Nossos Irmãos Materialistas
Emmanuel por Chico Xavier
Reformador (FEB) Março 1974
Eles, os nossos irmãos materialistas, sentem-se temporariamente
desligados da fé. Não porque o desejem. Quase sempre observam-se empurrados
para o frio da negação por acontecimentos aflitivos para cuja travessia não se
prepararam devidamente.
Foram condicionados, desde a juventude, por equívocos referentes à
ilusória superioridade pessoal e, enquanto se lhes garante o ápice das energias
físicas, não toleram as realidades do Espírito.
Acham-se desafiados por enigmas da inteligência que aguardam a maturidade
espiritual do mundo a fim de serem resolvidos sem os perigos da hegemonia e da
guerra e, por não conseguirem soluções prematuras, se fazem pessoas ressentidas
contra os poderes da Criação, que devem prevalecer sobre os nossos desejos.
Asseveravam-se crentes na Sabedoria Divina, mas pretendiam comandar os
desígnios da vida, caindo em ateísmo ao se reconhecerem desatendidos nas
petições inadequadas que endereçavam ao Céu, nos momentos de crise, recusando o
sofrimento e ignorando-lhe a função de bênção das leis do Universo, funcionando
neles mesmos.
Atenderam às sugestões inferiores inerentes à nossa própria natureza e,
depois de se acomodarem com situações indébitas que lhes impuseram desconforto
à consciência, declaram-se afastados da Paternidade Divina e afirmam que Deus
não existe, já que não os preservou contra os amargosos resultados da culpa que
deveriam ter evitado por si próprios.
Confessavam-se criaturas de fé, no entanto admitiam a transferência das
responsabilidades que lhes dizem respeito para os orientadores humanos a que se
afeiçoavam, qual se pudéssemos responder uns pelos outros diante dos princípios
que nos regem a existência, e, porque os orientadores humanos padecem as
limitações características de nós todos - os Espíritos em evolução no planeta
-, resvalaram no vazio deles próprios, quando esses mesmos instrutores lhe
faltaram à vida.
São almas sensíveis e afetuosas que as aflições pela perda dos entes
queridos, seja na desencarnação ou em graves provas do estágio terrestre,
fizeram desvairar, através de indefiníveis angústias, marginalizando-se,
transitoriamente, em rebeldia e sofrimento.
*
Nossos irmãos materialistas...
Não os censures, nem lastimes, quando os encontres nos espinheiros da
negação.
A descrença em Deus é desajuste na alma, tanto quanto a moléstia é
desequilíbrio do corpo. E não te lembrarias de acusar um doente porque seja
portador de enfermidade.
Ao invés disso, obedecerias ao impositivo da solidariedade,
oferecendo-lhe compreensão e socorro. Assim, também nós, quando estamos nas
trevas, não esperamos que se nos dirija essa ou aquela frase condenatória.
Suplicamos simplesmente para que algum braço amigo nos acenda uma luz.
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