O
espírito não morre
por Deolinda Tosta da Silva
Reformador (FEB) Abril
1918
O ponto de vista
materialista, com respeito à morte, é por demais absurdo. Não se pode conceber
a ideia, de que, havendo um criador de tantas maravilhas, tivesse criado o
homem, para depois dar-lhe um fim tão miserando.
O sepulcro nunca será o último pouso do peregrino da vida,
porque, além do corpo falível, que à terra pertence, temos o espírito imortal.
A tumba pode conter a matéria, mas a alma, não, esta irá
livremente deslizando pelo espaço n fora, a descortinar sempre novos horizontes
e buscando no grande laboratório da criação de Deus os fortificantes que irão curar
as falhas nela existentes como frutos de suas más ações enquanto inexperiente.
O cemitério para muitos é aterrador.
Os ciprestes, estas árvores esguias, eretas para o céu, as
flores, que são as últimas homenagens prestadas a quem morre, tudo lhes faz
medo e horror.
Mas, lá mesmo no Campo Santo, impera, ainda, o orgulho do
homem.
Até aí vamos encontrar os grandes mausoléus, com
inscrições esculpidas no mármore, mostrando o nome daquele cujo corpo ali jaz.
Tudo isto é vaidade e podridão, porque o verme que corrói o organismo do pobre
em cova rasa também corrói o do rico em sua carneira sob suntuoso monumento.
Eu, porém, sou diferente de muitos.
Apraz-me visitar as necrópoles, estar ali pensando algum
tempo no destino do Homem. Ali, só há matéria inanimada, na qual o espírito
perpetra tantos crimes.
É este o destino do corpo, enquanto a alma vai dar conta
da missão confiada, e haurir novas forças para recomeça-la quando não cumprida.
São todos iguais perante a morte, porque desta ninguém escapa. O rico não
humilhará o pobre com sua fortuna, pois não pode dispor mais dela.
Os bons o bem terão, e os maus, terão que sofrer, até que
chegue o dia do seu arrependimento.
Tempo virá, que em vez da tristeza, reinará a alegria na chamada
cidade dos Mortos, e todos compreenderão que o “eu” não é o corpo e sim o
espírito que não morre nunca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário