terça-feira, 22 de janeiro de 2019

A queda de Jerusalém e outras



Predição sobre Jerusalém e Outras
                  
24,1   Ao sair do templo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e fizeram-nO apreciar as construções. 
24,2  Jesus, porém, respondeu-lhes: “ -Vedes todos estes edifícios? Em verdade vos declaro: Não ficará aqui pedra sobre pedra - tudo será destruído.” 
24,3  Indo Ele ausentar-se no Monte das Oliveiras, achegaram-se os discípulos e, estando a sós com Ele, perguntaram-lhe: -Quando acontecerá isso? Qual será o sinal de Tua volta e do fim do mundo?     
24,4  Respondeu-lhes Jesus:
“ -Acautelai-vos,  que  ninguém   vos   engane. 
24,5 Muitos virão em Meu nome, dizendo: Sou eu  o  Cristo, e seduzirão a muitos. 
24,6  Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras. Atenção que isso não vos perturbe, porque é preciso que isso aconteça. Mas, ainda não será o fim.
24,7  Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino e haverá fome, peste e grandes desgraças em diversos lugares. 
24,8  Tudo isso será apenas o início dos sofrimentos. 
24,9  Então, sereis entregues aos tormentos, matar-vos-ão e sereis, por Minha causa objeto de ódio para todas as nações. 
24,10  Muitos sucumbirão, trair-se-ão mutuamente e mutuamente se odiarão. 
24,11 Levantar-se-ão muitos falsos profetas e seduzirão a muitos. 
24,12  E, ante o progresso da iniquidade, a caridade de muitos se esfriará. 
24,13  Entretanto, aquele que perseverar até o fim, será salvo. 
24,14 Esta boa nova será divulgada pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas as nações e, então, chegará o fim.”
       
         Para Mt (24,1-2) -Predições sobre a Cidade de Jerusalém e Outras -, leiamos “A Gênese”, de Kardec, no seu Cap. XVII:
           
            “A faculdade de pressentir as coisas porvindouras é um dos atributos da alma e se explica pela teoria da presciência.  Jesus a possuía, como todos os outros, em grau eminente. Pode, portanto, prever os acontecimentos que se seguiriam à sua morte, sem que nesse fato algo haja de sobrenatural, pois que o vemos reproduzir-se aos nossos olhos, nas mais vulgares condições.”

            Para Mt (24,2) -Não ficará pedra sobre pedra..., leiamos a Vinícius, conforme gravado no Reformador pg.145 Ano 1933:

            “Ao sair Jesus do templo, disse-lhe um de seus discípulos: Olha, Mestre, que pedras e que edifícios! Disse-lhe Jesus: Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derrubada.
            Jerusalém, Jerusalém! que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quiz eu ajuntar teus filhos, como a galinha ajunta os do seu ninho debaixo das suas asas e tu não quiseste! Eis aí vos é deixada a vossa casa. Declaro-vos que não me vereis mais até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.”
            As palavras de Jesus não passam: atravessam os séculos e os milênios por sobre as gerações que se sucedem no cenário terreno. O que ele disse acerca de Jerusalém constitui uma profecia aplicável a todas as grandes capitais do mundo materialista de todos os tempos.
            Os homens se impressionam com o vulto do progresso material em suas múltiplas expressões. Orgulham-se dos seus feitos, descobertas e invenções; das suas metrópoles, cujas ruas e praças ostentam arranha-céus, teatros, catedrais, monumentos e outros muitos expoentes da arte, da riqueza e da civilização sem moral e sem justiça.  Esquecem-se, porém, do que têm sucedido com tudo isso, apesar do testemunho insuspeito da história. Nào percebem que essas construções, de que tanto se jactam, por vezes ficaram reduzidas a montões de escombros!
            As gerações que se seguem entregam-se novamente ao delírio dos sentidos, vendo, a seu turno, ruir as pedras de seus edifícios! É Saturno, o deus antropófago, devorando os próprios filhos!
            De fato, onde está a potentíssima Roma dos Césares? Que é feito da Grécia, berço das artes e da filosofia de outrora? Onde o Egito dos Faraós, com suas ciências tão afamadas? E a Babilônia, em cujo reino o sol nunca se punha? Reportando-nos aos nossos dias, cabe indagar: onde a decantada civilização européia, cujas nações vivem em constantes sobressaltos, e cujos povos se mantêm em atitudes de feras que mutuamente se temem e se vigiam?
            Jerusalém caiu fragorosamente no ano 70, conforme o vaticínio do Senhor.
      Tal como a capital da Palestina, vem desmoronando, numa derrocada sinistra, o mundo materialista, o reino de Mamon, de Baco e de Vênus!
            E assim sucederá, até que os homens deixem de construir sobre a areia, e, abrindo o coração às revelações do céu, digam: Bendito aquele que fala em nome do Senhor!

            Para  Mt (24,4) - Acautelai-vos, que ninguém vos engane!   - leiamos   “Livro  da Esperança”, de Emmanuel por Chico Xavier:
           
            “Forçoso distinguir sempre o exterior da conteúdo. Exterior atende à informação e ao revestimento. Conteúdo, porém, é substância e vida. Exterior, em muitas ocasiões, afeta unicamente os olhos. Conteúdo alcança a reflexão. Simples lições de coisas aclaram-nos o asserto. A casa impressiona pelo feitio. O interior, contudo, é que lhe decide o aproveitamento. A máquina impressiona pelo feitio. O interior, contudo, é que lhe revela a função. Exterior consegue enganar. Um frasco indicando medicamento é capaz de trazer corrosivo. Uma bolsa aparentemente inofensiva pode encerrar uma bomba.    Conteúdo, entretanto, fala por si.A essência disso ou daquilo é ou não é. Imperioso considerar ainda que todas as aquisições, conhecidas por fora, somente denotam valor real se filtradas por dentro.
            Cultura é patrimônio incorruptível, no entanto apenas vale para a vida, no exemplo de trabalho daquele que a possui.Título profissional tem o crédito apreciado pelo bem que realiza. Teoria de elevação não vai sem a prática. Música é avaliada na execução.
            Atendamos, pois, às definições espíritas, que nos traçam deveres imprescritíveis, confessando-nos espíritas e abraçando atitudes espíritas, mas sem esquecer que Espiritismo, na esfera de nossas vidas, em tudo e por tudo, é renovação moral.”

            Antônio Lima em “Vida de Jesus” nos conta do templo de Jerusalém, através de Antiguidades  Judaicas de Flavius Josephus:

            “O templo de Jerusalém tinha cem côvados de largo e cento e vinte de altura, que com o tempo ficou reduzida a cem côvados, devido ao desaprumo dos alicerces. Era uma maravilha a qualidade e a cor das pedras do edifício, assim como as suas dimensões, pois tinham vinte côvados de comprimento, oito de altura e doze de largura. As artes tinham rivalizado para que causasse assombro a arquitetura daquele monumento, que parecia o palácio de um rei, o mais esplêndido que o sol tem iluminado. Os seus pórticos eram adornados com ricos tapetes recamados de flores de púrpura. Das cornijas das colunas caíam cepas de ouro com os seus pâmpanos e cachos. O templo tinha dez portas, quatro ao norte, quatro ao meio-dia e duas ao Oriente. Estas portas tinham duas folhas e mediam trinta côvados de altura e quinze de largura. Os ângulos eram chapeados de ouro e prata e só um era de cobre de Corinto - metal mais precioso que qualquer outro. O frontispício do monumento, com os seus muitos enfeites de ouro, tinha um brilho prodigioso aos raios do sol nascente. O interior do edifício, dividido em duas partes, era de uma riqueza que deslumbrava. Sobre a porta do primeiro recinto sagrado via-se uma cepa de ouro do tamanho de um homem, com cachos do mesmo metal. As portas que conduziam ao segundo recinto eram cobertas de um tapete babilônico de cinquenta côvados de altura e dezesseis de largura. O azul, a púrpura, o carmim e o linho, misturados nos tapetes, representavam os quatro elementos: o azul, o ar; a púrpura, o mar; o carmim,o fogo, e o linho, a terra que o produz. A arte, ajudada pela ciência, também tinha ali representada a esfera celeste. Passado o segundo recinto e no interior do templo, estava o Santo dos Santos. O templo era rodeado por largas e altas galerias, sustentadas por fortes paredes. A leste do monumento religioso havia um outro, que se achava convertido num terraço com quatro fachadas cujas pedras enormes estavam juntas umas às outras com chumbo. Uma tríplice galeria, que atravessava profundo vale, servia de comunicação entre o templo e o bairro ocidental da cidade. Aquela galeria era sustentada por cento e sessenta e duas colunas de ordem coríntia, de vinte e sete pés de circunferência cada uma. Ao norte do templo, a torre de Asmoneus, reedificada por Herodes e semelhante ao seu palácio, e que tomou o nome de Antônia em memória ao benfeitor do rei (Marco Antônio). Uma abóbada subterrânea comunicava a torre Antônia com a porta oriental do templo. Era nesta fortaleza que se guardavam as vestimentas solenes do sumo-pontífice e do tesoureiro.”

            Emmanuel, em seu romance   “Há dois mil anos...” nos   traz   mais   alguns   aspectos   de Jerusalém e seu Templo, à época de Jesus, que valem a pena apreciar...

            “À época da permanência da família de Públio Lêntulus (Anos 32/50 de nossa era), Jerusalém  acusava  novidades e esplendores da vida nova. As construções herodianas pululavam nos seus arredores, revelando novo senso estético por parte de Israel. A predileção pelos monólitos talhados na rocha viva, característica do antigo povo israelita, fora substituída pelas adaptações do gosto judeu às normas gregas, renovando as paisagens interiores da famosa cidade.
            A joia maravilhosa era, porém, o Templo, todo novo na época de Jesus. Sua reconstrução fora determinada por Herodes, no ano de 21, notando-se que os pórticos levaram oito anos a edificar-se, e considerando-se, ainda, que os planos da obra grandiosa, continuados vagarosamente no curso do tempo, somente ficaram concluídos pouco antes de sua completa destruição.
            Nos pátios imensos, reunia-se diariamente a aristocracia do pensamento israelita, localizando-se ali o forum, a universidade, o tribunal e o templo supremo de toda uma raça.
            Os próprios processos civis, além das discussões engenhosas de ordem tológica, ali recebiam as decisões derradeiras, resumindo-se no templo imponente e grandioso todas as ambições e atividades de uma pátria.
            Os romanos, respeitando a filosofia religiosa dos povos estranhos, não participavam das teses sutis e dos sofismas debatidos e examinados todos os dias, mas a Torre Antônia, onde se aquartelavam as forças armadas do Império, dominava o recinto, facilitando a fiscalização constante de todos os movimentos dos sacerdotes e das massas populares.”
            “Ao tempo de Cristo, a Galileia era um vasto celeiro que abastecia quase toda a Palestina. Nesta época, o formoso lago de Genesaré não apresentava nível tão baixo, como na atualidade. Todo o terreno circunvizinho era de regadio, em vista das fontes numerosas, dos canais e do serviço das noras que elevavam as águas, dando origem a uma vegetação luxuriante que enfeitava de frutos e enchia de perfumes aquelas paisagens paradisíacas.
            O trigo, a cevada, as abóboras, as lentilhas, os figos e as uvas eram elementos de semeadura e colheita em todo o ano, dando à vida satisfação e abundância. Nas eminências da terra, misturando-se aos extensos vinhedos e olivais, elevavam-se palmeiras e tamareiras preciosas, cujos frutos eram os mais ricos da Palestina.
            Em Cafarnaum, além dessa riquezas, prosperava a indústria da pesca, dada a abundância do peixe no então chamado “Mar da Galileia,” o que  resumia uma vida simples  e tranquila. Dentre todos os outros povos dos centros galileus, o de Cafarnaum se distinguia por sua beleza espiritual, despretenciosa e singela.”

A Queda de Jerusalém (Ano 70)

            Na véspera da queda de Jerusalém, já se lutava quase corpo a corpo, em todos os pontos de penetração, havendo incursões de parte a parte nos campos inimigos, com recíprocas crueldades contra todos os que tivessem a infelicidade de cair prisioneiros...
            Um dos núcleos de resistência situava-se num casarão, próximo da Torre Antônia... 
            Dali, observava-se cenas de selvageria e sangue da plebe anônima e amotinada, que exterminava numerosos cidadãos romanos, lembrando a tarde dolorosa do Calvário, em que o piedoso profeta de Nazaré sucumbira na cruz, sob a voz terrificante das multidões enfurecidas...
            Jerusalém, tomada de assombro, mobilizava as derradeiras energias para evitar a ruína completa...
            Já se ouviam na cidade os primeiros rumores das forças romanas vitoriosas, entregando-se ao terror e ao saque da população humilhada e inerme. Por toda parte, o êxodo precipitado de mulheres e crianças em gritaria infernal e angustiosa...
            Superada a última resistência, Jerusalém esteve, por vários dias, entregue ao saque e à desordem, levados a efeito pela soldadesca do Império, faminta de prazeres e envenenada no vinho sinistro do triunfo. Todos os chefes da resistência israelita foram presos, a fim de comparecerem a Roma para o último sacrifício, em homenagem às festas comemorativas da vitória...
            Depois da matança de onze mil prisioneiros feridos ou inválidos, massacrados pelas legiões vencedoras; depois dos pavorosos espetáculos da destruição e saque do templo magnífico, no qual Israel julgava contemplar a sua obra eterna e divina para todas as gerações de sua posteridade prolífera, voltou a caravana compacta dos vencidos, inclusive Simão -seu chefe supremo- e troféus maravilhosos, de modo a exibir em Roma todos os ornamentos ilustrativos da vitória, entre vibrações tumultuárias e cânticos de triunfo...”

Predição sobre Jerusalém e Outras

 24,15  Quando, portanto, vocês virem que a devastação abominável de que fala o Profeta Daniel atingiu o lugar santo*, 
24,16  então, os habitantes da Judeia fujam para as montanhas. 
24,17  aquele que está no terraço de sua casa não desça para buscar o que está em sua casa. 
24,18  e, aquele que está no campo não volte para buscar suas vestimentas. 
24,19  Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentando naqueles dias. 
24,20  rogai para que a vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado. 
24,21  porque, então, a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo  até o presente, nem jamais será. 
24,22 Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura alguma escaparia. Mas, por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados. 
24,23  Então, se alguém vos disser: Eis, aqui está o Cristo! Ou Ei-lo acolá! Não creiais! 24,24  Porque se levantarão falsos profetas e falsos Cristos, que farão milagres a ponto de seduzir, se isso fosse possível, até mesmo os escolhidos. 
24,25  Eis que estás prevenidos 
24,26  Se, pois, vos disserem: Ele está no deserto... Não saiais! ou Lá está Ele em casa... não o creiais! 
24,27  Porque, como o relâmpago parte do Oriente e ilumina até o Ocidente, assim será a volta do Filho do Homem! 
24,28  Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias! *Daniel (9,27) refere-se a instalação de ídolos pagãos em templo judaico.

        Para Mt (24,28) -Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias, encontramos em “Pão Nosso”, de Emmanuel por Chico Xavier o que se segue:

            “Apresentando a imagem do cadáver e das águias, referia-se o Mestre à necessidade dos homens penitentes, que precisam recursos de combate à extinção das sombras em que se mergulham.
            Não se elimina o pântano, atirando-lhe flores. Os corpos apodrecidos no campo atraem corvos que os devoram.
            Essa figura, de alta significação simbológica, é dos mais fortes apelos do Senhor, conclamando os servidores do Evangelho aos movimentos do trabalho santificante.
            Em vários círculos do Cristianismo renascente surgem os que se queixam, desalentados, da ação de perseguidores, obsessores e verdugos visíveis e invisíveis. Alguns aprendizes se declaram atados a influência deles e confessam-se incapazes de atender aos desígnios de Jesus.
            Conviria, porém, muita ponderação, antes de afirmativas desse jaez, que apenas acusam os próprios autores. É imprescindível lembrar sempre que as aves impiedosas se ajuntarão em torno de cadáveres ao abandono.
               Os corvos se aninham noutras regiões, quando se alimpa o campo em que permaneciam.
            Um homem que se afirma invariavelmente infeliz fornece a impressão de que respira num sepulcro; todavia, quando procura renovar o próprio caminho, as aves escuras da tristeza negativa se afastam para mais longe.
            Luta contra os cadáveres de qualquer natureza que se abriguem em teu mundo interior. Deixa que o divino sol da espiritualidade te penetre, pois, enquanto fores ataúde de coisas mortas, serás seguido, de perto, pelas águias da destruição.”

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