A Festa dos Tabernáculos - Jesus e Irmãos
7,1 Depois disto, Jesus percorria a
Galiléea. Ele não queria deter-se na Judeia, porque procuravam tirar-Lhe a
vida.
7,2 Aproximava-se a festa dos judeus chamada dos Tabernáculos.
7,3 Seus
irmãos disseram-Lhe: -Parte daqui e vai para a Judeia, a fim de que também os
Teus discípulos vejam as obras que fazes;
7,4
Pois quem deseja ser conhecido em público não faz coisa alguma
ocultamente. Já que fazes estas obras, revela-Te ao mundo!
7,5 Com efeito, nem mesmo seus irmãos acreditavam
nele.
7,6 Disse-lhes Jesus: “ -Ainda não
é chegado o Meu tempo, mas, o vosso tempo sempre está pronto,
7,7 o mundo não vos pode odiar, mas odeia-Me
porque Eu tenho o testemunho contra ele, que as suas obras são más;
7,8 Subi vós para a festa. Quanto a Mim, Eu não
irei, porque ainda não chegou o Meu tempo.”
7,9
Dito isto, permaneceu na Galileia.
7,10
Mas, quando os Seus irmãos tinham subido, então subiu também Ele à
festa, não em público, mas desapercebidamente.
7,11 Buscavam-No os judeus durante a festa e perguntavam: - Onde está Ele?
7,12 E, na multidão, só se discutia a respeito
dele. Uns diziam: - É homem de bem! Outros, porém, diziam: - Não é, Ele seduz o
povo.
7,13 Ninguém, contudo, ousava falar Dele livremente com medo dos Judeus.
Para Jo (7,6), -Jesus
e seus Irmãos - tomemos “Conduta Espírita”, de André Luiz:
“Conduta Espírita perante o tempo...
- Em nenhuma condição, malbaratar o
tempo com polêmicas e conversações estéreis, ocupações fantasistas e demasiado
divertimento. Desperdiçar tempo é
esbanjar patrimônio divino.
- Autodisciplinar-se
em todos os cometimentos a que se proponha, revestindo-se do necessário
discernimento. Fazer muito nem sempre
traduz fazer bem.
- Fugir de chorar o
passado, esforçando-se por reparar toda ação correta. O passado é a raiz do
presente, mas o presente é a raiz do futuro.
- Afastar aflições descabidas com referência ao porvir, executando
honestamente os deveres que o mundo lhe designa no minuto que passa. O amanhã germinará das sementes do hoje.
- Quando possível, plasmar as
resoluções do bem no momento em que surjam, de vez que, posteriormente, o campo
da experiência pode modificar-se inteiramente. Ajuda menos quem tarde serve.
- Ainda que assoberbado de realizações e tarefas, jamais descurar o bem que
possa fazer em favor dos outros. Quando procuramos o bem, o próprio bem nos
ensina a encontrar o tempo de auxiliar.”
A Festa dos Tabernáculos - Jesus e Irmãos
7,14 Lá pelo meio da festa, Jesus subiu
ao templo e pôs-se a ensinar.
7,15 Os
judeus se admiravam e diziam: -Este homem não faz estudos. Donde vem, pois,
este conhecimento das escrituras?
7,16 Respondeu-lhes Jesus:“ -A minha
doutrina não é minha, mas daquele que me enviou;
7,17 Se alguém quiser cumprir a vontade de Deus,
distinguirá se a minha doutrina é de Deus, ou se falo de mim mesmo;
7,18 Quem
fala por sua própria autoridade, busca a própria glória, mas quem procura a
glória de quem O enviou, é digno de fé e Nele não há impostura alguma;
7,19 Acaso não foi Moisés quem vos deu a
lei? No entanto, ninguém de vós cumpre a lei...
7,20 Por que procurais tirar-Me a vida?” Respondeu o povo: -Tens um espírito mal! Quem
procura tirar-Te a vida?
7,21 Replicou Jesus: “ -Fiz uma só obra, e
todos vós vos maravilhais!
7,22 Moisés vos deu a circuncisão (se bem que não é de Moisés, mas dos Patriarcas)
e até no sábado circuncidais um homem!
7,23 Se um homem recebe a circuncisão em dia de
sábado, e isso sem violar a lei de Moisés, por que vos indignais comigo, que
tenho curado os homens em todo o corpo,
em dia de sábado?”
7,24 Não julgueis
conforme a aparência, mas julgai conforme a justiça!”
Seguimos com Roustaing:
Para Jo (7,16-19),
-A minha doutrina não
é minha mas daquele que me enviou, O
espanto dos judeus ao ouvirem os ensinos de Jesus e isto que disseram: Como sabe
este homem as letras sagradas (As Escrituras) sem
as ter estudado? devem prender-vos a atenção.
Os Judeus, efetivamente estavam
muito bem certos de que Jesus não estudara. Como então que sabia as Escrituras? Que Espírito, sofrendo a encarnação material
humana, pode jamais, ou pode, saber as Escrituras, sem que as tenha estudado? A
resposta de Jesus, evasiva segundo a letra,
resolve a questão, desde que seja entendida segundo
o espírito:
“A minha doutrina (a doutrina que
prego) não é minha, mas daquele que me enviou”. Atesta, dessa forma, que sabe tudo o que dizem as Escrituras, sem as ter
estudado; que sabe tudo o que ensina, por estar em relação direta com aquele que
o enviou; que a sua ciência e,
por conseguinte, sua natureza e sua origem são extra-humanas, não lhe vêm dos
homens.
Concita
os Judeus a refletirem sobre o que diz e ensina, reportando-se ao que o homem
deve fazer, segundo a lei que Moisés lhe outorgou, para obrar de acordo coma
vontade de Deus cumprindo essa lei. Concita-os a que, comparando, reconheçam
que a sua doutrina é de origem divina; que ele é o órgão direto do Senhor; que
não busca a vaidade das glórias humanas,
mas a glória daquele que o enviou; que suas palavras são palavras de justiça,
de amor e de verdade; que ele é delas a personificação mesma.
Moisés,
diz o Mestre, vos deu a lei e, entretanto, nenhum de vós a cumpre. A lei estava
no Decálogo, no amor a Deus acima de todas as coisas, no amor ao próximo como a si mesmo,
proclamados no Levítico e no Deuteronômio. E, nenhum dos que o ouviam cumpria a
lei.
Para
Jo (7,20-24)
-Não julgueis pela
aparência e sim pela reta justiça... Do
ponto de vista do ensino que, proferindo-as, dava Jesus sobre o sábado e o modo
de santificar-se esse dia, já vos foi explicado...
A circuncisão era um uso seguido
pelos patriarcas, mas, voluntariamente, como medida de precaução. Moisés a
tornou obrigatória, fazendo de sua prática uma lei religiosa.
Na acusação, que lhe lançavam, de
ter violado o sábado, porque praticara uma boa obra, havia apenas aparência de
respeito à lei. Para os Judeus havia aparência de violação, porque houvera ato
e todo ato era proibido no sábado. Mas, a
justiça reta forçosamente reconheceria não haver dia algum interdito à prática
do bem e que, se algum houvesse, não poderia ser o dia consagrado ao Senhor.
A Festa dos Tabernáculos - A Origem do Messias
7,25 Algumas das pessoas de Jerusalém diziam: -Não é Este Aquele quem procuram tirar a vida?
7,26 Todavia, Ei-Lo que fala em público e não Lhe dizem coisa alguma. Porventura reconhecem, de fato, as autoridades que Ele é o Cristo?
7,27 Mas Este nós sabemos de onde vem. Do Cristo, porém, quando vier, ninguém saberá donde seja.
7,28 Enquanto ensinava no templo, Jesus exclamou: “ -Ah! Vós me conheceis e sabeis donde Eu sou! Entretanto, não vim de Mim mesmo, mas é verdadeiro Aquele que Me enviou, e vós não O conheceis...
7,29 Eu O conheço, porque venho Dele e Ele me enviou.”
7,30 Procuravam prendê-Lo, mas ninguém Lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a Sua hora.
Para Jo (7,25-30), -A Origem do Messias - leiamos a J.-B. Roustaing em “Os Quatro Evangelhos” - 4º Volume:
“Tendes aqui mais um testemunho da origem de Jesus e do erro em que caíram os Judeus, atribuindo uma missão humana ao Messias que esperavam. Efetivamente, contavam eles que o Messias sairia da descendência de David. Logo, não deveriam esperar que surgisse no meio deles, humanamente, sem que se soubesse donde vinha. Entretanto, assim era.
Por efeito das interpretações humanas a que dera lugar, a predição relativa ao Messias tivera como conseqüência, como resultado, a crença expressa nesta frase:
“Quando o Cristo vier, ninguém saberá donde ele é.” A contradição que assim se patenteia não existiria, desde que houvessem aplicado essa dedução à origem espiritual extra-humana, de Jesus, como de fato se aplica inteiramente.”
Ainda Roustaing:
Vv. 28 e 29: “Os judeus conheciam a Jesus do ponto de vista da aparência humana. Todos sabiam qual a sua residência material. Ignoravam, porém, que nada tendo de material a sua missão, imaterial era o seu princípio. Era imaterial relativamente aos homens, porque à sua encarnação nenhuma aplicação tiveram as leis de reprodução no planeta terreno. Este fato, contudo, não estava ao alcance dos homens daquela época e mesmo dos vossos contemporâneos será mal compreendido. (Ditado mediúnico em Dezembro de 1864).
Pela sua natureza espiritual, só Jesus, entre os homens, podia conhecer aquele que o enviara. “Eu, disse ele, o conheço, porque dele nasci e porque ele me enviou.”
Desse modo aludia à sua natureza extra-humana, à sua essência espiritual de enviado, as quais lhe permitiram ter, durante todo o curso da sua missão terrena, consciência exata da sua posição espírita, do conhecimento, que possuía, de Deus e da relação direta em que com este se achava a acha.”
Vv.30: “Não chegara ainda a hora do sacrifício. Por meio de ação magnética e por ato da sua vontade, Jesus atua sobre os que o cercam, afastando deles a ideia de o prenderem. Se já houvera chegado a hora, não se teria subtraído à perseguição dos que lhe queriam dar a morte. Conheceis a ação da vontade do magnetizador humano sobre o homem. Deveis avaliar perfeitamente qual fosse a de Jesus, que possuía no máximo grau o poder magnético.”
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