20
A Pastoral
Sob o título "0 Culto à
Virgem" publicou o Jornal do Commercio a anunciada pastoral de S. Eminência o Sr. Cardeal, exclusivamente
dirigida contra o Protestantismo e o Espiritismo.
Quanto à parte que nos toca – nada
teríamos a dizer se não fosse o modo -curioso da cotação, isto é, de sermos
dignos de só receber três novenas, enquanto os nossos irmãos protestantes
receberão meia dúzia.
Algumas das ovelhas de S. Em. tem-se
visto em apuros para cumprir fielmente as prescrições da pastoral, visto que só
tiveram notícia dela no dia 4 de tarde e só no ~dia 5 é que ela foi publicada,
sendo-lhes assim impossível rezar desde o dia 1º de outubro.
S. Em. recomenda a recitação do
rosário ou mesmo do terço, como um grito de protesto contra a religiões que ele
chama de heréticas.
Ora, S. Em. sabe muito bem que rezar
um rosário ou um terço da maneira por que geralmente é feita, é o mesmo que
tocar uma chapa de gramofone, porque, na maioria dos casos, as palavras vem somente dos lábios e não
recebem o impulso do coração que as eleve até ao sólio daquele a quem são
dirigidas. O coração nada sentindo nulo será o resultado.
Para demonstrar a nossa boa vontade
e desejo de bom sucesso a S. Em. aconselhamos às suas ovelhas e mesmo ao, clero,
que orando, procurem sentir a prece, pois sabemos por experiência o valor do
pedido sincero de interseção dirigido à rainha dos anjos, com fé e humildade. Muitas
graças temos assim recebido, mesmo sendo espíritas, daquele espírito amoroso,
sempre pronto a socorrer os desgraçados.
Não nos leve a mal S. Em. este
conselho que oferecemos às suas ovelhas e ao clero. Pode S Em. ficar certo de
que ele apenas representa o sentimento de fraternidade, pois que, a despeito do
rancor que transparece na pastoral contra nós, S. Em. há de convencer-se um dia
de que todos somos irmãos, filhos do mesmo Pai - Deus - nosso Criador, e
segundo os ensinos de Jesus devemos .amar-nos uns aos outros, e mais, amar os
nossos inimigos.
Quanto ao valor da prece, para
atrair sobre o ‘Soberano Pontífice" Pio V as graças da Virgem, aí pedimos
licença para discordar de S. Em. pois é público e notório que o "dito pontífice foi inquisidor-mor e os sentimentos da Virgem não se coadunam com
atos por ele praticados durante ou mesmo antes, do seu papado.
Como muitos podem pensar que Pio V
foi um santo, desconhecendo a história dos diversos pontífices citados por S.
Em., eis aqui um pequeno trecho referente a Pio V, tirado da "História dos
Papas":
“Para
dar uma ideia exata da ferocidade de Miguel Ghisleri, antes de ser papa,
citaremos textualmente algumas passagens das instruções que ele dirigia ao
inquisidor de Veneza: "'O inspetor geral dos tribunais do santo ofício ao
venerável Montalto, inquisidor de Veneza: Caríssimo irmão... Que nenhuma consideração humana ou divina vos
faça parar no caminho em que entrastes: lembrai-vos de que o nosso divino
mestre disse: ‘Aquele que amar o seu pai e sua mãe, o seu filho ou a sua filha
mais do que a mim, não pode ser meu discípulo.
O homem deve ter por inimigos os da sua própria casa, porque eu vim para
separar o esposo da esposa, o filho do pai, a filha da mãe. - Não penseis que
vim trazer a paz à Terra; vim trazer a espada; combatei, pois, por mim sem trégua
e sem temor, porque aquele que conservar a sua vida perdê-la-á e aquele que a tiver
perdido por amor de mim recupera-la-á."
“Que
estas santas palavras sejam a regra do vosso proceder: tortura sem piedade, dilacerai
sem misericórdia, queimai sem dó nem compaixão vosso pai, vossa mãe, vossos
irmãos e vossas irmãs, se não estiverem submetidos cegamente à Igreja católica
apostólica romana."
Que horror! E este é um dos santos da igreja! Mas isto está
perfeitamente de acordo com a doutrina católica que aceitou o lema dos
jesuítas: "os fins justificam os meios."
Aplicou certas passagens do
Evangelho aumentando o que lhe convinha para o fim em vista, deturpando o
sentido, e quer o Sr. cardeal que se louve um homem e o recomendem à Virgem; um
desalmado da mais baixa espécie, um desclassificado que não trepidou em
aproveitar os textos evangélicos para dar força às suas ordens ferinas.
S. Em., por certo, não pensou bem,
ao escrever a sua pastoral, sobre os atos dos papas citados.
Estou crente de que o único desejo
de S. Em., é que ao menos as ovelhas ainda não contaminadas não se desviem da santa
madre igreja, e desde que o processo para o conseguir é tão somente a pregação
das novenas, a reza dos rosários, e prática das boas obras pelos fiéis, é de crer,
se sinceramente orarem e pedirem à Virgem Luz para os seus espíritos, que a
Virgem lhes apontará o caminho que lhes convém seguir. E S. Em. deve conformar-se com o resultado.
S. Em. o Sr. Cardeal começa a sua
pastoral avisando aos rev. Srs. padres de que ele tem o imperioso dever de
zelar pela conservação da doutrina católica e que lhe cabe a relativa obrigação
de usar dos meios que a isso conduzem.
Nós estamos de pleno acordo com S. Em. pois quem é pago para zelar uma
coisa qualquer zelando-a, não faz, por certo, favor.
Mas para zelar pela doutrina católica,
parece-nos inútil mandar fazer pregações com o fito único de acirrar ódios
contra as religiões discordantes. O único resultado que a sua pastoral
produzirá, será aumentar as nossas fileiras como sucedeu por ocasião da
pastoral dos bispos reunidos em Friburgo.
O que o homem procura, hoje em dia,
é uma religião que lhe fale a alma e não uma que o empolgue tão somente pelos sentidos.
Ele já compreendeu que as pomposas igrejas não mitigam a sua dor nem respondem
a sua pergunta "porque sofro se nada
fiz nesta existência que mereça as torturas por que passo?” E ele não aceita mais o ensino da doutrina católica
"que os filhos sofrem pelos pais", visto que um pai da Terra é
incapaz de castigar um filho pelo que o outro fez. Ele pergunta: que religião é
essa que explora o homem desde o berço até á sepultura? Desde o batismo até a
encomendação do corpo, e que a despeito dela apodrece e desaparece como o corpo
de um animal qualquer? Deus teria dado ao clero o poder de vender sua justiça e
dispensar, à revelia, suas graças? São estas as conjecturas que afloram à mente
do homem, forçando-o a procurar a verdade.
Quem o pode impedir de procura-la no
Evangelho ou condena-lo por achar o espiritismo de acordo com os ensinos de Jesus?
O espiritismo lhe revela um Deus justo e misericordioso que a cada um de acordo
com as suas obras. Mostra-lhe que cada um tem o seu livre arbítrio e que é
responsável pelo uso que dele faz, e que só a Deus tem que dar contas dos seus
atos, que o progresso é uma lei e que toda criatura atingirá a perfeição pelas
sucessivas reencarnações.
S. Em. deve estar farto de saber que
palavra sem exemplos não produzem efeito nenhum e que o velho chavão ‘fazei o
que vos digo e não o que faço’ já perdeu a sua força. A humanidade está muito
mais esclarecida do que o foi na Idade Média.
0s espíritos, devido ás constantes
reencarnações, tem progredido, e mesmo que estejam sem instrução, raciocinam e
seguem o caminho que a razão lhes aponta, sem olhar para trás.
Se S. Em. quer, de fato, que a sua
pastoral produza o desejado efeito, só um caminho lhe resta a seguir: aquele
aconselhado por Jesus ao moço rico: Vender o palácio episcopal e todos os bens
da igreja e distribuir o produto entre os pobres; tomar um bastão de peregrino,
e imitando os apóstolos, pregar os santos Evangelhos. Verá quão grande será o
rebanho que seguirá as suas pegadas.
S. Em. diz que lhe é doloroso ver
tantas almas resgatadas por Jesus Cristo, arrancadas ao seio igreja pelos erros
que grassam especialmente pelo espiritismo e protestantismo que assombrosamente
se propagam. Mas S. Em. deve saber,
porque Jesus o disse, "que não cai um cabelo da nossa cabeça sem que Deus
o queira". Se, pois, Jesus falou a verdade, os espiritas o são porque Deus
o quer, e se Deus o quer, poderá o terço ou a devoção pelo santo rosário
impedir que o espiritismo continue a propagar-se, mesmo entre o clero católico,
como já o fez entre o clero, anglicano na Inglaterra?
Mais difícil do que para um católico,
é para um israelita tornar-se espírita, visto que ele tem que tornar-se cristão
e, no entanto, em Londres, há um grande centro espirita israelita.
Orem pois, como manda S. Em. mas orem
com sinceridade à Virgem, nossa mãe, pedindo que dos páramos onde habita faça baixar
a sua luz sobre a pobre humanidade e que interceda perante o nosso Criador e Pai para que a sua santa paz baixe
sobre o mundo; que tenha misericórdia de toda humanidade sofredora e especialmente
daqueles que trilham o caminho errado, e esperem pelo resultado. A prece é a
maior alavanca que a humanidade possui; se ela a usasse constantemente, quantas
desgraças se evitariam? E aos nossos confrades reiteramos o pedido de não se
esquecerem nunca de pedir a Deus misericórdia para os nossos inimigos e da doutrina
espírita, especialmente o clero católico da Terra e do espaço, e assim
cumpriremos o nosso dever.
Um parêntese:
Falando com o meu amigo Rocha, bom e
sincero católico, fiquei surpreendido com a sua confissão de não ter lido a
pastoral de S. Em. o Sr. Cardeal. Assim, transcrevendo-a parceladamente, para
comentá-la, presto um serviço a S. Em., serviço, que estou certo ele
saberá
recompensar com uma prece à S. S .Virgem pelo escrevinhador destas linhas.
Diz S. Em: "O principal cuidado dos católicos foi sempre
acolherem-se sob a égide de Maria e recorrerem à sua maternal bondade nos
tempos de perturbação e nas circunstâncias perigosas. Isto prova que a Igreja Católica sempre pôs, e
com razão, toda a sua confiança e esperança na Mãe de Deus. Com efeito a S. S.
Virgem, isenta da mancha original, escolhida para ser a Mãe de Deus, e por isso
mesmo a Ele associada na obra da criação do gênero humano, goza junto de seu
Filho dum favor e dum poder tão grande que jamais a natureza humana e a
natureza angélica puderam nem poderão obtê-los iguais. Assim, pois, já que lhe
é sobremodo lisonjeiro e agradável conceder o auxílio e a sua assistência a
todos que lh'o implorem, não é duvidoso que queira e, para assim dizer, se
apresse a acolher as súplicas que lhe dirija a Igreja universal."
Estamos de acordo com S. Em. porém,
em termos.
Que é agradável à Virgem, espírito
todo amor, que os seus filhos se acolham sob a sua égide, sobre este ponto não
existe divergência entre nós; mas que o façam, como diz S. Em. só nas ocasiões
das grandes perturbações nas circunstâncias perigosas, não é lá muito coreto.
Se o fizessem sempre, porém, com sinceridade, e pedissem forças para corrigir os
seus defeitos e as suas más tendências e, de fato, procurassem atingir esse desiderato,
quando chegasse o momento do perigo ou de perturbações, os seus espíritos
(almas) estariam mais preparados para enfrentar os embates e, fortalecidos pela
fé viva, bafejada pelo amor da Virgem, sairiam da prova vencedores.
Que a Virgem goza perante Jesus de
um grande poder, devido ás suas grandes virtudes também estamos de acordo, e
que ela intercedendo perante ele, obtém graças estupendas para a humanidade, é
certo. Muitas vezes o temos verificado por experiência própria, mas estas graças
são sempre subordinadas à lei de justiça do Criador.
É preciso saber o que se deve pedir,
o que se pode pedir e, sobre tudo, saber pedir.
Se é chegada a hora para uma criatura
de partir para o Além, para a verdadeira pátria, não é dado à Virgem nem a
Jesus, impedir que a lei se cumpra. Se é um pedido para ela castigar um nosso
ofensor também não ouvida a súplica, pelo contrário, os fluidos que se geram
com semelhante pedido, voltam-se como flechas envenenadas contra o pedinte. Se,
de acordo com os desígnios de Jesus, se pedir perdão e misericórdia para o
ofensor, aí sim, a prece sobe até Deus e de lá baixa em bênçãos centuplicadas
sobre quem a formulou e sobre o objetivo dela.
Temos, entretanto, as nossas dúvidas
sobre que a Virgem se considere lisonjeada e se apresse a acolher as súplicas
da, por S. Em. chamada "Igreja Universal", porque é preciso, como
acabamos de dizer, que o pedido seja justo, razoável, isento de segundas
intenções, isento de sentimentos de rancor contra quem quer que seja. É preciso
que a prece surja de um coração bom ou que ao menos tenha a sincera intenção de
sê-lo. A não ser assim o pedido não pode chegar até o seu sólio; perde-se no
turbilhão das paixões que ainda infecta o ambiente da Terra.
Quanto à Virgem ser a Mãe ele Deus,
aí é que discordamos por completo de S. Ex..
De que Jesus é um espírito tão
elevado que a nossa mesquinha inteligência não pode apreciar a sua estatura
moral e científica, não resta a menor duvida: mas se se quiser dar ao vocábulo
o valor que a humanidade em geral lhe empresta, Jesus é uma criatura do Criador
como qualquer um ele nós, com a diferença que Ele, pelo seu próprio esforço,
sem nunca ter falido, já atingiu a perfeição sideral, enquanto nós, em vez de
procurarmos subir, nos afundamos cada vez mais na lama das paixões mundanas, a
despeito de todos os esforços que Ele, a Virgem e os espíritos que trabalham
sob as suas ordens empregam para nos elevar.
Jesus
falando de João Batista, disse: Entre os nascidos de mulher nunca se levantou
maior do que João" e nas bodas de Caná, Jesus falando à Virgem, disse: ''que
tenho eu contigo mulher?, e ainda, quando lhe disseram que sua mãe e seus
irmãos o procuravam fora do templo: "todo aquele que fizer a vontade do meu
Pai é minha mãe, irmão e irmã", Logo, Ele não nasceu de mulher, por ser
maior que João, e todos nós somos seus irmãos se fizermos a vontade do Pai, isto
é, se nós cumprirmos a Sua lei, que é Amor.
Em todos os jornais estão anunciadas
essas novenas de pregação contra o espiritismo e o protestantismo. Vai, pois,
começar o bombardeio e antes de começar, já o resultado está aparecendo, como,
aliás, tivemos ocasião de dizer desde logo.
Outro parêntesis:
Ainda hoje recebemos carta de um
senhor, cujo nome não estamos autorizados a divulgar, do seguinte teor:
"Exmo. Sr. Frederico Fígner: Amistosas saudações. Com respeito à pastoral
de Sua Em... Descendendo de pais católicos, não podia professar outra religião
que não fosse a imposta na infância, Tinha prometido a mim mesmo que jamais
pertenceria ao espiritismo, por ouvir dizer nas igrejas que era arte do demônio;
por outros, que ocasionava a loucura, e além disso era incrédulo. Certo dia,
porém, dominado por uma irresistível vontade, li pela primeira vez a vossa
"Crônica Espírita". Continuando, fiquei satisfeito, senti como se a
luz se fizesse no meu espírito, e finalmente leio hoje as obras de Allan Kardec
e amanhã, "graças ao Senhor", achar-me-ei nas vossas fileiras.
Advirto-vos que justamente esta
mudança se efetuou na semana seguinte à da tão recomendada pastoral... Com consideração
subscrevo-me amigo..."
Louvado seja o Senhor!
Nem podia suceder outra coisa.
Muitos espíritos adormecidos, acostumados à rotina de ir a igreja mecanicamente
cumprir com os seus mandamentos, despertam e veem que os atos por eles
praticados não são atos de religião e sim atos de liturgia pagã, e
compreendendo ao mesmo tempo a necessidade de uma tábua de salvação, vêm busca-la
no evangelho que há tanto tempo se tornou letra morta na igreja de Roma. Vem busca-la
na filosofia espírita que com toda simplicidade lhes explica o por quê da vida
sem "mistério" e sem "milagre."
Há, entre o clero católico,
sacerdotes que nos têm felicitado pela atitude que assumimos diante da agressão
a que somos alvo. Isso em nada nos deve lisonjear pois, o nosso dever é não colocar,
nem deixar colocar a luz debaixo do alqueire: cumprimos apenas o nosso dever.
Em todo trigo há joio; e
constantemente reparamos nos anúncios dos jornais: Invisíveis, Os Invisíveis,
Sociedade Beneficente de Médiuns, etc., sociedades ou indivíduos que, debaixo
da capa do espiritismo, de alguma sorte exploram a nossa doutrina.
Constantemente temos advertido os incautos contra estas armadilhas. Mas se isso
se dá, é porque só se imita uma coisa verdadeira.
Varremos a nossa testada. Hoje, deparamos
no Rio Jornal com o seguinte trecho,
que fala por si: - "O Polvo das Ordens Religiosas – Cumpre ao Povo aniquilá-lo!
Rio
Jornal, folha católica, que vem servindo a igreja com pureza de
sentimentos, sente-se bem ao vergastar a corja de ladrões pançudos que atocham
as 0rdens, (religiosas e católicas) explorando de um lado a religião e do outro
a bolsa alheia.
Da pieguice, da ignorância e do
favor de uns tantos argentários de opa, fazem eles as armas com que esfolam a nossa
população..."
- Como é significativo tudo isso!
Não era o caso de S. Em. o Sr. cardeal antes de ter atirado a luva, que nós positivamente
recusamos de levantar, ter também varrido a testada da sua casa? Serão as
Ordens religiosas obra do espiritismo?
E são justamente irmãos da opa a que
o Rio Jornal se refere, que carregam
os andores das nossas senhoras e dos santos, quando saem em procissão pelas
ruas! Como tudo isso deve ser agradável à Virgem, que do alto da sua gloria,
tudo vê e lê no fundo dos corações!
E o remédio? S. Em. o recomendou, e
bem, não há dúvida - é a oração; mas a oração que se evola dos corações e não
dos lábios, a oração e o modo de orar recomendado no cap. 6º de S. Mateus; poucas
palavras, ditas com humildade e sentimento, fechado o crente dentro do seu
aposento e não na igreja.
20a
S. Em. o Sr. cardeal, por certo
ficou embasbacado ao ler no "Correio" o telegrama de Detroit, que dava
notícia da visita do também Eminente Sr. cardeal Mercier, à convenção trienal
do Episcopado Protestante, onde teve ocasião de dizer "estar convencido de
que os filhos da igreja que ele representa como
aqueles que professam outra religião cristã estão sob a mesma paternidade
de Deus". O menos que S. Em. o Sr. cardeal Arcoverde devia ter pensado na
ocasião, é que foi um tanto precipitado em publicar a sua tão famosa pastoral
e, naturalmente, ficou em dúvida se teria sido inspirado pelo Espírito Santo ou
pelo Demônio.
Para nós, o fato da ida do cardeal
Mercier a Detroit, para visitar a convenção Protestante é bastante
significativo. De um lado um cardeal, cujo valor moral ninguém desconhece;
devido às peripécias da guerra, confessa em público, que para ele, príncipe da
mesma igreja do Sr. cardeal Arcoverde, tanto os protestantes como os católicos
e os de qualquer outra seita cristã são filhos de Deus, enquanto do outro lado,
o seu colega aqui manda pregar seis dias da novena contra os mesmos
protestantes e três dias contra o espiritismo, a religião cristã por excelência.
Antes de começar esta metamorfose católica,
já o bispo de Londres, protestante, também em público, declarou acreditar na
comunicação dos espíritos com os encarnados e na sua materialização, e citou um
caso dele pessoalmente conhecido.
São sinais dos tempos. A verdade vai
triunfando a despeito de todos os esforços daqueles que tem o interesse, talvez
inconfessável, de oculta-la.
Já há tempo tivemos ocasião de nos
referir ao caso da materialização de um espirito no Pará, constatada em inúmeras
sessões por homens da elite paraense, e agora nos vem a noticia, não só da
materialização do espírito, mas de uma operação que, sem produzir a menor dor,
foi por ele executada à vista de dois médicos distintos, sendo um deles
senador.
Como não ha de triunfar o
espiritismo? E quem é que pode impedir que estes fatos se produzam? E quem os
quisesse impedir não seria um louco?
S. Em. o Sr. cardeal recomendou a
oração do terço e do rosário; nós também recomendamos a oração, porém, resumida
e mais sentida tanto aos seus adeptos como aos nossos, e no fim S. Em., ou aqui
ou lá, há de ver o fruto das duas classes de orações. É questão de tempo.
Lembramo-nos ter certa vez, numa
fazenda, assistido, com todo respeito, a uma oração do terço pela dona da casa,
quando de repente, com espanto nosso, ela gritou: "0h Mercedes, vai ver o
feijão que está queimando!" Nunca nos esquecemos deste incidente que
claramente demonstra o valor dessas rezas católicas, aliás, imitação das
orações dos judeus, condenadas por Jesus, por serem absolutamente improdutivas.
A única vantagem que porventura trazem,
é que a criatura durante o tempo da reza, se não faz bem, não produz nenhum
mal.
S. Em. o Sr. cardeal, se tem amor à
sua alma, isto é, se acredita na sua existência (e mesmo que não acredite) deve
recomendar aos seus fieis a leitura e meditação do Evangelho puro e simples,
pois ele é obra de Jesus, o qual, aliás disse, que não falava de si e sim, que
ensinava só aquilo que o Pai lhe recomendara.
Fora disso, fora elo Evangelho, tudo
que se pratica na igreja de Roma é obra dos homens e sem valor. S. Em. nos há
de perdoar a audácia se aqui declaramos publicamente, que temos esta certeza:
S. Em. sabe tudo isso melhor do que nós, como sabe que não só os cristãos como
todas as criaturas, mesmo sem serem cristãs, estão, na frase do cardeal Mercier: "sob a mesma paternidade de Deus",
mesmo porque Ele não pode ser pai e padrasto.
21
Outra Investida
Novas baterias foram assentadas
contra o espiritismo, e desta vez são elas compostas de canhões de grosso
calibre. O artilheiro é o incansável e distinto padre Loeher da Companhia de
Jesus, patrício de Lutero. O diretor de tiro é S. E. D. Sebastião Leme, que
está começando a ensaiar-se neste gênero de guerra.
Com o imprimatur de D. Sebastião recebi um folheto que serve de alimento
a esses canhões de 420.
O folheto começa assim:
"Estimados leitores!
Sois brasileiros católicos, apostólicos,
romanos?
Então não podeis adotar a perniciosíssima
heresia do Espiritismo, sob pena de serdes excomungados pela verdadeira igreja
de Jesus Cristo.
Não podeis adotar um erro tão
grosseiro e irracional como é o Espiritismo, sob pena de serdes taxados de retrógrados
e néscios.
Não podeis admitir uma religião falsa e estulta, importada do
estrangeiro (o padre Loeher não foi importado) sob pena de enxovalhardes a
honrosa tradição, quatro vezes secular do povo brasileiro que sempre foi católico."
A lógica do rev. Loeher é de cabo de
esquadra.
Em tudo neste mundo e mal grado o
clero, o progresso é uma lei à qual ninguém, por mais retrógrado que seja, pode
fugir.
Obstáculos ao progresso tem a igreja
procurado opor em todos os tempos, mas a despeito da sua tenaz oposição o
progresso caminha. As dores muitas vezes ferindo fundo a humanidade, dilaceram lhe
o corpo, como o fez a última guerra, para despertar a alma para
as alvoradas
de uma vida mais consoante com os ensinos evangélicos.
No estado estacionário, senão
retrogrado, em que se acha a igreja, a lei "Amai os vossos inimigos",
pregada por Jesus e representada pela nova doutrina que surge majestosa, é uma heresia. E ele fato o é.
Não pactuar com a transformação do
altar em um balcão de carne seca, onde tudo se ajusta a peso do vil metal, cujo
uso o divino Mestre proibiu aos apóstolos, é ser louco, herético, falso e
estulto, nestes dias de mercantilismo prático.
O ser excomungado pela santa mãe igreja é um horror a que ninguém de
bom senso se pode expor, pois os espíritas que foram católicos (e entre eles minha
esposa que teve a ventura de ver, sentir, abraçar e ser beijada pela sua filha
depois de 13 meses de desencarnada) são uns verdadeiros desgraçados.
Não deixa de ser um néscio quem
adotar o erro grosseiro, irracional e seguir o conselho do Cristo de se sacrificar
pelo seu próximo. Mas neste caso o mais néscio foi o próprio Cristo, e foi
assim taxado pelos sacerdotes daquele tempo, porque lhes veio estragar o
rendoso negócio de vender as entradas no reino dos céus.
O admitir-se uma religião que não
seja puramente nacional, é forçoso
convir, nestes tempos de nacionalismo
é um crime, mas neste caso é preciso banir em primeiro lugar a religião católica,
pois esta é de todas a mais estrangeira.
E em, segundo lugar banir o clero que nao seja nacional ou ao menos obriga-lo
a ganhar o pão com o suor do seu rosto, em vez de o ganhar com o suor do rosto
de seu próximo. E isso é o que o clero quer que continue a constituir a mais
honrosa tradição do povo brasileiro.
Agora, quanto a ser a religião
espirita estulta e falsa, isto depende do ponto ele vista de cada um.
Não ponho em dúvida a boa fé com o
que o rev. Loeher escreveu esta frase, e a mesma boa fé com que d. Sebastião a
subscreveu. Mas esta mesma boa fé nós a reclamamos para nós e neste caso é
preciso um estudo acurado para se verificar de que lado está a razão.
A primeira coisa a averiguar é o
interesse que move as partes contendoras. E como estou certo de que o rev.
Locher está agindo de boa fé, proponho-lhe, também de boa fé, a nomeação de uma
comissão de ateus ou positivistas ou simples materialistas, que nenhum interesse
possam ter por um ou outro lado, para decidir a nossa pendência, isto é, para
decidir qual das duas religiões é falsa ou estulta. Sim, qual das duas, porque
os mesmos direitos nos assistem, e nós preferimos usar termos mais suaves,
porque certos estamos de que com termos acres nada arranjamos, e preferimos
mesmo ser mansos como as pombas do que agressivos como as feras. Sentimo-nos
mais à vontade.
Esperamos, pois, as ordens do rev.
Loeher e de S. E. D. Sebastião e continuemos a comentar o folheto, do revmo.
Loeher.
21b
Diz s. rev. que "A doutrina
infalível da igreja ensina que só por uma exceção da lei que separa o mundo visível
do invisível, Deus permite que anjos apareçam - em forma visível aos homens da
Terra e só para certos fins sobrenaturais" (Que sirvam os interesses
materiais da igreja).
Ora, meu caro padre, bem se vê
através da pele de carneiro as unhas do lobo. Deus, por ser Deus, é que não faz
exceção da lei, e a palavra sobrenatural só existe no dicionário da igreja para
a fabricação de dogmas, e v. rev. melhor o sabe do que eu.
Jesus, porém, disse: "Escrito
está: vós sois deuses", referindo-se a toda humanidade, e isto em resposta
aos fariseus que em todos os tempos procuraram encobrir a verdade aos povos. E
sendo assim, sendo todos nós filhos de Deus, não há razão para que os anjos, ou
espíritos não nos possam aparecer, falar e aconselhar para o bem, como
constantemente o fazem, mal grado a negação do clero.
Se o espiritismo não fosse uma
verdade, aliás, constatada por muitos padres aqui, o clero não se daria tanto
trabalho para procurar abafa-lo e especialmente as materializações, que eu tive
a grande ventura de presenciar e que são a prova provada de que os mortos
voltam e que tudo o que o clero arquitetou para confundir os homens, não passa
de uma grosseira mistificação.
E tanto assim é, que o clero anda
cabisbaixo, desconfiado, sentindo no seu íntimo que a maioria do povo já
compreendeu a mistificação que lhe querem impingir como religião. O grito de
consciência que o clero ouve e que lhe diz que prestes está a se precipitar no
abismo apocalíptico, está produzindo os seus efeitos e qualquer dia, e Deus
queira que não seja longe, veremos uma deserção em massa das fileiras de Roma.
Os mais corajosos sentem o solo
fugir-lhes debaixo dos pés e procuram apressar os passos para ver se alcançam
terra firme, mas em vão .. E sentindo a sua fraqueza, apela o clero para os mafuás
para ver se com o jogo embriaga o povo. Vicia-o, sim, mas a fé cada vez mais se
apaga.
Tão mal visto anda o sacerdócio que
já é preciso lançar mão de reclame especial para alistar meninos para os
seminários, pois a rapaziada já não quer ser padre. E, em contraposição nunca
se viu tantos moços e moças espíritas convictos, fervorosos e cheios de fé. Todos
vieram do catolicismo. Sentiram que aquilo não era religião, porque Deus não
podia ser parcial concedendo aqueles que podiam comprar uma grande vela a saúde
e a felicidade e negando as suas graças aos pobres que não dispunham de
recursos para fazerem e cumprirem uma promessa.
O fato é que os maiores sofredores
que se manifestam nas sessões espiritas são frades padres cônegos, bispos,
arcebispos, cardeais e papas, todos eles carregando ainda o estigma da
ignomínia e de todas as misérias que os infelicitaram na Terra.
Meu caro rev. Locher, se quer evitar as dores
que acicatam os seus colegas, tome o meu conselho: largue a batina e procure outros
meios, que não o de querer tapar o sol com uma peneira, para servir a Jesus.
E se tem duvidas, faça uma experiência.
Lá na sua Companhia, forçosamente há de haver um médium. Experimente com alguns
de seus colegas, fazendo-os sentar-se ao redor de uma mesa e colocar as mãos
sobre ela. Feito isso, faça um sincero apelo a Deus, porém sincero, pedindo a
graça que algum dos seus parentes ou amigos possa vir e esclarece-lo. Espere
com paciência até que a mesa se mexa. Aí, então, interrogue à entidade que se
manifestar; de que lado está a verdade.
Se o seu pedido for sincero os bons
virão e o esclarecerão, se, porém, a sua sinceridade for a mesma com que parece
ter escrito o seu folheto, não faça a experiência, porque fatalmente será mistificado
por um desses padres, que estando nas trevas, para lá quer atrair o resto dos
seus companheiros.
Nisso o espiritismo tem a vantagem sobre
todas as religiões. De ninguém se exige que creia sem ver. A todos é dado
verificar com fatos a prova da sobrevivência, e o interesse com que os nossos
parentes e amigos nos acompanham, vendo os nossos atos, sofrendo com os nossos
desvarios e gozando quando observam que procuramos ser cristãos.
Faça a experiência, meu caro rev.
Locher, e depois, conversaremos. Estou certo que não deixará de me agradecer o
conselho.
21c
Disse v. rev.: "Quem segue a
religião do Espiritismo, cujo rito essencial consiste na evocação dos espíritos,
(que em absoluto não é verdade) desobedece diretamente as ordens de Deus que já
no tempo de Moises proibiu esse comércio abusivo (portanto possível, não é
assim,?) com o mundo do além. (Levítico 26, 27, Deuteronômio 18:10-13)" .
A esse propósito, dissera o Dr.
Mullins: "Vou primeiramente citar e comentar algumas passagens do Velho
Testamento e concluirei pela análise do caso especial da (para ele) feiticeira, (para nós médium) de Endor,
consultada pelo rei Saul . E cita: Levítico 19 :31; 20:6; II Reis, 21:6, 23:24;
Deuteronômio, 18:9-14; Isaías, 8 :19."
V. rev. padre Loeher, esqueceu-se de
citar o capítulo do Levítico. Foi, por certo, confundido na ocasião de escrever,
porque os versículos 26 e 27 do capitulo 19 dizem o seguinte: "Não comerás
coisa com sangue. Não usareis de agouros, nem observareis sonhos. Não cortareis
o cabelo em redondo; nem raspareis a barba ... eu sou o Senhor" e no mesmo
Levítico capitulo 21, os vers. 5 e 6 prescrevem o seguinte: "Os sacerdotes
não farão calva na sua cabeça e não
rasparão a ponta da sua barba ... Santos serão a seu Deus e não profanarão o
nome do seu Deus ..."
V.
rev. não pode negar que os versículos por mim citados são também mandamentos do
Senhor segundo a opinião infalível da
santa mãe igreja, do mesmo Levítico com cujos textos quer condenar o
Espiritismo, não é verdade? E os padres seguem um único dos mandamentos da lei?
Os santos padres da santa mãe igreja não comem coisa com sangue? V.
rev. nunca comeu galinha ao molho pardo? Vv. revs. não vendem bentinhos para bons
augúrios? Não observam sonhos para
fazerem sua fezinha ao bicho, no Sonho de Ouro, onde se acotovelam com a plebe?
Os frades católicos não cortam os cabelos em redondo e os padres não fazem a
calva na cabeça para mostrar a sua coroinha de inocência e castidade e não raspam
a barba? E são eles santos como preceitua o Senhor?
Se as citações de V. rev. são lei
contra nós porque nao cumpre a igreja a lei para poder com ela argumentar! E no
mesmo Levítico, cap. 19 vers. 4 está escrito:
"Não vos volteis para os ídolos, nem façais para vós deuses fundidos. Eu
sou o Senhor vosso Deus."
Observais e
fazeis cumprir aos vossos fiéis este preceito? Não lhes ofereceis imagens de
homens e de mulheres para adoração? Não adorou o papa outro dia a Joanna d'Arc
a quem outro infalível papa permitiu fosse queimada na fogueira como herege? E
não sustentou ela até o último instante que ela falava com os espíritos?
O Velho e o Novo Testamento são
espadas de dois gumes, porém, só os gumes que ferem as igrejas estão afiados...
E o Dr. Mullins cumpre todos os
preceitos do Velho Testamento? Imola novilhas e carneiros como manda Moisés para
as ofertar a Deus, espargindo o sangue em torno do holocausto? Usa roupa tecida
de uma só qualidade de fios? Não faz nada disso para não cair no ridículo e no
entanto quer que nos cinjamos aos preceitos formulados para um povo que só compreendia
um Deus que gozava com o cheiro de carne queimada na fogueira, que ordenava o
massacre dos Cananitas, homens, mulheres e crianças.
Quanto à mulher de Endor que tinha o
espírito de adivinhar e a qual Saul consultou pedindo-lhe que lhe fizesse
surgir o profeta Samuel para ser por ele consultado, (I Samuel, capo 28), não
passava ela do que hoje se chama médium, e prova que em todos os tempos
se praticava
o comércio (entenda-se: ‘ intercâmbio’) com os desencarnados.
21d
Nem o padre nem o pastor foram
sinceros quando disseram que o rito essencial do Espiritismo consistia na
evocação dos espíritos.
O espiritismo foi codificado por
Kardec e nesse código os espíritos ensinam justamente o contrário. A não ser para fins morais, não se devem
evocar espíritos, mesmo porque, estando eles no gozo do mesmo livre arbítrio
que a nós é conferido, e tendo eles as suas ocupações aí, e alguns, os mais adiantados,
ocupações muito importantes, não podem eles estar às nossas ordens para serem
chamados. Quanto aos espíritos atrasados que pululam em torno de nós, com estes
não é de vantagem entreter comércio, pois só podem prejudicar a quem com boa fé
os ouvir.
O fim principal do Espiritismo é
muito outro, e o essencial é a modificação moral das criaturas de acordo com os
ensinos do Cristo, cujo Evangelho é a base da nossa doutrina. Os fatos, as
provas materiais da sobrevivência não tem outro objetivo senão chamar a nossa
atenção para os ensinos evangélicos pela prática dos quais nos libertaremos das
dolorosas encarnações neste mundo de provação.
Veja, por exemplo, o rev., esta notícia
que se lê no "Progressive Thinker", de 6 de julho de 1918, sob a epígrafe
“Quarenta anos de observação no Moderno Espiritismo", contada por G. B.
Stebbins, a seguinte notícia:
"Em
I846, a senhora Lucina Tuttle, de Byron, perto de Batavia, Estado de Nova York,
senhora muito respeitada, que tinha uma grande clínica médica e que para isso
era magnetizada pelo Sr. Joseph Walker para sonambulicamente receitar, uma tarde
de junho, quando nesse estado, disse ao seu marido e ao Sr. Walker: os espíritos
de minha mãe, do pai do meu marido e o pai do Sr. Walker estão aqui com
mensagens para nós. Era a primeira vez que tais visitas eram mencionadas. O seu
marido era um agnóstico e o Sr. Tuttle era membro da igreja Batista.
A mensagem do pai do sr. Tuttle
finalizava com estas palavras: "conta isso só a alguns amigos. Brevemente
poderás dizer a todos. Estamos fazendo preparativos adequados para produzir
demonstrações tangíveis da sobrevivência da nossa personalidade e a
possibilidade de nos comunicar com o mundo material, demonstrações que começarão
perto de vocês e que irão à volta do mundo."
A predição do espírito, pai de
Tuttle realizou-se a 31 de março de 1848, espalhando-se pelo mundo inteiro e
dando em resultado ser o espiritismo hoje a única filosofia - ciência -
religião, a ciência da religião, dos tempos modernos e de todos os tempos, que
não tem um promotor, a única sem uma cabeça e sem diretores, sem indivíduos
proeminentes que tomassem a si o encargo de ser chefes do movimento.
O espiritismo tem movido os homens,
mas não foi por eles movido, tem escolhido os seus próprios instrumentos sem a
intervenção dos homens. É, por outras palavras, um movimento espiritual nascido
no seu próprio reino.
É o trabalho dos próprios espíritos,
que a despeito da má vontade da humanidade de despertar do sono secular em que
jaz, irrompe nos lares de todas as seitas religiosas, produzindo assombro, e a
despeito do expurgo com rezas e água benta, vem trazendo a convicção aos incréus.
Há, infelizmente, muitos crentes que
não têm a coragem necessária para vir à praça pública confessar suas crenças,
devido aos preconceitos da sociedade; outros há, que o não fazem por medo de
prejuízos materiais: outros ainda por interesse de família, não querendo a sua
paz perturbada por semelhante ninharia.
Ai de todos esses, são os de quem Jesus
disse: "Tolo aquele, pois, que me confessar perante os homens, também eu o
confessarei diante de meu Pai que está nos céus, e o que me negar diante dos
homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus" (Mateus 10:32,
33) .
E porque este medo do juízo do
mundo? Será porventura o mundo que nos há de julgar no Além! Que importa, diz
ainda Jesus, no homem ganhar todo o mundo se vier a perder a sua alma? Porque o
que quiser salvar a sua alma perdê-la-á e o que perder a sua alma por amor de
mim, achá-la-á."
São bem significativas estas
palavras do Divino Mestre, e referem-se especialmente aqueles que desprezam o
cumprimento da lei de fraternidade, que agarrados ao bem estar na terra, deixam
que aqueles a quem devem amparar sejam lesados pelo turbilhão das paixões que
ainda dominam os corações dos homens, estes são os que ganham o mundo, mas
perdem a alma. Esquecem-se eles que poder tem Deus para lhes dar os bens do
mundo, desde que eles se esforcem em cumprir a lei; e a felicidade da alma do
Além, por acréscimo.
Mas, prossigamos.
21e
Continuando, diz o rev. Loeher:
“O único argumento que o Espiritismo tenta invocar em abono de suas
imaginações é tirado dos fenômenos extraordinários
(que assombram o clero de todas as igrejas), que são verificados nas sessões
espíritas.
"0s espíritos aparecem: logo
existem".
"Suponhamos em favor do adversário que o
maior número das aparições não seja o natural produto de sugestão, de alucinação,
transe hipnótico ou de artimanhas, mas que sejam reais, sempre lhe fica ao
Espiritismo o dever de provar que não pode haver senão uma só causa daqueles fenômenos,
a saber: os espíritos desencarnados."
Mas, meu caro padre Locher: se v. rev.
reconhece que o espiritismo se baseia nos fenômenos extraordinários que
aparecem nas sessões e, aqui digo eu, onde inúmeros espíritos dão diariamente
provas de identidade, e não fazendo nós disso meio de vida nem tendo nenhum
interesse material em vista, cumpre, não a nós, e sim a vós e a aqueles que nos
combatem, provar que os espíritos não são espíritos.
E para isso não basta negar, ou supor
que a palavra de um padre tenha valor real quando centenas de cientistas, mas
cientistas de verdade, afirmam que viram, sentiram, ouviram e falaram com os
seus mortos.
Aliás, hoje, com o registro oficial
da prova datiloscópica, não é difícil de se provar a identidade do espirito
comunicante, pois com a médium de materializações que temos e que é genuinamente
brasileira, fácil se torna ao espírito dar a prova datiloscópica, além de
outras que provem a sua identidade.
No entanto, duvido que v. rev.
precise de provas, pois convencido estou de que fazendo a experiência que
aconselhei, V. rev. já teve a prova provada que só espíritos desencarnados se comunicam.
Mas já que fala em provas, quais são
as provas que V. rev. pode oferecer para provar o valor das mercadorias que vv.
revs. negociam nas sacristias das igrejas? As suas ovelhas já não se conformam
com o seu magister dixit, e, como há
tempos o falecido papa disse "que só o Evangelho pode salvar a
humanidade", elas começam a folheá-lo e lá encontram logo no 6º capítulo
de S. Mateus, o seguinte: "Mas tu quando orares, entra no teu aposento e,
fechada a porta, ora a teu Pai em segredo; e teu Pai que vê o que se passa em
segredo, te dará a paga". Logo, Jesus a ninguém mandou à missa" nem a
ofertar dinheiro aos santos, nem jogar nos mafuás,
nem pagar hóstias, nem prometeu absolvições, nem mandou comprar indulgências.
Nem se referiu aos espíritas quando
disse: "Ai de vós escribas e fariseus hipócritas porque devorais as casas
das viúvas, fazendo longas orações, por isso levareis um juízo mais rigoroso.
Ai de vós escribas e fariseus hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros
branqueados, que parecem, por fora, formosos aos homens, e por dentro estão
cheios de ossos de mortos, e de toda asquerosidade; assim também vos outros por
fora vos mostrais na verdade justos aos homens, mas por dentro estais cheios de
hipocrisia e iniquidade ". (S. Mateus, cap. 23).
21f
A razão da guerra surda que se move à
nossa doutrina é justamente por pregarem os espíritas o estudo e a prática dos
ensinos evangélicos do Cristo, o que não convém à igreja e precisa ser
combatido a todo o transe. Mas o grande público já se compenetrou do fato de
que o Espiritismo só é combatido por aqueles que tem interesses materiais a
defender.
Diz v. rev. que: "O inimigo da
nação católica conseguiu introduzir neste país o pior contrabando estrangeiro,
o "Espiritismo", e eu pergunto a v. rev. de onde veio o catolicismo?
Ele é brasileiro? Ele não foi importado
de Roma? E em consciência, v. rev. é capaz de afirmar que o jesuitismo de que
v. rev. é um dos rebentos mais frondosos, não é um inimigo mais perigoso à
nação do que é o Espiritismo? Quem é que vive da nação sem trabalhar? Os espíritas
ou o clero?
Como, porém, a grande expansão da
nossa doutrina em todas as partes do globo, é devida a esse choque de ideias a
esse combate sem tréguas, sem os quais o Espiritismo não teria atingido a
popularidade que hoje desfruta e que dia a dia aumenta, devemos do fundo dos
nossos corações orar por aqueles que, a despeito de inimigos, serviram para o
propagar.
E se quer mais provas, leia meu caro
padre Locher "O Trabalho dos
Mortos", livro editado ultimamente pela Federação e veja se alguma das
fotografias dos espíritos materializados tem cara de demônio.
Disse ainda o padre Locher:
"O Espiritismo rejeita igualmente
o dogma do inferno eterno. Os espíritos sofrem apenas o inferno da dor interna
sobre faltas cometidas na existência planetária, mas desde que o espírito
resolve reabilitar-se obtém indulto. Assim o próprio Nero achou graça e perdão."
Poderá parecer ao padre Locher que
não cabe a mim ensinar o "Padre Nosso ao vigário", mas o padre Locher
já deve estar farto de saber que ele só me serve de meio para dizer algumas
verdades e rebater os falsos conceitos que procurou insinuar a respeito de
nossa salvadora doutrina.
Quanto ao dogma do inferno eterno,
de fato, o Espiritismo não o aceita por absurdo, colocando Deus abaixo do nível
das suas criaturas.
Não há homem que não seja capaz de
perdoar uma ofensa em um dado momento; entretanto, Deus não perdoa, e o padre
pode perdoar! Heresia! Mas, então para que ensinou Jesus a parábola do Filho pródigo?
Aí o filho pediu ao pai a sua herança, afastou-se da casa paterna, caiu na
perdição, pecou contra o Pai e não arrependido, mas forçado pela necessidade
veio esfarrapado, implorar ao Pai um lugar de servo, e este ao saber que o
filho voltava mandou festejar a sua volta ao lar paterno. E Jesus aí diz:
"Porque este filho era morto e reviveu, tinha se perdido e achou-se".
(Lucas, 15:13-32)..
Da mesma forma fala o Senhor na parábola
da ovelha perdida dizendo: "Qual de vós outros é o homem que tem cem
ovelhas, e se perde uma delas, não é assim que deixa as noventa e nove no
deserto e vai buscar a que havia perdido, até que a ache? E que depois de a
achar, a põe sobre seus ombros cheio de gosto; e vindo a casa chama aos seus
amigos e vizinhos, dizendo-lhes: congratulai-vos comigo porque achei a minha
ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu
sobre um pecador que fizer penitência, que sobre noventa e nove justos que não
hão mister de penitência". (Lucas, 15:1-10).
Depreende-se destes ensinos de Jesus
que a todo o tempo que o filho, o pecador, se volta para o Pai, Este o recebe
de braços abertos. Jesus não impôs restrições de tempo ou de espaço a esta
recepção. Quem impôs restrições foi a Igreja Católica, porque isto era propício
aos seus interesses. Sem estas restrições ela não teria podido inventar as
rendosas missas.
Também ensina o Espiritismo, isto é,
os espíritos, que o espírito sofre na erraticidade dores terríveis, adequadas à
falta por ele cometida; sofre o remorso e quando, devido a este sofrimento, se
arrepende e implora misericórdia a Deus, lhe é concedida a graça de voltar ao
mundo encarnando num meio onde poderá expiar as faltas do passado e,
possivelmente, reconciliar-se com o ofendido de outras eras. E os sofrimentos
aparentemente injustificáveis por que passam certas criaturas confirmam a
veracidade deste ensino.
Eis o que dizem os espíritos a este
respeito:
“Toda a falta cometida, todo mal
realizado, é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em uma
existência sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as existências são
solidárias entre si. Aquele que se desquita numa existência não terá
necessidade de pagar segunda vez.
O espírito sofre, quer no mundo
corporal, quer no espiritual, as consequências das suas imperfeições. As misérias,
as vicissitudes que se padecem na vida corporal, são oriundas das nossas imperfeições,
são expiações de faltas cometidas na presente ou em precedentes existências.
Pela
natureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea, pode julgar-se a
natureza das faltas cometidas em anterior existência, e das imperfeições que as
originaram.
A expiação varia segundo a natureza e
gravidade da falta, podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações
diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida.
A duração do castigo depende da
melhoria do Espírito culpado.
Nenhuma condenação por tempo
determinado lhe é prescrita. O que Deus exige por termo de sofrimento é um
melhoramento sério, efetivo, sincero, de volta ao bem.
O arrependimento, conquanto seja o
primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são ainda precisas a
expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação
constituem, portanto as três condições necessárias para apagar os traços de uma
falta e suas consequências." (Kardec - Céu e Inferno, pág. 92-94, Edição
Centenário).
21g
Disse ainda o padre Locher:
“Saiba, pois, todo homem cordato, ufano do nome de cristão, que
essa pseudo religião nega os dogmas fundamentais do cristianismo, a Santíssima
Trindade e a divindade de Jesus Cristo. Com isto o espiritismo se exclui do número
das religiões cristãs e baixa ao nível do maometismo. "
O padre Locher tem razão. O
espiritismo nega os dogmas fabricados pela igreja romana com o fim de confundir
os povos e viver da sua ignorância. Mas o espiritismo explica razoavelmente o
que a igreja nunca tentou explicar.
Não somos cordatos porque para a igreja católica só é cordato quem lhe paga à boca do cofre as suas missas sem regatear o
preço.
Ufanar-se ele ser cristão só o pode
fazer aquele que cumpre os preceitos do Cristo, isto, é, quem se sacrifica pelo
seu próximo e não quem vive de barriga cheia sem trabalhar, a custa do seu
próximo. E Jesus claramente o ensina quando diz: "Nem todo o que diz:
Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus , mas sim o que faz a vontade do meu
Pai que está nos céus, esse -entrará no reino dos céus. Muitos me dirão naquele
dia: Senhor, Senhor, não é assim que profetizamos em teu nome e em teu nome
expelimos demônios, e em teu nome obramos muitos prodígios? E eu então lhes direi
em voz muito inteligível: Pois eu nunca vos conheci: apartai-vos de mim, os que
obrais iniquidade". '(Mateus, 7:21-23) .
Todo aquele, portanto, que cumprir
religiosamente os preceitos ensinados e postos em prática pelo Cristo é
cristão, quer seja chamado judeu ou budista. E todos os que praticam tão somente
os atos emanados pela igreja, como rezas, confissões, comunhões, promessas,
etc. perdem o seu tempo, pois que isso nenhum valor tem perante Deus.
Negamos sim o dogma da SS. Trindade
como a igreja o arquitetou, porque sabemos que Deus é uno e indivisível e que
as três pessoas distintas e um só Deus verdadeiro são uma estulta invenção da igreja,
que não se justifica nem no velho nem no novo Testamento, como aliás nenhum dos
dogmas.
Deus é o Criador incriado do
Universo Infinito; Jesus é Filho, assim como nós o somos, com a diferença que
Ele sempre foi obediente ao Pai e nós não o fomos, mas, sendo-o de hoje em diante,
um dia atingiremos a altura moral do próprio Cristo, porque Deus não faz
distinções entre as suas criaturas. É necessário, porém, que haja esforço
pessoal para que a criatura tenha mérito. E Jesus claramente diz no seu
Evangelho que ele é o Filho, que veio por ordem do Pai, que obrava os prodígios
e ensinava aquilo que o Pai lhe havia ordenado.
E o Espírito Santo, de quem a igreja
faz tanto alarde e a quem rende reverentemente o culto nos mafuás, como, aliás,
da mesma maneira o rende a Jesus, é, segundo os ensinos dos espíritos, "a
multidão de espíritos puros, purificados e superiores, que sob a direção de
Jesus trabalham pelo progresso da humanidade." Nem se depreende outra
coisa dos ensinos de Jesus a este respeito dados.
No cap. 14 de S. João, Jesus, depois
de consolar os apóstolos por ter em breve de deixar o mundo, disse-lhes no vers.
16: "E rogarei ao Pai e Ele vos enviará outro Consolador" e, no mesmo
capítulo, ver. 26, Jesus disse: "Mas o Consolador que é o Espírito Santo,
a quem o Pai enviará em meu nome"... E no capitulo 15, vers. 26, ainda diz
Jesus: "Quando, porém, vier o Consolador, aquele Espírito da Verdade, que procede do Pai, que eu vos enviarei da
parte do Pai, ele dará testemunho de mim."
Ora, depreende-se daí que
Consolador, Espírito Santo e Espírito da Verdade têm o mesmo significativo, e, se
Jesus enviar o Espírito Santo da parte do Pai, não é ao Pai que Ele envia, e,
sendo Jesus quem dá ordens para que o Espírito Santo desça, não se faz descer a
si mesmo e sim a alguém que lhe obedece. Recebendo este alguém ordens de Jesus,
claro está que não é igual a ele, e sendo assim está perfeitamente de acordo
com os ensinos dos espíritos, aliás elevados, pois a "Revelação da
Revelação" foi dada pelos Evangelistas assistidos pelos apóstolos.
Quanto à divindade de Jesus, depende
da significação que se der à palavra divindade.
Se, como Jesus ensinou, a ninguém devemos chamar pai senão a Deus, e sendo só
Ele eterno, incriado, e tudo e todos que existem são da sua criação, ou tudo e
todos somos divinos ou nada e ninguém o é. Há hierarquia, e na hierarquia
espiritual Jesus é nosso Mestre e Senhor, por ter sido, segundo a
"Revelação" e segundo as suas próprias palavras, incumbido da direção
física e moral do nosso planeta. Mas todos os planetas são habitados, e cada um
deles tem o seu mestre e Senhor, seu Cristo. E Deus, o Pai, governa e inspira a
todos os Cristos do Universo Infinito. Até aí a igreja pequena, que levou
batalhando três dias para eleger Pio XI, não alcança.
21h
Além de outras inverdades, que já
tive ocasião de rebater, diz o padre Locher:
“Afirma o Espiritismo, sem uma
sombra de argumento, que no outro mundo só existem espíritos destinados a se
encarnarem e se tornarem homens cá na terra. Afirma, isto é, imagina gratuitamente
que o homem se compõe de corpo, alma e perispírito, um como involucro semi
material do espírito."
Ainda desta vez faltou à verdade o
rev. Locher e d. Sebastião, arcebispo-coadjutor, que deu o seu imprimatur ao folheto que cito, incidiu
na mesma falta no que se refere ao primeiro período.
É contristador que o padre Locher e
d. Sebastião descessem do seu pedestal e lançassem mão de uma inverdade para
com ela amparar a causa da Igreja, já tão desmoralizada.
Nunca os espíritos, de quem emanam
os ensinos constantes das obras de Kardec, Roustaing e tantos outros, revelados
em todas as partes do planeta, ensinaram que no outro mundo, que é o espaço
infinito, só existem espíritos destinados
a se encarnarem cá na Terra. Pelo contrário, os espíritos ensinam que no
espaço existem espíritos em todas as escalas de progresso moral até atingirem a
escala dos Cristos, ponto sideral a que moralmente pode atingir o espírito. E,
segundo o progresso físico (evolução) de cada planeta, convergem para ele por
atração, espíritos que nele encontrem meios para fazer o seu progresso.
Ensinam que todos os planetas estão
habitados por entes cujos corpos têm a densidade sempre em relação com o
progresso físico do planeta que habitam, variando ambos desde o mais grosseiro
e material até ao mais fluídico e etéreo.
Ensinam ainda que, de acordo com o
progresso do espírito em um dado planeta, lhe é dado incarnar, ou incorporar-se
em planetas mais adiantados, seguindo sempre uma escala ascendente, porque o
progresso é uma lei à qual ninguém é dado fugir. Pode o espírito estacionar,
mas um dia, devido ao abuso do livre arbítrio, este é cassado ao espírito
recalcitrante, e ele forçado a encarnar em meio doloroso para que o desejo de
progresso desperte nele. A dor é sempre corretiva e nunca punitiva.
Os espíritos reveladores dizem ainda
que os espíritos ou homens que perseveram no mal serão forçados a encarnar em
planetas muito mais atrasados do que o nosso, onde a vida penosa que são
obrigados a viver torna tais planetas "as
trevas exteriores, onde há choro e ranger de dentes", na frase de N. S.
Jesus Cristo.
Ora,
tudo isso está muito longe do que afirmou o rev. Locher.
Quanto a "ser o homem corpo
material, alma (ou espírito) e perispírito", não é uma imaginação nossa,
como afirma o rev. Locher, pois o próprio Paulo, o grande apóstolo da fé, fala
dos corpos celestiais, dizendo: "E corpos há celestiais e corpos
terrestres". (I Cor. 15:40).
E a igreja católica ensina que a
alma ao separar-se do corpo vai para o inferno, se não arranjou uma absolviçãozinha
antes de morrer, ou para o purgatório para o qual não há uma absolvição aqui,
pois que ele rende à igreja a fatia gorda, e dele só se sai com umas tantas
missas.
A vista disso, o céu não é acessível
aos verdadeiros pobres por não deixarem estes quem lhes possa pagar missas,
porque quem deixa aqui alguém que disponha de recursos sempre tem uma, ao
menos, para repouso de sua alma. Naturalmente, não pode estar no céu, porquanto
lá deveria haver repouso, mesmo sem missa. E se o próprio papa precisou de
missas é porque a Igreja tem dúvidas sobre a sua salvação, a despeito de todos
os sacramentos.
Sendo, pois, a alma, segundo a Igreja,
responsável pelos desvarios que na Terra praticou quando encarnada, fatalmente
ela representa uma personalidade, uma individualidade, e para representar a
personalidade precisa ter um corpo qualquer, invisível embora, ao nossos olhos materiais,
porém real, corpo que no inferno possa arder, já que o corpo material fica na
cova. Se a Igreja nega a existência deste segundo corpo que individualiza a
alma, e por intermédio do qual ela possa sofrer, então nega o que ela própria
arquitetou, o purgatório e o inferno.
Este corpo semi material existe de
fato, e os espíritos reveladores chamam-no perispírito, porque ele envolve o
espírito (a essência de vida) e lhe fornece o meio de agir e de se ligar ao
corpo carnal, quando baixa à Terra para encarnar. E este corpo acompanha, faz
parte integrante do espírito desde a sua criação.
Depende do estado moral da alma, para
o perispírito se tornar mais etéreo ou mais denso: quanto mais elevado for o
estado moral da alma, tanto mais etéreo se torna o seu perispírito e maior é a
sua felicidade espiritual. Isto, aliás, também ensina a Igreja, porém por outra
forma e com outro interesse.
21i
Continuando, disse ainda o padre
Loeher:
"Para cortar desde já a objeção que a religião católica pratica
também o comércio com o outro mundo, eis o que a igreja ensina e permite aos
seus fieis.
Ao desejo natural do homem de entrar
em comunicação com o mundo do Além, Deus correspondeu sabiamente, unindo com
laços de caridade as três partes do seu reino: a igreja militante (para o bem
estar dos padres) cá na terra, a do purgatório e a do céu.
Dentro dos limites traçados pela igreja
podemos comunicar com Deus pelo culto (das imagens de pão) religioso com os bem
aventurados e os anjos, invocando a sua intercessão perante Deus e com as almas
do purgatório, sufragando-as com as nossas orações (missas).
Só isso e
nada mais."
Engana-se o rev. Locher se pensa que
acusamos a sua igreja de manter relações comerciais com o outro mundo. Não. A igreja não pratica o comércio com o outro
mundo, pois ela com o seu grande poder transportou até o próprio Deus para as
suas igrejas e Iá está ele representado pelo velho barbado por cima do altar
mor; e para representar o resto da corte celeste, lá estão as imagens do Cristo
crucificado, dos santos e das nossas senhoras de todos os feitios e
paladares.
Ao Cristo, a igreja continua a crucificar
todos os dias, pois deturpa os seus ensinos, ensinando, ao povo doutrinas
falsas com o fito exclusivo de garantir a sua posição privilegiada e rendosa.
O velho deus das suas igrejas, este,
nem merece mais atenção, pois já de velho perdeu o poder dos milagres e por isso
mesmo não tem mais caixa para esmolas. Está fora da moda, Não rende mais
dinheiro.
As nossas senhoras e os santos têm sim, todas as honras, pois
representam os verdadeiros deuses da igreja católica. Foram elas e eles que
deram o poder que a igreja ainda hoje desfruta. Os deuses do paganismo
transformaram-se em figuras mal ajambradas de pão, de massa, de pedra e de
bronze, representando os bem-aventurados, segundo ela, muitos dos quais foram piores
que o próprio Nero.
Obter dinheiro por esse intermédio é
o comércio da igreja. Com o outro mundo, o mundo da verdade, ela, de fato, não
tem negócios porque os seus são circunscritos à Terra. E a prova ainda mais
patente disso é que os seus sacerdotes procuram, a todo transe, fazer o seu céu
aqui no mundo. O céu futuro, este, eles preferem vende-lo aos outros. O preço
ajusta-se segundo as posses do freguês. Esta é a caridade da igreja.
A latitude que o rev. Locher concede
aos seus fiéis é bem reduzida. Podem pelo culto religioso, assistindo ao
cerimonial pagão e ao ritual carnavalesco, comunicar com Deus. Mas que Deus é este
que se comunica por este meio com as suas criaturas? Só pode ser um Deus igual
aos padres que pretendem representa-lo na Terra.
Não
deixa o padre Locher de fazer reclamo das suas missas, quando diz que a comunicação
com o outro mundo também se pode fazer sufragando às almas que se acham no
purgatório. É sempre o interesse que domina em todos os atos da igreja. Felizmente, o povo já vai compreendendo de
que lado está a verdade e não se deixa mais levar por cantigas de padre. Restam
apenas as beatinhas que ainda não puderam desvencilhar-se das ideias
retrógradas que o clero lhes ensinou quando crianças.
Bem diz o Dr. Bittencourt Sampaio no
seu livro “Do Calvário ao Apocalípse":
“Eu
acabo de dizer-vos, - acusam a doutrina espírita. Em verdade, não existe um só
templo, em o qual se não faça uma referência a essa diabólica doutrina! Satanás
com as suas garras de abutre aguarda todos aqueles que se entregam a esses místicos
trabalhos, a esses místicos estudos, porque di-lo a igreja, as almas que vão não
voltam mais, e se voltam se alguma coisa de extraordinário algumas vezes se revela,
é do demônio!
Mas,
no entretanto, meu leitor, no entretanto cristãos, homens inteligentes, a quem
eu quero falar, a igreja venera as Senhoras Aparecidas. E serão também as
Senhoras Aparecidas o demônio? Esses espíritos que, tomando a forma da Santíssima
Virgem, se mostram nas fontes termais, dando lugar até a levantamento de monumentos,
essas senhoras serão porventura filhas de Satanás?
Eu
pergunto aos homens inteligentes onde está a seriedade desses argumentos
contraproducentes, onde a sinceridade da fé, a verdade da crença desses que do
buril abusam, fazendo da túnica sagrada do Cristo um manto esfarrapado de misérias?"
O rev. Locher já leu "Do Calvário
ao Apocalipse"? Já leu “O Claustro", história recente, que se passou
em Pernambuco? Leia e extasie-se.
21j
Disse ainda o padre Locher no seu
folheto:
"0 espiritismo pretende ser
religião e ser a religião definitiva, destinada a substituir a religião
revelada de Jesus Cristo."
Quanto à primeira parte da sua
oração, o padre Locher tem razão. De fato, o espiritismo pretende não só ser
religião, mas a religião de N. S.
Jesus Cristo.
O espiritismo, tendo por base o
Evangelho e exclusivamente o Evangelho, não aceitando colaboração dos homens e
recebendo a explicação das passagens, inexplicáveis para a igreja, desse
Evangelho, dos espíritos reveladores, não pode deixar de ser a religião do
presente e do futuro. E se o não fosse não se daria o clero de todas as seitas,
que vê o seu interesse prejudicado,
ao trabalho de o combater com unhas e dentes como o está fazendo. É a prova
provada da verdade.
Jesus disse; "eu não vim
destruir a lei e sim dar-lhe cumprimento; da mesma forma o Espiritismo diz:
"Não venho destruir a lei ensinada por Jesus; mas dar cumprimento à lei revelada
a Moisés acrescida do ensino exemplificado por Jesus: Eu porém vos digo: amai os
vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem
e caluniam."
Nos
ensinos espíritas nada se encontra contrariando os ensinamentos do Cristo.
Explicam os espíritos os termos alegóricos usados por Jesus em frases claras
para serem compreendidas por todos, e aí está a sua força. Não procuram
enfeixar em dogmas incoerentes ensinos absurdos, preparados pelos concílios
para enganar a humanidade; pelo contrário, vêm explicar e destruir os falsos
ensinos da igreja.
E mais ainda: vêm reavivar a
religião, pois vem atestar com provas e fatos irrecusáveis a possibilidade da comunicação
com o mundo do além, a responsabilidade de cada um pelos seus atos, a não
remissão do pecado pela confissão, a inutilidade da missa e de todos os rituais
praticados pelos padres. Ao mesmo tempo vêm demonstrar o valor da súplica
sincera feita em recolhimento e com humildade a Deus, como, aliás, ensinou
Jesus.
Mas os fatos demonstram melhor do
que eu o poderia fazer o valor da Nova Revelação. Para gáudio do rev. Locher, e
a guisa de mais um parêntese, aqui dou uma alvissareira noticia a s. rev.: .À
pequena, mas progressista república da Guatemala coube a imorredoura glória de
haver introduzido o estudo do Espiritismo entre as disciplinas correntes das
Universidades Liceus do país, antes de qualquer outra nação.
A lei que adotou tal alvitre é fundamentada
da forma seguinte: "Só o Espiritismo é capaz de concorrer eficazmente para
o progresso moral coletivo, resultado a que nunca puderam chegar as lições de psicologia,
lógica e ética dos programas”. Do catolicismo nem se fala. O mundo caminha.
Fechado o parênteses.
Quanto
à segunda parte em que insinua que o espiritismo pretende substituir a religião
revelada por Jesus, quase que não valia a pena rebater, pois, quem conhece o
Espiritismo sabe que o padre Locher ainda uma vez mentiu, sim, e por que não
falar claro?
Se
o rev. Locher tem duvidas, que vá à Federação Espírita às terças e
sextas-feiras e veja se lá não se estuda o Evangelho do Cristo, como, aliás, em
todos os centros espíritas, Centros que, já são Legião.
E se se estuda o Evangelho, como vem
o rev. Locher dizer que pretendemos substituir a religião revelada por Jesus?
Mas eu compreendo a sua manha. Ele quer continuar a impingir o catecismo
fabricado pela igreja, para engazopar a humanidade, como sendo o que Jesus prescreve
como religião. Mas o rev. Locher anda enganado. Jesus continua a velar e a
zelar pelos seus ensinos e pelo seu rebanho e não permitirá que os lobos
continuem a desviar as ovelhas com falsas promessas.
Repete-se a história. A vinha que
foi arrendada à igreja católica, lhe está sendo tirada, por não quererem os
lavradores da mesma dar os frutos que cabem ao Senhor da vinha. (Parábola dos maus
lavradores, Mateus, cap. 21:33-46). E
sentindo o clero a verdade disso é que lavra a revolta contra os novos arrendatários,
chamados a substituir os relapsos. A culpa não nos cabe. Nem é caso para nos regozijarmos,
pois a responsabilidade é tremenda. Conhecendo, como conhecemos a lei, ai
daquele que for a pedra de escândalo. Mas já que tivemos a ousadia de pedir essa
prova, não devemos pensar em voltar atrás e, por maiores que sejam os obstáculos
que se nos antolhem em nosso caminho, devemos prosseguir confiantes na misericórdia
do Bom Pastor. E por mais pesada que seja a nossa cruz, devemos nos esforçar
para leva-la até aos pés do Senhor. Para esta caminhada gloriosa convidamos o
rev. Locher, de todo coração e sem o mínimo rancor.
21k
Prosseguindo na sua denúncia do
Espiritismo, disse o padre Locher:
“A religião de Jesus Cristo (a católica,
quer o rev. Locher dizer) ensina que há espíritos
puros, chamados anjos, os quais
servem à Providencia Divina para a salvação das almas, já intercedendo por
elas, já protegendo-as contra os anjos maus, os demônios, que têm permissão para
tentar os homens, dando-lhes assim ocasião para atos virtuosos e meritórios e
servindo indiretamente para a salvação das almas e glória de Deus."
Através de todo o folheto ressalta a
manha, o subterfúgio e a má fé do rev. Locher, mesmo porque, de boa fé, ele
nada tem que dizer do Espiritismo. A desgraça da igreja católica é justamente o
fato de ela ter instituído certos dogmas aos quais se apega, a despeito de ver
diariamente que os fatos desmentem às suas asserções.
A base do seu edifício está assentada
sobre o demônio - os anjos maus, cuja
missão é tentar e perder os homens.
Se o demônio existisse, poderia ele
ter mais maldade do que aquela que animava os padres católicos da Santa Inquisição?
Seria ele capaz de torturar as criaturas tanto quanto o fizeram os santos
padres, inclusive alguns papas? Seria ele capaz das intrigas de que a história
acusa a ordem dos Jesuítas, da qual o rev. Locher é um dos mais conspícuos
rebentos? Em consciência digo que não!
Portanto, o que se pode deduzir e o
que o meu longo tirocínio de comércio com os espíritos me tem demonstrado é que
os padres, manuseadores do Evangelho que não souberam pô-lo em obra,
praticando, segundo a história, as maiores barbaridades, são os demônios que a
igreja proclama existirem e que, tanto lá de cima como cá do baixo, ainda
procuram desviar a humanidade do Evangelho de N. S. Jesus Cristo;
impingindo-lhe, no seu lugar, o seu catecismo.
O Espiritismo não nega que haja espíritos
puros e espíritos maus, pelo contrário, afirma-o e demonstra-o, mas também tem
demonstrado, ao menos aos assistentes das sessões, que os maus espíritos são
capazes de se tornarem bons, se têm regenerado e, arrependidos, procuram na prática
do bem resgatar as suas faltas.
21l
Diz ainda o padre Locher:
"O
Espiritismo imitando a antiga magia e
o xamanismo dos selvagens da Ásia, procura com certos ritos (nós não temos igreja)
mormente por meio dos médiuns, obrigar os espíritos desencarnados a se apresentarem.”
O rev. Loeher conhece, por certo, o
ditado que mais depressa se pega um mentiroso do que um coxo? É o caso agora.
Pois logo antes do período acima transcrito ele disse: "A própria natureza
de Deus exige o absoluto domínio sobre todos os seres fora dele e sobre as
relações mútuas entre eles.”
Se,
pois, Deus tem absoluto domínio sobre todos os seres, nenhum ser pode manifestar-se
sem a sua permissão; logo, manifestando-se algum espírito pelo médium, só o pode
fazer com a permissão de Deus. Mas nenhum espírita sensato se atreveria a fazer,
a obrigar os espíritos a se apresentarem, como afirma o rev. Locher, mesmo
porque eles têm mais liberdade do que nós, devido ao seu estado etéreo.
E os médiuns? O rev. Locher já conseguiu dar ou tirar a
mediunidade a alguém? Ela, porventura, é o produto da vontade humana? Se Deus
tem o domínio absoluto sobre todos os seres da natureza, pode a mediunidade existir
sem a vontade de Deus? Por que não responde o rev. Locher a estas e outras interrogações
e afirmações minhas?
O
Espiritismo não imita coisa alguma: se as manifestações se dão é porque os espíritos
têm liberdade de vir como de todos os tempos têm vindo, e em todos os lugares
do globo terráqueo. Os pretensos milagres praticados pelos santos da igreja não passam de manifestações espíritas, que desde
1848 se tem intensificado e continuam a intensificar-se cada vez mais, apesar
do ranger de dentes (de raiva) dos pretensos representantes de Deus na Terra.
Nós não temos ritos, como pretende insinuar
o rev. Locher, mesmo porque sabendo o nenhum valor deles, e sabendo que a igreja
só tem ritual para enganar os beócios, não queremos cair no mesmo erro.
E quanto aos selvagens da Ásia, o rev. padre pode em consciência afirmar que
eles em tempo algum foram, de fato, mais selvagens do que os santos inquisidores da santa, madre igreja? Eu sempre ouvi dizer que quem tem telhado de
vidro não atira pedras no telhado do vizinho"... Talvez fora mais prudente
que o rev. Locher não as tivesse atirado sobre o meu telhado; as pedras não
teriam resvalado sobre o seu.
Em todo caso, estas pequenas
discussões familiares, desde que não aja alteração de ânimos, sempre trazem
alguma luz e, se não beneficiam os contendores, beneficiam o público que se
diverte sem pagar. E desde que não seja a minha custa...
21m
Conclui o rev. padre Locher com as
seguintes frases o seu aranzel contra o espiritismo:
"Vêm essas heresias
infiltrar-se no organismo e como um ácido (que corroi os alicerces da igreja)
dissociar os elementos vitais, destruir a união na sociedade brasileira e na
família, onde de ora em diante haverá a mãe católica, o pai espiritista, o
filho protestante americano. Esta desunião das crenças religiosos será a mãe da
desunião política. Verificar-se-á a palavra de Nosso Senhor: "Todo o reino
dividido contra si mesmo não subsistirá" (Mateus 12-25).
A república, oficialmente leiga, não
protegerá o patrimônio mais sagrado, a fé dos antepassados, a garantia da união
e grandeza nacional, penhor da benção do céu. Portanto, "cada um",
que se preza de bom brasileiro cumpra o seu dever de cristão católico e
patriota e defenda a sua família e sua pátria contra as heresias estrangeiras."
Meu caro padre Locher, para o bom
entendedor meia palavra basta, diz o ditado. V. rev, não fez mais nem menos do
que convidar o povo a fazer o mesmo que os “santos padres” do seu quilate
fizeram na noite de São Bartolomeu em Paris, mas os tempos mudaram e tenha
cuidado que o tiro não saia pela culatra. Os espíritas já tem foros de cidade
no Brasil como, aliás, em todas as partes do nosso globo e não é um convite de
padre irresponsável que levará o povo a cometer desatinos a não ser no sertão
do Brasil.
V. rev. disse bem: a mãe (alguma)
será católica, o pai será espírita, e, isto é, o desespero de vv. revs. O ser que raciocina, isto é, que se preocupa
com o seu futuro, que procura desvendar o que o espera depois da
"morte", torna-se espírita, e a mulher que menos pensa nesse assunto
e que mais a miúdo entra no confessionário, esta permanece católica, mas, assim
mesmo, já a luz se está fazendo no seu espirito e vv. revs. não tem o mesmo
domínio que tinham sobre ela.
Não é, porém, o patriotismo que faz
falar a v. rev., pois sabido é que v. rev. ainda reza em alemão: é o pavor da
perda da influência e consequente necessidade de pegar na enxada como qualquer outro
mortal e ganhar o pão com o suor do rosto. Não fosse v. rev. jesuíta.
Perdoe-me a franqueza. Eu é que
nenhum interesse tenho em defender a verdade a não ser o de cumprir o preceito
do Cristo que manda que a verdade seja proclamada do alto dos telhados e sem temor.
Dê licença para outro parêntesis:
Há dias recebi de um amigo um livro
escrito pela insigne escritora cubana, Belén de Sárraga, intitulado "El
Clericalismo en América".
Conta D. Belén o seguinte à pagina
152 sob o titulo “Onde está Idalina?":
“Na data da minha chegada à capital
paulista em 1811, um sucesso interessava a opinião publica, sendo objeto de
vivos comentários. Do "Orphanato Colombo", instituição congregacionista
tinha desaparecido uma pobre menina asilada.
Este incidente pode ficar oculto,
sepultado como tantos outros na quietude solene dos claustros: porém Idalina,
este era o nome da menina, tinha parentes que gritaram. A imprensa divulgou a
noticia e em todos os pontos do país surgiram protestos e a justiça teve de
intervir.
As diversas declarações dos
religiosos não trouxeram luz sobre o assunto. A menina tinha abandonado o
estabelecimento católico sem deixar rastro algum. Enquanto isso, a voz pública
fazia acusações concretas e para desvirtuar essas acusações apresentaram uma
Idalina apócrifa, porém, a farsa foi descoberta.
Enquanto isso os clericais se
moviam. O juiz encarregado do sumário não achava provas contra os diretores do
orfanato. O povo, que pensava de modo diverso, quis celebrar um comício, para
pedir esclarecimentos aos padres, mas este foi proibido. E então. na via
publica, se produziram atos de violência que custaram a vida a um homem e a
prisão de muitos...
Os padres ficaram a salvo nos seus
interesses e pessoas. Idalina não apareceu.
... Os jornais liberais e
independentes continuaram por muito tempo a perguntar nas suas colunas
"Onde está Idalina?" Nas esquinas das ruas, nos muros dos templos e
sobre as paredes dos estabelecimentos católicos das cidades e dos povoados do
Estado, apareceram cartazes impressos
com os dizeres "Onde está Idalina?" Era o grito da alma do povo. E ainda os
meninos ao aparecer o hábito do padre, do frade ou de monge gritam ao longe
"Onde está Idalina?"
Onde está Idalina? ... Onde estão as
incontáveis Idalinas, perdidas nos escuros fundos da existência monacal?"
Estas são as obras da igreja, e é
isto que v. rev. não esperava ouvir.
22
As Considerações de um Positivista
É deveras interessante o conceito
externado pelo Dr. Bagueira Leal na “A Noite”, sobre o espiritismo.
O que admira, é a facilidade com que
homens de certa responsabilidade falam sobre assuntos que desconhecem por
completo.
Ora, o Dr. Bagueira Leal,
indubitavelmente, está no caso dos supracitados homens, pois é considerado
pelos seus correligionários, o cardeal do Positivismo. No entanto, sem se dar
ao trabalho de investigar, de procurar, como o fizeram tanto outros
materialistas, colegas seu e que ao fim de alguns anos de experiência se
tornaram espíritas convictos, proclama do alto da sua cátedra, que nós, os
espíritas, somos uns pobres loucos devido a exaltadas paixões egoístas.
Se o Dr. Bagueira Leal foi tão
infeliz nos seus diagnósticos quando clinicava, como o é neste caso, redundou
em felicidade para os doentes a sua resolução de trocar a clínica pelo
apostolado positivista.
Há
um ditado popular que diz: "o pior cego é aquele que não quer ver". É
o caso de s. s. que não quis olhar no microscópio para não ver os micróbios, e
da mesma forma não quer investigar assuntos psíquicos para poder continuar
negando a alma, e, ipso facto,
negar-se a si mesmo.
Creio que o Dr. Bagueira Leal aceita
a teoria de que nada se perde na natureza; tudo se transforma". Se pois, nada se perde, poder-se-á perder a
coisa mais nobre do ser humano ou mesmo animal - o sentimento?
O amor de mãe que é capaz dos
maiores sacrifícios desaparecerá com a decomposição da matéria? A crença na
imortalidade que há milhares de anos existe, mesmo nos povos mais bárbaros, e
hoje cientificamente provada, será uma quimera só porque um desequilibrado -
Augusto Comte - o afirmou?
Não,
Dr. Bagueira Leal; contra fatos não há argumentos. Para que s. s. pudesse
falar, como falou, preciso seria que procurasse de visu, assistir durante
muitos meses a algumas das sessões descritas no ‘A Noite’ sem prevenção,
observando os fatos e não desprezando o microscópio, só porque Comte não tinha
olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Que o escrevinhador destas linhas
possa ser taxado de maluco, não admira; há, porém, homens de valor, cientistas
de fato, pensadores, filósofos de saber maior do que Augusto Comte, que afirmam
os fatos, e que francamente confessam que só a hipótese espírita os pode
explicar.
Aliás, o próprio Cristo ensinou a
doutrina da pluralidade das existências, isto é, a reencarnação da mesma alma
ou espírito em corpos novos e censurou a Nicodemos
pela ignorância
desta lei, explanada na Cabala, doutrina secreta judaica, considerado que era,
mestre em Israel.
Considera o Dr. Bagueira Leal que
"a anarquia geral dos sentimentos e dos pensamentos, com exacerbação por
toda a parte, das paixões egoístas e concomitante compressão do altruísmo,
levam o indivíduo a substituir a realidade objetiva pelos produtos da sua
imaginação."
E o Dr. Bagueira negando a existência
do micróbio e da alma, não se condena a si mesmo falando assim? Não será também
compressão do altruísmo da parte de s. s., preferindo, como ele insinuou, os
desastres e a morte dos que eram obrigados a atravessar a linha da Central no
Meyer, a ter ele que subir a escada para atravessar a ponte?
E as fotografias, os moldes feitos e
deixados pelos espíritos debaixo da mais severa fiscalização, os fenômenos
espontâneos, observados por pessoas desinteressadas e mesmo adversas das doutrinas
espiritualistas, não terão algum valor? As investigações científicas das causas
que determinam os fenômenos não serão antes uma prova de sensatez do que um ato
de loucura?
Não
será preferível chegar-se à convicção da indestrutibilidade da personalidade
humana, a supor o aniquilamento com a morte do corpo?
O
que nos deve consolar é que os sábios como Koch e Pasteur e todos, os médicos
que concordam com a vacina, são tão malucos como nós, segundo o Dr. Bagueira
Leal. E, mal de muitos consolo é.
23
Comunicações
Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou:
"Não se vendem dois passarinhos por um centil? e nenhum deles cairá por
terra sem a vontade de meu Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão
contados. Não temais pois: mais valeis vós do que muitos passarinhos".
(Mateus, cap. 10:29-31).
Destas palavras do divino Mestre, se
deduz que nada nos sucede sem que seja da vontade de Deus. Ora a vontade de
Deus não pode ser uma vontade arbitrária, variável como o é a dos homens. Há
deduzir que é a lei que se executa com toda a justiça, ainda que aparentemente,
pareça injustiça.
Os
espíritos nos vem ensinando a lei da reencarnação: a volta do espírito culpado,
que vendo no espaço os erros que praticou, depois de muito sofrer, pede e obtém
a graça de poder voltar à Terra em condições de poder resgatar e reparar o seu
passado criminoso.
Manifestando-se num grupo, há poucos
dias, um espírito que, ao despedir-se, deu o nome de Prudente de Moraes, depois
de passar em revista os governos que lhe sucederam, teve esta frase
significativa: "Graças a Deus que não fui escolhido como instrumento de
justiça pela Divina Providencia; a minha missão foi a de pacificador. Para
executar a sua justiça Deus escolhe os carrascos."
Há muitos anos, um espírito amigo
nosso, nos disse que o Brasil ia entrar na fase de pagamento da dívida da
escravidão e o que se tem passado daí em diante não tem sido outra coisa senão
a escravidão da nação, subjugada e dominada por meia dúzia de homens que
transformaram o Brasil em uma reitoria sua. É a justiça divina que se cumpre;
os senhores se tornaram escravos e os que não eram senhores mas que concordaram,
consentindo sem protesto, sofrem a consequência da sua pusilanimidade.
"Mas ai daqueles por quem vier o escândalo", ai dos carrascos.
Logo depois da morte de Alexandrino
de Alencar, tem vindo às nossas sessões um espírito muito sofredor que insiste
na sua identidade. Temos feito o possível, orando por ele, para aliviá-lo. Uma
das vezes que ele se manifestava, lamentando o seu sofrimento, outro médium é
tomado por um espírito que nos deu a seguinte comunicação:
"Meus irmãos, glória a Deus.
Conforme vosso pedido e desejo,
eis-me, com a permissão de Deus, novamente a confabular convosco.
Sim, só Deus é grande e poderoso! -
Sofro muito, pelo muito que abusei da autoridade que os homens me conferiram,
pelo haver tantas vezes infligido penas severas por culpas leves!
Como é grave para o espírito
imperfeito, investir-se de autoridade, ou fazer-se depositário de altos dons,
quer o depósito seja constituído dos da inteligência, do talento, da palavra,
quer o seja das posições elevadas e das honrarias efêmeras que lhe outorgam,
entre os homens, as funções do mando, facultando-lhe a prepotência!
Governar homens! Comandar homens! De
quanta sabedoria, iluminada pelo amor a Deus e pelo amor ao próximo, necessita
para isso o Espirito encarnado!
Não a possuindo, é certa a sua falência.
Depois, porém, porque Deus é bom, como remédio para curá-lo dos efeitos dessa
falência, envia-lhe a dor, que o faz compreender toda a extensão da sua fraqueza.
Como bendigo a enfermidade que
precedeu a minha desencarnação! Foi ela que me deu ensejo para meditar sobre a
pequenez das coisas da Terra. Benditas noites de insônia em que mortificando-me
as dores físicas me iam lentamente desprendendo da matéria o Espirito e
ensinando a orar, a procurar Deus!
Assim foi que, nas vésperas da partida, na
antecâmara do túmulo, tive oportunidade bastante para meditar, repassando pela
mente os meus atos, tidos como acertados aos olhos dos homens, mas tão condenáveis
ao olhar da consciência que, apontando-os, me fazia sentir fundo quão culpado
eu era.
Oh! Meu Deus, sem o amparo da tua
misericórdia, como poderia iniciar o longo e doloroso resgate, que me cumpre
realizar, das minhas culpas! Só de ti me podem vir as forças e as energias que
o heroísmo e a grandeza do meu trabalho de reparação requerem. Glória a ti,
Senhor!
Imensa piedade me infunde o irmão e
companheiro aqui presente, a quem não aproveitou o aprendizado da dor. É lhe
preciso começar a compreender a utilidade dela.
Eis, pois, amigo, a Deus nos
dirijamos, suplicando luz e forças, a fim de caminharmos para Ele, purificando
pelas obras que praticarmos, os nossos Espíritos.
Deixo-vos o meu nome. Sou aquele que
na Terra se chamou Hermes da Fonseca.
24
Há dias comunicando-se na nossa
sessão um espírito sofredor e explicando a razão do seu sofrimento atual,
lamentou não houvesse no nosso grupo senhoras que pudessem aproveitar a lição
que da sua confissão pública ressaltava e da dor que todos sentimos lhe na alma
por ter sido tão vaidosa e materialista quando habitava a Terra.
Fizemos o possível para consola-la,
explicando-lhe que Deus, um Pai misericordioso que em todo tempo proporciona
aos seus filhos os meios de resgatar e reparar os seus erros, mas que a dor que
punge o espirito é um remédio necessário para que, quando à Terra voltar, não
reincida nos mesmos erros.
Oramos por ela e prometemos publicar
o "seu brado de alerta" se ela voltasse e nos desse a sua comunicação
psicograficamente, o que ela fez na sessão seguinte.
Praza a Deus que tais palavras
sirvam de advertência a todas aquelas que, como Hermínia, só querem viver para
os gozos materiais, esquecidas do compromisso que tomaram quando se preparavam
para baixar à Terra em resgate de erros e crimes praticados em existências
anteriores.
Hermínia, certamente, lucrará muito
com essa confissão e lucrará mais ainda se aquelas que os mesmos erros praticam
ouvirem o seu conselho.
Eis, pois, a comunicação.
"Louvado seja Deus! A esta
sofredora queira Jesus enviar paz e misericórdia.
Possa a minha confissão, ainda que
tardia, os meus lamentos provocados pelo remorso, encontrar eco em algum
espirito que como eu pratica o mesmo erro.
Não sei quando será iniciada uma
nova vida terrena na qual possa eu resgatar tanta fraqueza, redimir tanta
culpa!
Quando na Terra, tudo sacrificava à
minha beleza física, como tudo para mim se resumia ao dia presente, o meu único
cuidado era de me aformosear cautelosamente evitando o que pudesse prejudicar
ou diminuir os meus encantos. Considerando que a maternidade seria a causa do
meu envelhecimento, empregava todos os meios para evita-la. Oh! Seria uma
deformação ... um transtorno na minha vida mundana ...
Lançando mão de todos os recursos,
beberagens, drogas de farmácias, etc., a saúde foi se ressentindo, tornando-me
uma histérica, segundo os médicos da Terra, e meu espírito, réu, merecedor do
castigo que recebi.
Os espíritos, que necessitados de encarnar
para fazer as suas peregrinações terrenas, em desconto de dívidas, em busca de
progresso, de mim se aproximavam em busca do ensejo que eu lhes proporcionasse
pela maternidade, sendo disso impedidos, pelo meu livre arbítrio, continuaram a
rodear-me, sofredores como eram, somente sofrimento podiam dar-me.
Dos seres que podia agasalhar no meu
regaço e torna-los amigos, formei o grupo de meus obsessores! Não o faziam
conscientes, mas como instrumentos da lei sábia de Deus que eu transgredi.
Foi executada a lei! Longo tempo, 24
anos na reclusão de um manicômio! Liberta, enfim, do cárcere da carne, desse cárcere
que amei em demasia e que se achava gasto e feio, despertei na vida espiritual,
num estado de ansiedade e angústia que a palavra humana não pode traduzir.
Almas que me ouvis ou que estas
linhas lerdes, a quem o cumprimento dos deveres maternais atemoriza, vede no
meu exemplo o que está reservado, mais cedo ou mais tarde, aos que sacrificam
os bens da alma às coisas vãs e passageiras do mundo.
Cumpramos o nosso dever por mais
penoso que seja.
Deus sustenta o fraco que a ele pede
forças e sempre a sua justiça perfeita se patenteia.
Tende compaixão da sofredora. Hermínia."
25
Eis mais uma mensagem, recebida numa
das nossas sessões:
"Jesus, gota de luz cristalizada,
do trono onde estás, derrama a tua bênção sobre estes teus humildes filhos que
aqui vem ouvir as tuas sábias lições.
Meus irmãos, falar-vos-ei hoje sobre
a - vida futura.
No meio de todos os sofrimentos que
aniquilam e torturam o homem há uma luz que não se apaga nunca em sua mente,
uma convicção dum futuro luminoso e radiante que lhe aponta uma vida melhor.
Este futuro ele mesmo pó de dilatar
ou diminuir, segundo a orientação que queira tomar. E dele, exclusivamente
dele, do homem, depende viver uma vida de bem aventurança ou uma existência
espinhosa de martírios e consumições. Deu-lhe o Senhor o livre arbítrio para
que se guiasse sem errar, deu-lhe a razão para que lhe fosse o farol no mar
tempestuoso de sua peregrinação na Terra. Se ele escolher um ou outro caminho,
bem ou mal para si mesmo. Todos sabem perfeitamente o que é o mal, todos o
distinguem perfeitamente do bem. Assim, das infrações cometidas, o homem é o único
e exclusivo responsável.
O espírito, meus irmãos, não
estaciona, não para, não se imobiliza. O seu estado constante é de constante
progresso, e por maior que sejam as vicissitudes porque tenha de passar, o seu
fim será um dia a suprema perfectibilidade. Quanto tempo ele leva, quantos anos
se vão decorrer para que ele alcance aquela perfeição, só Deus o sabe. Mas um
dia, que deve durar séculos talvez, ele a alcançará.
Nem de outro modo se poderia
compreendera a Justiça de Deus. Um castigo eterno, sem fim, seria a negação
dessa justiça que pende dos destinos desse imenso Universo. .
Daí a falsidade absoluta da doutrina
romana que, para satisfazer os seus interesses, lança mão desses meios para
iludir a credulidade popular sempre ignorante, tirar proveitos materiais para
seus gozos e seus prazeres.
Daí o castigo que aguarda os
representantes dessa doutrina falsa e absurda, filha da ambição sórdida e do
interesse que polui e degrada.
Mas, meus amigos e irmãos, com o
advento da nova era, tudo isto se modificará e não será menor no domínio da
crença a transformação ou mudança que se vai operar. Mas, para que o mundo
melhore de fato, de verdade, para que a Terra seja a miniatura do reino de
Jesus, não basta apenas que desabe o capitalismo, que desapareça a opulência,
que cesse o luxo, não. É preciso que se purifiquem os ideais e que a crença
seja uma só, firme, e inabalável. É preciso que se abafem, de uma vez para
sempre, todas as falsas noções que durante mil e mil anos, vieram estragando e
iludindo a humanidade. É preciso que todos os corações se convençam de que a
verdade é uma e só uma e tudo o mais que não se contiver nos limites dos
Evangelhos é mentira. É preciso convencer-se de que a única verdade é Deus, é
Jesus, são seus Mensageiros que vem trazer a palavra divina aos homens.
A humanidade, meus irmãos, será uma
só e única família humana, que se liga a um só tronco: - Jesus.
Todos serão irmãos pelo sangue, pelo
coração, pelo amor, pelo espírito.
Ainda haverá muitas línguas mas o
pensamento será um só.
As nações ainda terão os seus nomes
especiais mas um só laço as prenderá: O amor de Deus e do próximo ...
Aos céticos, aos descrentes, aos
atrasados, aos fúteis, tudo isto parecerá um sonho, será a grande utopia
sonhada por alguns espíritos precursores. Mas quando se fizerem sentir os
primeiros sinais anunciados, quando desabarem os primeiros preconceitos, quando
ruírem os primeiros edifícios da velha construção, então os homens começarão a
sentir que qualquer coisa vai ter lugar. Eles sentirão mais amolecidos os seus
peitos e então se delineará em seus corações; com toda a sua beleza, a Visão do
Futuro.
Paz em nome de Jesus e que Deus vos
abençoe a todos. Orai sempre por nossa médium e por todos aqueles que
necessitam das vossas esmolas espirituais.
À Divina Providencia rogo o seu
auxilio para que possamos receber a graça de sua assistência nos nossos trabalhos.
Convido os meus irmãos a orar sempre, pois precisamos estar preparados para
receber de braços abertos a grande graça com que Jesus nos quer presentear.
Paz, harmonia, concórdia e justiça
seja sempre o vosso lema. - Lamennais."
FIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário