A Prisão de Jesus
26,47
Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos doze, e, com ele, uma multidão de gente armada de espadas e de
paus, enviada pelo sumo sacerdote e pelos anciãos do povo.
26,48 O traidor combinara com eles este sinal:
Aquele que eu beijar é Ele, prendei-O.
26,49 Aproximou-se imediatamente de
Jesus e disse: Salve Mestre! e beijou-O.
26,50
Disse-lhe Jesus:
“ -É para isso que vens aqui?” Em seguida,
adiantaram-se eles e lançaram mão em Jesus para prendê-Lo.
26,51 Mas, um dos companheiros desembainhou a
espada e feriu um dos servos do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha.
26,52 Jesus, no entanto, lhe disse: “
-Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada
morrerão.
26,53 Crês tu que não poderia
invocar Meu Pai e Ele Me enviaria de
imediato mais de doze legiões de anjos?
26,54 Mas, como se
cumpririam as Escrituras, segundo as quais é preciso que seja assim?”
26,55
Depois, voltando-se para a turba, falou: “ -Saístes armados de espadas e
de paus para prender-me como se Eu fosse um malfeitor. Entretanto, todos os
dias Eu estava sentado entre vós ensinando no templo e não Me prendestes.
26,56 Mas, tudo isto aconteceu porque
era necessário que se cumprissem os oráculos dos profetas.” Então, os discípulos
o abandonaram e fugiram.
Para
Mt (26,47-56) -A Prisão de Jesus-,
encontramos em “Elucidações Evangélicas” de A. L. Sayão, o que se segue:
“Estes trechos apenas referem fatos
históricos, que não reclamam comentários.
Juntamos aqui, às dos três outros
Evangelhos, com os quais unicamente temos nos ocupado, a parte correspondente
do de João, para darmos a narrativa integral dos fatos de que tratamos, visto
que as narrações evangélicas se completam e explicam umas pelas outras.
Tudo o que se deu com relação à
prisão de Jesus, que de tudo quanto aconteceu sabia de antemão, assim como com
relação ao ato de Pedro contra Malco e à cura deste, constituiu um exemplo de
caridade, de paciência e de poder.
Pelo que concerne à queda dos
primeiros que avançaram para se apoderarem do Mestre, resultou de uma ação
fluídica exercida pelos Espíritos que o cercavam. Foi um fato semelhante aos
que hoje se podem observar nas sessões espíritas. A cura da orelha de Malco,
Jesus a operou, tocando-a. Cumpre notar que ela fora cortada, porém,
não decepada.
Quanto às palavras dirigidas a
Pedro: Embainha a tua espada, etc., encerram um ensinamento, que o
Mestre nos ofereceu, mostrando que jamais devemos defender-nos com violência,
com armas materiais; que somente devemos usar das armas morais: a paciência, a
doçura, o amor e a caridade; que serão punidos segundo a lei de talião os que,
usando de armas materiais, derem prova que desprezam os ensinos, os exemplos,
os mandamentos. Continham igualmente uma advertência aos que, de futuro, se
ririam e constituiriam diretores da sua Igreja, dando-lhes a ver que nunca
deveriam fazer deste mundo um reino para si, empunhando armas materiais, como instrumentos
de justiça humana, ou de defesa contra os ataques exteriores. O mancebo que
seguiu a Jesus, conforme dizem os Evangelistas, envolto num lençol, simbolizava
a lei antiga, que trazia consigo o emblema da morte. Detida no seu curso, ela
se despoja de suas insígnias e se mostra tal qual o Senhor a fez. Também nós
nos devemos despojar das insígnias da morte.
Estamos envoltos em fraudes,
maldades e vícios. Esse o lençol que nos cobre. Abandonemos esse invólucro
fúnebre, como o fez o mancebo de que falam os Evangelistas, nas mãos dos que
tentem embaraçar-nos os passos na senda do progresso moral e apresentemo-nos ao
Senhor nus, isto é, com um coração puro, tal como Ele no-lo deu. Acompanhemos o Cristo no seu trajeto para o
Pretório, deixando pelo caminho os nossos vícios e paixões, causa da sua ida
até lá. Sigamo-lo, trilhando as sendas que Ele traçou a assim abrandaremos os
sofrimentos que lhe causamos à sua passagem pela Terra.”
Para
Mt (25,50) -Ensejo ao Bem,
encontramos em “Caminho, Verdade e Vida” de Emmanuel por Chico Xavier, o que se
segue:
“É significativo observar o otimismo
do Mestre, prodigalizando oportunidades ao bem, até ao fim de sua gloriosa
missão de verdade e amor, junto dos homens.
Cientificara-se o Cristo, com
respeito ao desvio de Judas, comentara amorosamente o assunto, na derradeira
reunião mais íntima com os discípulos, não guardara qualquer dúvida
relativamente aos suplícios que o esperavam; no entanto, em se aproximando, o
cooperador transviado beija-o na face, identificando-o perante os verdugos, e o
Mestre, com sublime serenidade, recebe-lhe a saudação carinhosamente e indaga:
Amigo, a que vieste ?
Seu coração misericordioso
proporcionava ao discípulo inquieto o ensejo ao bem, até ao derradeiro
instante.
Embora
notasse Judas em companhia dos guardas que lhe efetuariam a prisão, dá-lhe o
título de amigo.
Não lhe retira a confiança do minuto
primeiro, não o maldiz, não se entrega a queixas inúteis, não o recomenda à
posteridade com a acusações ou conceitos menos dignos.
Nesse
gesto de inolvidável beleza espiritual, ensinou-nos
Jesus que é preciso oferecer portas ao bem, até a última hora das experiências
terrestres, ainda que, ao término da derradeira oportunidade, nada mais reste
além do caminho para o martírio ou para a cruz dos supremos testemunhos.”
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