Perseguição espiritual
Redação
Reformador (FEB) Outubro 1923
Entre
as curas de enfermos, referidas no Evangelho, consideradas miraculosas, figura
a dos possessos. A significação deste termo é conhecida.
Como
sabem os confrades, teórica e praticamente, grande e constante é a influência
dos espíritos, desde a atuação simples até ao domínio ou subjugação do
paciente.
Fundada
em fatos de observação quotidiana - e a Federação Espirita Brasileira,
destroçando preconceitos científicos, pode enumerá-los às dezenas - a nossa
doutrina a este respeito, como em outros pontos, encontra plena confirmação no
Evangelho.
Temos
a palavra do Senhor.
Ele
nos revelou a existência do espírito obsessor invisível, que se afasta à sua
ordem.
Não se trata de opinião ou de apreciação
do narrador evangélico, a qual poderia ser errônea; mas de afirmação positiva e
categórica do Cristo.
Referem
os evangelistas que, em certa ocasião, doutrinando Jesus na sinagoga, ali se
achava “um homem possesso de espírito imundo”.
Como
o obsessor tivesse falado pela boca da vítima, o Senhor ordenou, não à esta,
mas àquele:
“- Cala-te e sai desse homem”. (Marcos, I.
23-25; Lucas, v, 33-35)
Estamos,
pois, em face de duas entidades bem distintas, reconhecidas por Jesus: o
indivíduo perseguido, encontrado na sinagoga, e o perseguidor oculto, a quem
foi imposta a ordem de retirada, efetivamente cumprida.
De
outra feita, no território dos gerasenos (ou
gadarenos), fronteiro à Galileia, Jesus deu ordem
idêntica ao obsessor de um homem, vindo a seu encontro:
“-Espírito imundo, sai desse homem.” (Marcos,
v, 1-8; Lucas, VIII, 26-29)
O
divino Mestre dirigiu ainda uma pergunta ao perseguidor espiritual.
Em
outro caso, vem da mesma forma transcrita a ordem do Senhor:
“- Espírito surdo e mudo, Eu te mando: sai
desse moço e não tornes a entrar nele.” (Marcos IX, 24.)
Citamos
essas ocorrências, porque são características. Narrando as aos evangelistas
reproduzem as próprias palavras do Cristo, reveladoras da verdade sobre as
obsessões, causadas por agentes espirituais.
É
a tese que o Espiritismo vem sustentando desde o seu início contra a suposta ciência
materialista e a incredulidade.
Que
havemos de opor à cegueira voluntária?
As
leis do sofrimento e do progresso, que se realiza em vida sucessivas.
Aos
que desejam e querem aprender, apresentamos, além da lição do Evangelho, a
nossa longa e paciente documentação, em longos anos de trabalhos, pesquisas, observações
e experiências.
*
Os
discípulos de Jesus não haviam conseguido a cura, em vão tentada, de um dos
obsidiados acima aludidos.
Qual
o motivo do insucesso?
O
Senhor lhe declarou: “Por causa da sua incredulidade...
“Esta
espécie de demônios não se lança fora senão à força de oração e de jejum.” (Mateus
XVII, 19, 20.)
Jesus,
a personificação da bondade e do amor, nos indicou, em primeiro lugar, a causa
primordial da obsessão, tida por enfermidade que pode ir até a loucura, como aconteceu
ao possesso, ou, segundo Mateus, aos possessos, em extremo furiosos, do país
dos gerasenos.
Em
segundo lugar, nos ensinou os meios de cura, que se resumem na fé e na prece.
Na
era espírita, conhecida a mediunidade, podemos melhor compreender e aplicar os
preceitos evangélicos para a libertação de obsidiados.
As
antigas práticas exorcistas ainda mantidas pelas igrejas, eram e são inúteis ou
contraproducentes porque irritam e exacerbam os perseguidores.
Mais
do que as teorias, convencem os fatos.
As
contínuas vitórias alcançadas pelo Espiritismo, no tratamento e cura das
obsessões, graças à Providencia divina, por seus agentes invisíveis, Guias
espirituais, provam a eficácia dos seus processos.
Eles
hão de generalizar-se, porque os tempos são chegados e as verdades serão
reconhecidas e proclamadas.
Como
os ocultos, serão vencidos os perseguidores encarnados.
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