Intolerância Criminosa
Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Outubro 1957
Não
obstante a frequência com que se fala em liberdade e a maneira suave de se
expressarem aqueles que detêm o poder nas mãos, a intolerância continua forte e
violenta, como há cem anos atrás. É bem verdade que já não se queima ninguém em
nome de Deus mas pouco falta para se alcançar a plenitude dos excessos
uJtramontanos, verificados em tempo não muito distante. Religiões dominantes
põem de lado os princípios do Cristianismo, de amor e tolerância, e buscam o
auxílio oficial para imporem a sua vontade, como se fosse possível sufocar a
realidade dos fatos com providências truculentas. O mal que podem fazer é
retardar o conhecimento da verdade, nunca, porém, eliminá-la, pois a verdade é
eterna e o poder humano está sujeito à temporeidade (temporalidade) das coisas transitórias...
Não faz
muito tempo, na Inglaterra, segundo divulgou o jornal inglês "Two
Worlds", realizava-se uma sessão de materialização num apartamento
particular, na cidade de Nottingham, com o concurso do médium especializado Helen
Duncan. Prosseguiam calmamente os trabalhos quando a policia invadiu
brutalmente o apartamento, à cata de provas para a fraude que se cometia (!).
Todos os recantos do apartamento foram revolvidos sem o menor acatamento ao
direito de propriedade nem ao respeito devido a uma residência particular. Os
policiais farejavam barbas falsas, máscaras, enfim qualquer acessório destinado
à obtenção fraudulenta das materializações. E tiveram de regressar com as mãos
vazias porque a fraude existia apenas na imaginação daqueles que ordenaram a “batida”.
O médium,
uma senhora de cinquenta e cinco anos, teve de ser recolhida ao hospital, em
estado de choque, onde permaneceu cinco semanas, vindo a desencarnar. O médico
que a atendeu declarou que ela possuía um coração fraco mas que a morte fora
causada pela intervenção brutal da polícia. Isso aconteceu num país como a
Inglaterra que se diz super civilizada e respeitadora dos direitos individuais.
Imaginem os leitores o que pode acontecer em países onde as manobras do alto
clero se tornam cada dia mais evidentes por sua hostilidade ao Espiritismo. Helen Duncan já
havia sofrido anteriormente perseguições da Justiça e fora condenada
injustamente como feiticeira...
O fato
provocou grande ruído na Inglaterra. Os perseguidores de Helen Duncan não têm
meias medidas. Para eles todas as manifestações mediúnicas são fraudulentas!
Segundo
o referido jornal espírita inglês, a Sra. Helen Duncan, no começo da última
guerra, participara de uma sessão de materialização em Portsmouth, durante a
qual se manifestaram diversos marinheiros desencarnados, que declararam ter perecido
com o afundamento de seu navio “HMS Barham”. Ao saber disso, o Almirantado
inglês, por motivos estratégicos conservou em segredo a revelação. Helen
começou a sofrer perseguições. Aí está: dois fatos que o povo desconhecia, o
afundamento do navio e a perda da tripulação, são revelados numa sessão espírita
e mantidos em secreto pelo Almirantado inglês, que sabia da sua veracidade ou viera
a saber por intermédio da aludida sessão. Entretanto, isto em vez de servir para reafirmar,
uma vez mais, a realidade pujante do Espiritismo, suscita perseguições, como
essa, da polícia londrina, que teve como epílogo a morte de uma mulher que cometia
o crime de ser médium!
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