Anúncio da traição
13,21
Dito isso, Jesus falou de forma
aberta: “ -Em verdade, em verdade vos digo, um de vós há de Me trair!”
13,22 Os discípulos olhavam uns para os
outros sem saber de quem falava Ele.
13,23
Um discípulo, a quem Jesus amava, estava à mesa, reclinado ao peito de
Jesus; 13,24 Simão Pedro
acenou-Lhe, para dizer-Lhe: -Diz-nos de quem Ele
fala!
13,25 Reclinando-se, este mesmo discípulo, sobre o peito de Jesus,
interrogou-O: -Senhor, quem é?
13,26 Jesus respondeu: “ -É aquele a quem
Eu der o pão embebido.” Em seguida, molhou o pão e deu-o a Judas, filho de
Simão Iscariotis.
13,27 Logo que ele o engoliu, um espírito do mal apossou-se
dele. Jesus disse-lhe, então: “ -O que queres fazer, fazei-o depressa”
13,28 Mas ninguém dos que estavam à mesa
soube por que motivo lho dissera;
13,29
pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe falava
-Compra aquilo de que temos mister para a festa ou... -Dá alguma coisa para os
pobres...
13,30 Tendo Jesus recebido o bocado da pão,
apressou-se em sair. E era noite...
Para
Jo (13,21-30), -Anúncio da Traição - leiamos a Bittencourt Sampaio por Frederico Jr. em “Jesus
perante a Cristandade”:
“ ...E não sejam os vossos erros
motivo de desânimo; lembrai-vos que o Divino Jesus, à mesa da Ceia Pascal, deu
também a Judas, que o devia atraiçoar, o pão e o vinho que repartira com todos
os seus discípulos; lembrai-vos que aos seus pés ele se ajoelhou, também, para
lavá-los!
E do
alto da cruz, invocando o perdão para todos os que o odiavam, ele estende o seu
infinito amor, a sua divina misericórdia a todos aqueles que o buscam nas asas
da prece fervorosa, enveredando-os pelo luminoso carreiro que os deve conduzir,
puros e limpos das máculas do pecado, aos pés do seu e nosso Criador e Pai!
Sem nos determos, porém, nessa
sublime passagem dos evangelhos em que mais se exalta Jesus, o nosso Divino
Mestre, o maior dos Espíritos baixado à Terra, humilhando-se aos pés dos
homens, acompanhemos a narrativa do Discípulo Amado, buscando novos ensinamentos
que, dando-nos alento, nos encorajem na nova cruzada em que nos empenhamos,
para o restabelecimento das verdades evangélicas.
E, visto que não podemos, de modo
algum, tomar ao pé da letra aquilo que se encontra nos Evangelhos, cumpre nos
esforcemos para, interpretando em espírito e vida os sublimes ensinamentos, bem
compreendermos a Boa Nova de N.S. Jesus Cristo.
Diz-nos o Discípulo Amado que,
depois que o Senhor deu a Judas o pão molhado, nele entrou Satanás, que devia,
na Terra, levá-lo à prática da negra traição ao Divino Mestre.
Se interpretarmos à letra as palavras do
evangelista, cairemos no absurdo de admitir que N.S. Jesus Cristo dava ao
espírito das trevas a posse de Judas, no alimento que lhe oferecera à mesa da
Ceia Pascal.
Essas palavras, porém - entrou nele Satanás -, são figuradas e
apenas significam que no espírito de Judas germinava a idéia do crime, que
então se fazia resolução.
Era chegado o momento de se
realizarem as profecias; cumpria que o Manso Cordeiro fosse levado ao
sacrifício, para redenção dos homens!
E, folheando os Evangelhos,
encontrareis, cristãos em Cristo, em muitas passagens, o nosso Divino Mestre
perseguido pelas multidões que tentam tirar-lhe a vida, encobrindo-se às suas
vistas, pois que o seu momento ainda não era chegado, o que em abundância prova
que o corpo que o revestia era de natureza fluídica.
O príncipe deste mundo, isto é, o
mal, não podia ainda ter acesso naqueles que deviam levar à morte o Amantíssimo
Cordeiro; rodeava-o uma atmosfera de luz onde não podiam penetrar os maus -
aqueles que odiavam a Jesus e aos seus queridos discípulos, os encarregados de
espalhar sobre a superfície da Terra a santa doutrina do amor e de perdão que
Ele pregara.
Findo o banquete divino, tendo o Senhor
feito o seu testamento, isto é, tendo dado aos seus discípulos as instruções
necessárias para que eles pudessem desempenhar a santa missão de que os
incumbira na Terra, desfaz-se essa atmosfera de luz, por ação da sua divina
vontade, principiando, então, o reinado das trevas; e, perfeitamente livres, os
pérfidos e ingratos atuam sobre aqueles nos quais encontram os elementos
necessários para o sacrifício do Divino Redentor!
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