessitados de aprimoramento e
iluminação.
Dentro de nossa pequenez,
sucumbiríamos de fome espiritual, estacionados na sombra da ignorância, não
fosse essa videira da verdade e do amor que o Supremo Senhor nos concedeu em
Jesus Cristo. De sua seiva divina procedem todas as nossas realizações elevadas,
nos serviços da Terra. Alimentados por essa fonte sublime, compete-nos
reconhecer que sem o Cristo as organizações do mundo se perderiam por falta de
base. Nele encontramos o pão vivo das almas e, desde o princípio, o seu amor infinito no orbe terrestre é o
fundamento divino de todas as verdades da vida.”
No
entanto, por provisionados de inteligência que nos permite distinguir o justo
do injusto, por dotados de sensibilidade que nos abranda os sentimentos,
conferindo-nos os valores da delicadeza e da benevolência - experimentamos um
processo lento e laborioso de profilaxia moral e intelectual.
Somos compelidos a viver no panorama
que criamos. O mal faz-nos sentir os benefícios do bem. A noite leva-nos a
admirar a luz. A doença induz-nos a apreciar os tesouros da saúde.
Voltemos os nossos olhos à abóbada
celeste e, nas miríades de mundo a tremeluzirem. sentiremos que alguns existem,
na condição do nosso, vivendo a nossa fase de transição.
Seus habitantes, que antes se confiavam às guerras fratricidas, expurgam de seu próprio coração desencantado a ânsia do domínio, não procuram fazer-se maiores e nem mais poderosos do que seus vizinhos. Os lares se re harmonizam e os pais se reintegram na tarefa de tutelar as almas que os buscaram pelas vias da reencarnação. Os que dirigem abraçam-se aos dirigidos e todos eles se vêem como partícipes de uma mesma obra.
Ali, o material cedeu lugar ao
espiritual!
Os semblantes descoloridos, abatidos
pelos sofrimentos e sulcados pelas paixões, são recompostos pela inteligência e
pela vida que cintilam com o fulgor que os pintores descobriram na auréola
materna e dos anjos.
Voltemos,
porém, ao nosso cotidiano.
Aqui, se esbarramos ainda com os que
se encontram distantes do bem, identificamos, por outro lado, a nova brisa de
amor e de caridade que nos visita, na legião de criaturas que reingressaram nos
planos da reencarnação para exemplificar, aos tíbios e aos hesitantes, o poder
incontestado da bondade.
Sob a égide do Cristo de Deus: Um
novo panorama. Homens e mulheres - em fase inicial de recuperação moral e
intelectual - estendendo os seus braços aos sofredores, numa mensagem da mais
cândida fraternidade, preludiando a regeneração espiritual a que nos
destinamos, orientados pelo Espiritismo Cristão. Não mais só o desespero: a
esperança! Não mais só o egoísmo: a caridade! Não
só mais o orgulho: a humildade!
A nova fé, que se derrama por toda a
Terra, retempera-nos o ânimo. Ela não poderia, porém, numa operação miraculosa,
remover de vez os obstáculos que edificamos no curso de múltiplas
reencarnações. Balsamiza-nos com seu poder consolador, permitindo-nos entrever,
nas brumas do horizonte, o sol de um novo dia.
Temos, pois, um longo roteiro a
cumprir. A grande batalha do aperfeiçoamento, que antes presumíamos se
deflagrasse no campo externo, onde se situam os nossos semelhantes, foi
transferida para o nosso mundo íntimo. Em nosso coração é que se devem derruir,
um a um, os falsos conceitos e os maus preconceitos, substituídos pelos
genuínos valores do Espiritismo Cristão.
A grande senha para a vida nova:
reforma íntima.
Abrandar o nosso olhar, disciplinar
a nossa língua, quebrar os elos que nos escravizam ao egoísmo, derrubar as
muralhas do orgulho de nossa mente, movimentar as nossas mãos no socorro dos
que sofrem, caminhar na direção dos padecentes, sentir a predominância do
espiritual sobre os bens materiais - eis algumas das renovações a empreender,
na posição de quem arroteia a leira da própria alma para a sementeira do Divino
Semeador.
Neste hospital-escola, façamo-nos
enfermeiros-guias.
Ofertemos
o tesouro de nosso tempo e de nossas energias para o atendimento e a orientação
daqueles que se mostram carentes de afeto e órfãos de luz, a fim de apressarmos
a época em que nosso plano será de regeneração.”
Sonhando realizações mirabolantes,
acabam frustrados na mania de grandeza.
Dizem-se interessados na lavoura do
bem, mas, para cultivá-la, esperam a execução de negócios imaginários, a
aquisição de poder, a posse de ouro fácil ou a chegada de prêmios fortuitos...
E, complicando a própria estrada, observam-se, de chofre, em presença da morte,
quando menos contavam com semelhante visita.
Entretanto, o conquistador do maior
êxito de todos os tempos não se ausentou do mundo como quem triunfara...
Não recebeu heranças amoedadas, não
governou princípios políticos, não escreveu livros, não se enfileirou entre os
maiorais de sua época...
Aprisionado como vulgar malfeitor,
foi sentenciado à morte e passou como sendo vítima de pavoroso fracasso.
Contudo, as sementes de amor puro
que colocou na alma do povo transformaram o mundo.
Repara Jesus e perceberás que o
nosso problema não é ganhar para fazer, mas de fazer para ganhar.
A colheita não precede a sementeira,
tanto quanto o teto não se antepõe à base.
Sirvamos
ao bem, simplificando o caminho, de vez que a vitória real é a vitória de
todos, convictos de que não precisamos gastar as possibilidades da existência
em expectativa e tensão, porquanto, se estivermos em Cristo, tudo quanto de que
necessitamos será feito em nosso favor, no momento oportuno.”
“Em nossas aflições, o Pai é invocado. Nas alegrias é adorado. Nas noite tempestuosa, é esperado com ânsia. No dia festivo, é reverenciado solenemente.
Louvado pelos filhos reconhecidos e
olvidado pelos ingratos, o Pai dá sempre, espalhando as bênçãos de sua infinita
bondade entre bons e maus, justos e injustos.
Ensina o verme a rastejar, o arbusto
a desenvolver-se e o homem a raciocinar.
Ninguém duvide, porém, quanto à
expectativa do Supremo Senhor a nosso respeito. De existência em existência,
ajuda-nos a crescer e a servi-lo, para que, um dia, nos integremos, vitoriosos,
em seu Divino Amor e possamos glorificá-lo.
Nunca chegaremos, contudo, a
semelhante condição, simplesmente através dos mil modos de coloração brilhante
dos nossos sentimentos e raciocínios.
Nossos ideais superiores são
imprescindíveis, mas, no fundo, assemelham-se às flores mais belas e perfumosas
da árvore. Nossa cultura é, sem dúvida, indispensável, todavia, em essência,
constitui a robustez do tronco respeitável. Nossas aspirações elevadas são
preciosas e necessárias, contudo representam as folhas vivas e promissoras.
Todos esses requisitos são
imperativos da colheita. Assim também ocorre nos domínios da alma.
Somente é possível glorificar o pai
quando nos abrimos aos seus decretos de amor universal, produzindo o bem
eterno.
Por isso mesmo, o Mestre foi claro
em sua afirmação.
Que
nossa atividade, dentro da vida, produza muito fruto de paz e sabedoria, amor e
esperança, fé e alegria, justiça e misericórdia, em trabalho pessoal digno e
constante, porquanto somente assim o Pai será por nós glorificado e, só nessa
condição, seremos discípulos do Mestre Crucificado e Redivivo.”
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