A Luz do
Caminho
por Indalício Mendes
Reformador (FEB) Setembro
1957
O Espiritismo não é
uma religião de fantasia nem se apraz em festas de caráter mundano, porque sua
finalidade é esclarecer, educar e reformar a criatura humana, dando-lhe
elementos para alcançar a felicidade, sem se esquecer de que, na vida terrena,
tudo está mais ou menos subordinado à lei de relatividade. Se os espíritas não forem
práticos e objetivos no trato com as criaturas que os cercam, podem ficar
certos de que não são Integralmente espíritas. Espiritismo é Jesus livre de
fantasias e preconceitos. Espiritismo é o caminho da redenção espiritual
através do Evangelho. Espiritismo é a iluminação que se opera dentro de cada um
de nós, abrindo novos horizontes para a nossa alma. Se não possuirmos forças
para realizar a própria reforma, não seremos jamais colaboradores na obra de
reforma dos nossos semelhantes. Por isto, antes de policiarmos os atos alheios,
policiemos os nossos. Sejamos rigorosos com que pensamos e fazemos, porque
estaremos mais perto da verdade espírita e do pensamento de Jesus.
A função do Espiritismo no mundo é propagar e realizar o
Cristianismo em Cristo. “Evolução, ressurreição, ascensão, pelo desejo, pelo amor
e pelo esforço dirigido para o alto, tal, pois, a doutrina espiritual de
Jesus-Cristo”, diz o Padre Alta em “O Cristianismo do Cristo e dos seus vigários”.
O Espiritismo veio restabelecer o verdadeiro Cristianismo no mundo. Basta que se
atente para a Doutrina que Kardec codificou, reunindo mensagens captadas do
mundo invisível.
Ao contrário do que muitos leigos o supõem, o Espiritismo
é uma religião de vida, alegria, amor, fraternidade perene. Não é uma religião de
conformismo suicida, mas de conformação consciente em face apenas do que é irremediável.
Os espíritas não conservam Jesus pregado à cruz, mas o apresentam resplendente
de glória, ensinando à Humanidade que Ele é Caminho,
Verdade, Vida. O pieguismo não tem pousada no Espiritismo que é doutrina de
trabalho intenso, de atividade fecunda, de ação esclarecida. O Espiritismo é
otimista e construtivo. Age e reage, expande-se e se aprofunda, buscando alargar
cada vez mais o âmbito de suas tarefas regeneradoras. Os espíritas não perdem
tempo em lutas estéreis, porque estão e devem estar sempre empenhados na boa
luta, que é a divulgação e o ensino da Doutrina e a
exemplificação da moral espírita.
O Espiritismo prega a humildade consciente mas não o
servilismo aniquilante. Faz o homem compreender que ser humilde não é ser passivo
nem indiferente à defesa de princípios que sua Doutrina expõe, defende e
explica. Ninguém foi mais humilde do que Jesus. Todavia, quando se tornou
preciso revelar energia eis que Ele revela toda a pujança de seu Espírito e expulsa
do Templo os mercadores que profanavam lugar santo. Hoje, o número de mercadores
cresceu, a simonia (compra ou venda ilícita de coisas espirituais (como
indulgências e sacramentos) ou temporais ligadas às espirituais (como os
benefícios eclesiásticos)) agigantou-se,
mas permanece puro o Cristianismo do Cristo que o Espiritismo herdou e prega,
sem apego a liturgias nem sujeito a exclusivismos sacerdotais.
A única arma do Espiritismo é a prece e os seus combates
são os combates do bem pelo bem e para o bem, porque só a multiplicação do bem reduzirá
o mal e acabará por extingui-lo. O Espiritismo não catequiza: instrui; não
dogmatiza: esclarece; não persegue: orienta; não odeia: ampara; não desajuda:
colabora; não deblatera: ora; não se vinga: perdoa: não mostra ressentimento:
ama. Em todos os seus atos há amor, trabalho, dedicação, abnegação, fraternidade
e renúncia.
O Espiritismo respeita todas as demais religiões, porém
realiza o seu trabalho somente com o pensamento voltado para Jesus, através das
lições luminosas do Evangelho segundo o
Espiritismo, que é a Luz do Caminho. O Espiritismo não repele a Ciência,
pois é também Ciência e se nutre dos progressos científicos que enriquecem o
patrimônio da Humanidade. O Espiritismo não desdenha da Filosofia, porque é
também Filosofia e realiza pela via dos conhecimentos filosóficos o consórcio
com a Religião porque á a Religião do Cristo!
Ser espírita não é tão fácil quanto parece. Mas aquele
que consegue iluminar-se, vive num mundo feliz porque ama e sabe que o amor sabe
que o amor suaviza todas as agruras, adoça todas as amarguras, desfaz todas as
arestas, encurta os caminhos mais longos e ásperos. O Espiritismo oferece às criaturas
humanas a paz que elas têm procurado em vão. Explica-lhes muitas coisas que sempre
foram tidas como misteriosas e indevassáveis aos que têm olhos para ver e não veem;
aos que se deixaram vendar pelos dogmas que exigem a fé com o sacrifício da
inteligência e da razão.
Se você, leitor, é um adepto novo do Espiritismo,
prossiga no rumo que adotou, porque é o certo, estudando e pondo em prática, no
dia a dia da vida, as lições aprendidas. Verá como o mundo lhe parecerá melhor
e o futuro se lhe apresentará desde então, como uma promessa indescritível de
esperança e tranquilidade. Se, no entanto, você não é espírita e está lendo estas
linhas por mera curiosidade, aproveite melhor seu esforço: medite acerca de
cada uma das verdades secundárias, adquirindo forças para alcançar, mais tarde,
a Grande Verdade que a Doutrina Espírita possibilita, quando estudada com
atenção e imparcialidade. O Espiritismo não é uma posição de fé: uma vez
compreendido, torna-se uma afirmativa de confiança no amanhã, pela segurança
que dá à alma, pela certeza que oferece ao ser humano de ir ao encontro da felicidade,
pela compreensão da Vida, pelo conhecimento da razão de ser de muitos problemas
humanos que nenhuma religião, antes do Espiritismo conseguiu resolver! Insista
em sua leitura e transforme-a num estudo cuidadoso. Leia sempre mais um pouco.
Procure conhecer as obras fundamentais do Espiritismo e o que elas contêm de
valioso. O Espiritismo não tem mistérios nem milagres. Algum dia, amigo, você
encontrará pelo menos a oportunidade de comprovar os benefícios que a Doutrina
Espírita trará para a sua formação e espiritual ou para a sua reforma íntima,
conforme o caso. O Espiritismo não ilude ninguém. Ensina que a felicidade do homem
tem de ser obra do próprio homem, que terá de retificar sua orientação na vida,
pautando-a em normas evangélicas, segundo os ensinamentos codificados por Allan
Kardec.
“A revelação cristã havia sucedido à revelação moisaica;
a revelação dos Espíritos vem completá-las. Isto anunciou o Cristo e podemos acrescentar
que ele próprio preside a esse novo surto de pensamento”: E eu rogarei ao Pai, e
ele vos dará outro Consolador, para, que fique eternamente convosco o Espírito
de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê nem o conhece."
(João XVI, 16, 17.)
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