Bilhetes
por G. Mirim (Antônio Wantuil)
Reformador (FEB) Outubro 1944
Todas as religiões são boas. Todas
prestam serviço na obra de encaminhamento da criatura ao Criador. A obra do evangelizador
consiste em levar à criatura, que tende para a descrença originária das
incoerências encontradas em sua própria religião, neste ou naquele ponto em que
o seu espírito exige uma explicação menos misteriosa e menos dogmática,
conhecimentos novos, dignos de meditação e acordes com a razão e com o
progresso evolutivo alcançado pelo seu espirito em ascenção.
Todas as religiões fazem parte da obra divina, regulada sempre em
harmonia com a capacidade intelectual de cada época e de cada criatura. O politeísmo
e o paganismo, o judaísmo e o catolicismo, o protestantismo e o comtismo, e
todos os demais grupos religiosos merecem respeitados e admitidos como parte da
revelação divina. Todas prestaram e prestam a sua colaboração, satisfazendo às
necessidades individuais dos que lhes são adeptos.
Seria contrário à ordem que
preside ao desenvolvimento de toda a criação, e isso podemos verificar em todos
os setores do progresso humano, quer no presente, quer no passado, oferecer ao
homem uma dose excessiva de conhecimentos, para os quais ainda não se encontra
preparado. Assim como afirmamos que a Natureza não dá saltos, também podemos
assegurar que a criatura não pode, de um pulo, passar da ignorância para a
sabedoria completa.
Os espíritas observamos, aliás com
tristeza, que alguns dos que aderiram ao Espiritismo, sem a devida preparação
religiosa, sem a passagem pela escala espiritual evolutiva, caminham entre as
luzes da Terceira Revelação, qual cegos, tal como o médico, o engenheiro ou o
advogado que burlasse a lei e conseguisse diplomar-se
sem percorrer os bancos primários, ginasiais e superiores.
Temos, desse modo, no Espiritismo,
criaturas habituadas às promessas e aos pedidos de toda sorte, autorizados pela
religião donde vieram, a dirigirem aos Espíritos aqueles mesmos pedidos de
auxílio material, E outros que, vindos dos chamados meios materialistas,
procuram satisfazer aos seus desejos e neles ficam a vida inteira, não
encontrando no Espiritismo senão o prazer de ver e observar os fenômenos físicos,
sem deles tirarem qualquer proveito para o progresso espiritual que deveriam
realizar.
Nada disso, porém, está errado,
porque o caminho de cada criatura, apesar de evolutivo, deve ser lento e
metódico, de encarnação em encarnação. Essa evolução e consequente salvação de
todas as criaturas, sem que uma única seja abandonada a eternidade do imaginário
inferno, é o ensinamento básico do Espiritismo, a única filosofia religiosa,
aliás, que prega e documenta essa verdade, até então desconhecida pelas velhas
Interpretações religiosas que não puderam compreender a bondade e a justiça do
Criador e Pai.
Toleremo-nos reciprocamente e
amemo-nos como recomendou o Mestre e, assim, conseguiremos não só a nossa
própria salvação, mas, também, a da coletividade que deve caminhar conosco,
através de todos os obstáculos surgidos de nossas imperfeições, até alcançarmos
a felicidade da conquista da sabedoria, compreendendo a finalidade da nossa
existência e a perfeição das Leis Divinas.
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