A Boa Nova
por Vinícius (Pedro de Camargo)
Reformador (FEB) Dezembro 1925
Evangelho
quer dizer boa nova. Jesus é, por excelência, o portador da boa nova para a humanidade.
Depois
de anuncia-la e por ela sacrificar-se, incumbiu seus apóstolos de fazerem o mesmo, de prosseguirem nessa
obra de propagação da boa nova, dizendo-lhes: “Ide, e anunciai o Evangelho a todas
as gentes."
Mas, afinal,
em que consiste a “boa nova” de que Jesus se fez arauto?
A boa
nova trazida pelo Messias é a redenção do Espírito, é a salvação de todo o pecador,
segundo o programa concebido pelo amor de Deus e executado conforme sua onisciência
e onipotência.
Até então,
a humanidade via em Deus um, rei déspota e vingador, como eram, em geral, os reis
daqueles tempos. Supunha-se a Divindade parcial, ciosa e apaixonada, como são os homens. Deus
inspirava medo, mais do que medo - terror.
O Messias
procurou, desde logo, reformar esse falso conceito, apresentando Deus como Pai.
Sempre que se referia ao Supremo Ser o fazia sob aquela designação.
As
relações entre Pai e Filho são muito diferentes daquelas que se verificam entre
reis cruéis e súditos escravizados. O homem não seria mais escravo. Raiara para
o mundo o dia da liberdade.
Não
havia mais motivos para apreensões e terrores. Deus não era mais Rei, era Pai.
O Pai
não exige do filho senão amor.
O Pai
não explora, não escorcha, não tiraniza, não condena o filho, porque o ama. E, amando,
quer o bem do ser amado; e querendo, promove esse bem, porque é infinitamente
poderoso e sábio, De tal sorte, não há proscritos. Israel deixou de ser denominado
de um povo, para tornar-se denominação genérica da humanidade.
Tal
era a boa nova, tal é a alvissareira mensagem trazida do céu pelo Ungido de
Deus, mensagem de amor que, através de todos os tempos, os apóstolos do Mestre vêm
repetindo eco bendito.
Se a
salvação fosse parcial, se fosse para uma insignificante minoria, como pretendem os credos caducos, o Evangelho
deixaria de ser “boa nova” para transformar-se em lúgubre sentença de condenação;
e o Messias de Deus deixaria de ser o mensageiro da vida, para ser o almocreve (portador) da morte.
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