Estudos
Bíblicos – Renascimento e Reencarnação
Almerindo
Martins de Castro
Reformador
(FEB) Janeiro 1940
Disse Jesus a Nicodemos: “Em verdade
te digo que, se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.”
Perguntou Nicodemos: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura,
entrar novamente no ventre de sua mãe?” Respondeu Jesus; “Em verdade te digo
que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de
Deus, O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é Espirito.
Não te maravilhes de eu te dizer: É-vos necessário nascer de novo. O Espirito
sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai:
assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” - Como pode ser isso? perguntou
Nicodemos. Respondeu Jesus: "Tu és mestre em Israel e não entendes estas
coisas?” (João III, 1-10)
A estranheza de Jesus estava em que
Nicodemos não devia ignorar o sentido das palavras de que Ele, o Cristo, usava.
Segundo as crenças transmitidas nas Escrituras Sagradas, sabia-se que o
Espírito (sopro divino dado às criaturas) era imortal, imperecível. Não era,
pois, natural que Nicodemos, grande entre os Fariseus, se admirasse de poder um
Espírito voltar à terra, nascendo de novo por um corpo-carne, visto que este
constitui o veículo do Espirito, como está demonstrado em João I, 14, onde se
diz: “O verbo se fez carne (tomou a forma corpórea) e habitou entre nós.”
Segundo também essas crenças e
conhecimentos, que vinham de tempos imemoriais, quatro eram os elementos que
dominavam no mundo e resumiam as fontes da vida e das transformações de todas
as coisas vivas: ÁGUA, TERRA, FOGO e AR.
A ÁGUA, por essas noções, era o
princípio gerador de todos os seres, fonte originária dos corpos vivos. Tal se
encontra na Gênese (I, 1, 2, 6, 7, 20 e 21): "No princípio criou Deus o
céu e a terra e o espírito de Deus era levado sobre as ÁGUAS. E disse Deus:
Faça-se o
firmamento e
dividiu as águas que estavam por baixo do firmamento das que estavam por cima
do firmamento. Disse também Deus: Produzam as ÁGUAS repteis de alma vivente e
aves que voem sobre a terra. Criou Deus os grandes peixes e todos os animais
que têm vida e movimento, os quais FORAM PRODUZIDOS PELAS ÁGUAS, cada um
segundo suas espécies.”
Por isso, Jesus disse que era
preciso nascer de novo da ÁGUA e do Espirito, considerando a água como o
elemento gerador de todo corpo “que tem vida e movimento”, e do Espírito
(porque este não pode vir das ÁGUAS, mas de Deus, CUJO ESPíRITO PAIRA SOBRE AS ÁGUAS),
o que tudo significa, em resumo que o ESPíRITO (oriundo de Deus - Fonta Suprema)
nasce de novo - tomando DAS ÁGUAS um corpo que tem vida e movimento.
E esse foi o ensinamento que Jesus
transmitiu aos Apóstolos e estes pregaram sem restrições, como se vê da I
Epístola de João, cap. V, onde está afirmado que o Cristo “veio com a ÁGUA e
com o sangue; não com a água tão somente, senão com a água e com o sangue. E o
ESPIRITO é que dá testemunho de que o Cristo é a verdade."
Sabendo-se que o SANGUE era o
símbolo da vida animal, o ensinamento se completa nesse mesmo trecho, quando o
Apóstolo diz, no vers. 8: "Três são os que dão testemunho na terra: o ESPÍRITO
e a ÁGUA e o SANGUE; e estes três SÃO UMA MESMA COISA."
E quem nos confirma que esse ensinamento
foi dado a todos os Apóstolos, isto é, que SANGUE é símbolo ou sinônimo de
VIDA, é aquela passagem de Atos (XVIII, 26): “Deus de um sangue fez todo o gênero
humano.”
Muitos outros ensinamentos
complementares confirmam e ilustram essa doutrina, pela qual o Mestre quis
esboçar a finalidade do Espírito no caminho da perfeição.
Diz a I Epístola aos Coríntios, VI,
19: "Acaso não sabeis que os vossos corpos são templo do Espírito Santo
QUE HABITA EM vós, o qual tendes por VO-LO HAVER DADO DEUS e que não sois mais
de vós mesmos?"
E para que não houvesse dúvida,
explica no cap. XV, 39 a 49, que não se deve confundir a forma corpórea
terrestre, com a forma do Espírito, porque "corpos há celestes e corpos
terrestres". O Espírito é semeado em corpo corruptível, mas ressurge em
corpo incorruptível, pois, "se há corpo animal, também o há espiritual”;
Deus fez primeiro o animal e depois o espiritual.
Que concluir de tais ensinamentos?
Que os Espíritos, desconhecedores ou adversos da Verdade, que está no Evangelho
do Cristo, precisam voltar à Terra. Porque? Porque a lei que será aplicada a
todas as criaturas, diz assim: A cada um
se paga segundo as suas obras (Mat., XVI, 27).
Mas, os Espíritos não têm, pelas
religiões, apenas a salvação eterna ou a condenação eterna? Não, porque Jesus
disse estas palavras (João, VIII, 58): "Em verdade, em verdade vos digo,
que se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte eternamente."
Como explicar que, guardando a
palavra do Cristo, a criatura não tem - morte eterna - e sim transitória? Será
por estar ensinado que Deus não quer o perecimento do pecador, mas o seu
arrependimento e a sua salvação, em qualquer tempo?
Já no Velho Testamento havia esta
promessa de Deus, em favor do pecaminoso (Job, XXXIII, 23-24): "Se houver
algum anjo (Espírito), um entre milhares, que fale a seu favor, e instrua o homem no seu dever, se
compadecerá dele e dirá: Livra-o, para que não desça à corrução; eu achei por
lhe fazer graça.” E como podiam os anjos (Espíritos puros) descer até criaturas,
uma vez que as religiões isolam o Céu da Terra?
A explicação de que Deus fala às criaturas
(de certo por intermédio desses anjos) está nesse mesmo capitulo, vers. 15 – 16:
“Por sonho de visão noturna, quando cai
sobre os homens, e estão dormindo no seu leito; então abre os ouvidos dos
homens e, admoestando-os, lhes adverte o
que devem fazer.”
Mas, os anjos terão a sua ação
limitada à vida terrena da criatura, ou Deus consente que protejam o pecador e
por ele peçam, mesmo depois que o Espirito deixa o corpo carnal?
Quem poderá fazer a restrição, uma
vez que tal limite não está nas Sagradas Escrituras? É certo que a Escritura
diz (Hebr. IX, 27 - 28; X, 26 - 27): “Assim como está decretado que o homem
morra só uma vez, seguindo-se o juízo - assim só passa pelo horror do
sofrimento o que pecou voluntariamente, depois de haver conhecido a
verdade." Esta morte é a do pecado, a morte espiritual. O que peca morre
espiritualmente, por que decai da condição em que foi criado, contrai culpa e,
por isso, fica sujeito à reparação, diante da lei do Juízo Supremo, conforme
disse o Cristo, figuradamente, em Mat., V, 25 - 26: “Concilia-te depressa com o
teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o
adversário te entregue ao juízo e o juízo te entregue ao oficial e te encerrem
na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali, enquanto não
pagares o último centil."
Deus não cria Espíritos culpados;
nós é que adquirimos um inimigo e nos tornamos adversários - no caminho a
percorrer - da Lei fraudada, o que nos conduz à prisão do pecado, onde há sofrimento
para o Espírito, “fogo e ranger de dentes”. E vamos a essa prisão pelo
esquecimento da Palavra de Deus, ensinada desde Moisés. Mas, mesmo no cárcere
do sofrimento, a nossa vida prossegue e os Espíritos se avistam e recebem
ensinamentos, conhecem em plenitude suas culpas, aprendem a necessidade de
reparar os crimes praticados contra a Lei de Deus, e percebem a diferença entre
os que já sofreram e os que vivem esquecidos dos Mandamentos, mergulhados no
egoísmo dos prazeres materiais - o que está comprovado na parábola do rico e do
Lázaro (Lucas, XIV, 19 - 31.) O rico, sepultado no Hades (lugar inferior), viu
a Lázaro e Abraão e ouviu a voz deste, apesar da distância, o que significa que
os Espíritos se falam do “céu para o inferno”, e Deus o permite.
E porque Jesus não podia ter dito
apenas uma fantasia ou uma calva mentira, aí se compreende que os Espíritos
culpados não podem passar - diretamente
- da região dos pecaminosos para as moradas superiores, sem pagar o último centil das suas dívidas de culpa, enquanto não
conhecerem, aceitarem e cumprirem o Evangelho, por isso que o Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Os que não aceitam a doutrina, nem a
praticam, são iguais aos que não ouviram a palavra de Moisés: a esses não
adianta que os Espíritos lhes falem, porque - a Salvação não vem por acreditar na pessoa do Cristo, mas por praticar a doutrina, seguir-lhe os
exemplos da vida que viveu -- para nosso modelo e legado.
"Aquele que fizer a vontade de
Deus (cumprir a Lei), esse é minha irmã, minha mãe, meu irmão”, disse Jesus
(Mat. XII, 50). Assim é que foi ensinado nestas passagens do Novo Testamento:
"Morreu o Cristo por nós; pois, muito mais agora que somos justificados
pelo sangue (Rom., V, 9); “o sangue
do Cristo limpará a nossa consciência das obras da morte (Hebr. IX, 14.).
Nesses trechos e, mais, na 1ª. Epist. de João (1, 7), onde se dia:
"o sangue de Jesus Cristo purifica de todo pecado" - a expressão Sangue do Cristo significa sua obediência
até à Morte”, elucidação adotada por eminentes exegetas.
Aí está, pois, o fundamento da Lei
da Salvação, pela perfeição da vida, dentro dessa Lei exemplificada e vivida
por Jesus.
E se à criatura só lhe for possível
conhecer o Evangelho, a Lei, nas derradeiras horas, sem tempo para reconciliar-se
- enquanto no caminho - ficará por isso fora do caminho de que falava Jesus?
Como reencetar o caminho, em busca
da verdade, para conquistar
verdadeira vida? Voltando ao caminho; nascendo de novo da ÁGUA e do
ESPíRITO.
É o que decorre dos ensinamentos
bíblicos sobre a reencarnação.
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