...E o Messias baixou à Terra
por Benildo Leal de Moraes
Reformador
(FEB) Junho 1946
PARTE
1
Citação do Evangelho segundo João:
“Cap. I:
1 - No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 - Ele estava no princípio com Deus.
3 - Todas as coisas foram feitas por ele: e nada
do que foi feito, foi feito sem ele.
4 - Nele estava a vida, e a vida era a luz dos
homens."
Ao contrário dos outros evangelistas, João teve
um modo todo especial de relatar a vida do Cristo e os fatos com a mesma
relacionados; tudo, em sua descrição, representa partes de um todo, cheio de
sublimes revelações, denotando uma forma toda especial de interpretar a vida do
Divino Mestre.
O início de seu Evangelho é magnífico,
representando uma grandiosa Revelação, por si só; à luz dos ensinamentos espiríticos,
a interpretação do primeiro capítulo do referido Evangelho representa
verdadeiro deslumbramento espiritual.
Tentaremos demonstrar a nossa afirmativa com um
comentário interpretativo simples, que, dada a nossa deficiência, deixará muito
a desejar em relação à grandiosidade que o ensino evangélico representa.
Começando sua narrativa, João afirma que "no
princípio era o Verbo, e que o Verbo estava com Deus". Que significará
isso? a que se referirá esse "princípio"? Procurando penetrar o
pensamento profundo e de ampla síntese do evangelista, só podemos chegar à
seguinte conclusão lógica: no momento da formação do orbe, na ocasião em que se
reuniam os fluidos e as forças que formariam o nosso planeta e condicionariam a
vida dos seres no mesmo, nessa ocasião sublime, de um dinâmico trabalho, sobrepairava
e dirigia tudo, a figura simbolizada como sendo o "Verbo". E o que, ou
quem, seria esse "Verbo"? Era, simplesmente, um glorioso Espírito,
nos píncaros do progresso espiritual, com poderes excepcionais, representando a
Luz Divina, representando a sublime força espiritual que ficaria encarregada da
salvação e orientação de uma comunidade inteira de Espíritos, pois o Verbo significa
Luz e Ação Divina. E quem está simbolizado na figura do Verbo, encarregado de
presidir à tarefa organizadora do nosso planeta? É a figura inimitável do
Cristo, como será comprovado, a seguir, em outras palavras reveladoras do evangelista,
e seguindo um critério lógico, sem sombra de dúvidas.
Mas, depois de afirmar que o Verbo estava com
Deus, o evangelista logo a seguir esclarece que "o Verbo era Deus",
como que obscurecendo o sentido. Desse simples trecho os interpretadores
católicos quiseram servir-se - e se servem até hoje - para tentar firmar o edifício,
de base falsa, do dogma da S.S. Trindade, querendo fazer crer que o mesmo
significa a unidade de natureza, toda misteriosa, na diversidade das pessoas do
Pai e do Filho, acrescentando, ainda, a terceira pessoa - o Espírito Santo.
(Três pessoas diversas formando, misteriosamente, a unidade de natureza
Divina). Porém, a interpretação lógica, concordante com o restante da obra
evangélica, não é essa, sob pena de irmos, em outros pontos, a verdadeiros
absurdos. Que significará então? simplesmente isto: que Jesus, estando
presidindo à formação de um planeta e estando encarregado de velar por uma
humanidade inteira, estava identificado com o Pensamento e a Vontade de Deus,
que percebia diretamente, dado o seu altíssimo progresso; que Deus lhe dera
poderes únicos- e lhe conferira um mandato especial que o identificava com o
Plano Divino, de trabalho altamente espiritual, de modo que toda a obra do
"Verbo" era como se executada diretamente por Deus. Jesus vinha a ser
um "embaixador extraordinário", um ministro com plenos poderes, perfeitamente
conhecedor de todas as ideias e planos daquele que lhe conferira o mandato e
perfeitamente capacitado para executá-los. Daí não ser de estranhar o fato de
que "estivesse com Deus" e "fosse Deus". Até pelo fato de o
evangelista afirmar que Jesus estava com Deus já faz sua distinção de pessoas e
naturezas. De fato, se Jesus
fosse Deus, no sentido real das palavras, o narrador empregaria outra
linguagem: para Jesus o termo Filho - para a outra pessoa divina o termo - Pai.
Porém, ele já começa falando em Deus e Jesus (Verbo). E tanto é assim, e tão
lógica é essa interpretação, que o versículo 2, automaticamente, a corrobora,
pois, após afirmar, no versículo 1, que o Verbo estava com Deus e era Deus, vem
dizer no seguinte "Ele estava no princípio com Deus", confirmando a
distinção e como esclarecendo que não se tratava
de união real de natureza, procurando com isso, dissipar quaisquer dúvidas que
pudessem surgir do trecho anterior. (Este 2º versículo, porém, já não é
comentado pelos sacerdotes, especialmente em confronto com o primeiro). (Parece
que o evangelista já deixou aquela segunda passagem como uma luz para os
obreiros de
boa vontade, um farol para impedir as trevas da mistificação).
A seguir, João mostra, no versículo 3, que todo o
plano da Criação - naturalmente se referindo ao nosso planeta -- foi presidido
pelo Cristo e, no versículo 4, que ele era o farol que conduziria os homens,
isto é, o Espírito puro e sublime encarregado de espalhar a verdade entre os
homens e fazer frutificar entre eles o trabalho espiritual. E, tanto é lógico
que a referência é ao nosso planeta, somente, que João afirma que o Verbo será
a "luz dos homens". (Se fosse referência a outros planetas, que se
supusesse habitados, deveria forçosamente empregar outra expressão que pudesse
identificar os seus componentes). No versículo 9 ainda vemos esta expressão:
"ele era a luz verdadeira que alumia
a todo o homem que vem a este mundo", o que prova que era ao nosso
planeta que se referia aquele "princípio", mencionado no
versículo 1, e mostra mais que a Humanidade aqui encarnada estava inteiramente
sob o lúcido amparo espiritual do "Verbo" (Cristo), indicado
igualmente no versículo 1. Isso é mais uma prova, também, da distinção real
entre - Jesus e Deus -, pois Deus criaria e alumiaria todos os planetas, e não
somente o nosso, além de que tal fato seria desnecessário referir, dado a
compreensão mínima que se possa fazer de Deus. Quanto a Jesus, como mandatário
especial de Deus na organização deste planeta e na orientação e salvação da
humanidade que o habitaria, sim: era necessária uma referência e uma distinção
especial, tal como fez sabiamente o evangelista.
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Continuação
...E o Messias baixou à Terra
por
Benildo Leal de Moraes
Reformador
(FEB) Julho 1947
Continuando em nosso comentário, muito embora
todos os versículos apresentem diversos fatos interessantes, poderemos, para
focar os assuntos mais palpitantes, saltear para os belos ensinamentos dos de nºs
14 e 15, que se casam tão bem com a doutrina espirítica, confirmando a lógica
da interpretação que anteriormente fizemos: “E o Verbo se fez carne. E habitou entre nós; e nós vimos a sua GLÓRIA
COMO DE FILHO UNlGÊNITO DO PAI, cheio de graça e de verdade.
(14) João dá testemunho
dele, e clama; dizendo: Este era o de quem eu disse: O que há de vir depois de
mim foi preferido a mim, porque era antes de mim.” (15) Por uma forma tão
singela o narrador evangélico deixa entrever o que havia de grandioso na
descida à Terra do glorioso Mestre, dando a entender que ele veio ao nosso planeta
por uma circunstância extraordinária, tendo "habitado" entre os
homens, o que revela a sua superioridade sobre estes (sob o ponto de vista do
adianto espiritual, como veremos). E o trecho "o Verbo se fez carne"
parece indicar que o Cristo, pela sua pureza, pelo seu adiantamento e pelos
seus poderes, dirigiu a sua própria encarnação,
tomando a forma humana, talvez, por um modo todo especial, dado o domínio que
possuía sobre todas as forças cósmicas e espirituais. Aliás, os outros
evangelistas relatam fatos excepcionais ligados ao ato do nascimento de Jesus,
divergindo do comum dos homens. É um ponto delicado, porém, e que, no final, não
afeta a
sua doutrina nem modifica o que possamos compreender em relação à sua sublime
pessoa (tal fato não altera a sua natureza espiritual, e pouco importa o modo
como o Cristo formou e tomou o invólucro material: interessa é compreendermos a
sua natureza espiritual, a sua posição e a sua missão, conhecermos e
praticarmos sua doutrina e sua moral verdadeiramente excepcionais, pois não
tinham mácula de materialidade nem de mesquinharias terrenas, e sim eram
verdadeiros diamantes trabalhados por mão Divina). Agora, porém, nos
defrontamos com outra
expressão que aparenta dificuldades: "nós
vimos a sua glória como de filho unigênito do Pai". Os católicos
querem que tal expressão valha como outra escora para o dogma da Trindade,
pretendendo afirmar: que Ele (Jesus) era o Filho unigênito por ser "pessoa
divina", fazendo parte da natureza de Deus como uma de suas três pessoas e
procedendo do Pai, por um modo especial e misterioso. (Ver p. ex., a propósito, os
ensinos de Mons. Cauly, em sua Apologética "Cristã" (?); chegados a
esse ponto nebuloso, dizem que é impossível explicar isso, por constituir um
mistério indevassável, que devemos respeitar. Entretanto, bem outra se mostra a
explicação lógica, coordenada com o ensino restante, nada tendo de indevassável:
o termo "Filho unigênito" significa, tão somente, que, em relação ao
comum dos homens que ele justamente viera guiar e salvar, o Cristo era o único
que percebia diretamente o Pensamento Divino e que de Deus recebia ordens,
poderes e mandatos diretos, sendo que os próprios profetas e missionários
recebiam dele as parcelas de verdade necessárias para cada missão e revelação.
E isto é tão verdadeiro que logo após é corroborado, com a comparação que João,
o Evangelista, coloca na boca de João (o Batista): "o que há de
vir depois de mim (Jesus - a respeito do qual o evangelista está
circunscrevendo os fatos) foi preferido a mim, porque era antes de mim". O
que, em outras palavras, pode ser dito desta forma: "Jesus, que desceu à
Terra depois de minha encarnação, embora a minha missão importante, embora
tenha vindo depois, embora o meu estado espiritual elevado, foi o escolhido
para a grandiosa missão de redimir a Humanidade, porque antes de mim já era,
isto é. antes de que eu completasse um determinado ciclo de elevação espiritual
e de provas espirituais já atingira o estado espiritual superior que o
dispensaria de novas provas planetárias e o colocara em excepcional posição de
dirigente mandatário direto do Pai". E com isso, fazendo esse paralelo
espiritual com o Cristo, afirma implicitamente outro ponto: que todos os
Espíritos devem progredir continuamente e que o Batista já de muito vinha
seguindo a carreira espiritual de Jesus; mas, perguntar-se-á: de que forma, se
já ficou claro que o Messias era um Espírito elevadíssimo desde a criação do
planeta, há milênios foi feita tal carreira espiritual? Como pode João Batista
fazer tal comparação, que supõe que Jesus lhe houvesse, de há muito, ultrapassado
na carreira espiritual? só será compreensível se aceitarmos o fato através do
princípio do progresso contínuo segundo sucessivas encarnações, por numerosos
orbes planetários. (Tal como ensina o Espiritismo moderno – 3ª Revelação, o
Esoterismo tal como ensinaram antigos missionários e profetas, como Hermes e
Pitágoras). E mais se evidencia que é nesse sentido que o evangelista orienta
sua dissertação que, logo a seguir ele cita as palavras dos sacerdotes que
interrogavam o Batista: "És tu Elias?" (vers. 21). Ora, sabemos que
Elias é um dos antigos profetas judeus, e, na ocasião, há muito já deixara o
plano terreno. Isso prova mais que o
princípio das reencarnações era aceito com naturalidade, na época, e que os discípulos
do Mestre não o repeliram. e, ainda pelo contrário, se basearam no mesmo em
trechos e afirmativas de magna importância (e, se tal orientação fosse
falsa, Jesus, que viera para prepará-los como obreiros da salvação da
Humanidade, os teria esclarecido e impediria que eles propagassem ideia tão
errônea). E, mais que tudo isso: este luminoso princípio das reencarnações e do
progresso sucessivo, que nos abre tão consoladoras esperanças, foi confirmado
pelo Mestre na célebre resposta a Nicodemos e na explicação que deu a seus
discípulos sobre o "cego de nascença". (Ver os trechos próprios, dos
Evangelhos - em todos os quatro evangelistas).
E assim. através dos Evangelhos, observando com
cuidado, vamos encontrar numerosos trechos, que se ligam maravilhosamente,
vindo confirmar a Doutrina Espirítica ou serem logicamente explicados por esta,
enquanto, ao reverso, vem mostrar os absurdos das interpretações dogmáticas,
baseadas abusivamente em trechos
isolados
e desconexos, com o desvio dos trechos claros e positivos e sem ligação com estes.
Ainda resta mais uma conclusão a respeito do
paralelo feito peta Batista: é que, se o mesmo não se referisse a duas
carreiras espirituais idênticas em natureza, isto é. se o Batista fosse um
simples Espírito criado e Jesus fosse verdadeiramente Deus (ou outra entidade
especial), ele não ousaria fazer tal comparação, não falsearia a
verdade: ainda mais que ele viera, justamente, para preparar a vinda do Mestre
e servir-lhe de testemunho, como reiteradamente afirmou e o Messias confirmou,
ao procurá-lo, quando devia iniciar, propriamente, sua grande missão na Terra
(ver o trecho relativo ao "batismo de Jesus por João Batista).
Depois de chegarmos a este ponto, porém, em que
vários princípios foram esclarecidos e positivados, com toda a clareza de argumentos,
ainda pode restar objeção, como, p. ex.: a interpretação foi feita com base em
poucas e obscuras palavras de um só dos evangelistas, e feita em concordância
com modernas explicações espiritualistas, que podem não ser verdadeiras
(supondo alguém que queira atacar de modo sistemático, por apego aos dogmas ou
aos princípios materialistas). Podemos dizer que esses fatos que positivamos
com um evangelista podem ser comprovados através dos Atos dos Apóstolos, que se
reveste de precisão por ser feito logo no início da pregação evangélica; pelas
epístolas dos Apóstolos, e, entre estes, escolhendo, especialmente, a figura de
Paulo de Tarso, que, com profundeza, prestou largos esclarecimentos sobre a
pessoa do Cristo, natureza dos anjos, etc. Vamos, assim, formar um segundo
trecho, estudando, em especial, o cap. 1º da Epístola de Paulo
aos
Hebreus.
(Fim
da 1ª parte)
Continuação
...E o Messias baixou à Terra
Benildo
Leal de Moraes
Reformador
(FEB) Agosto 1946
(2ª
Parte)
Citação da Epístola de Paulo Apóstolo aos Hebreus
: Cap. 1 - (1) - Deus, tendo falado
muitas vezes, e de muitos modos, noutro tempo, a nossos pais, pelos profetas.
(2) Ultimamente, nestes dias, nos falou pelo Filho, ao qual constituiu herdeiro
de tudo, por quem fez também os séculos; (3) O qual, sendo o resplendor da
glória, e a figura da sua substância, sustentando tudo com a palavra da sua
virtude, havendo feito a purificação dos pecados, está assentado à direita da
majestade nas alturas; (4) Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto
herdou mais excelente nome do que eles" (8) Mas acerca do Filho diz: O teu
trono, ó Deus, subsistirá no século do século; vara será de equidade e vara do
teu reino (9) Tu amaste a justiça, e aborreceste a iniquidade; por isso Deus, o
teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria sobre os teus companheiros, (10) E
noutro lugar: Tu, Senhor, no princípio fundaste a Terra, e os céus são obras
das tuas mãos... (13) Pois a qual dos anjos disse alguma vez: Assenta-te à minha
direita, até que eu ponha teus inimigos por estrado de teus pés "...
Capítulo TI - (7) Tu o fizeste por um pouco de tempo menor do que os anjos, tu
o coroaste de glória e de honra, e o constituíste sobre as obras das tuas mãos,
(8) Tu lhe sujeitaste todas as coisas, metendo-lhas debaixo dos pés.
Os ensinamentos de Paulo, especialmente os da
Epístola aos Hebreus, são, como os de João Evangelista, extraordinários e
adiantadíssimos. Mas, entremos logo a comentar esses poucos versículos acima
citados, mais positivos e que nos dão, desde logo, maiores esclarecimentos e
argumentos, bem como provas irretorquíveis.
Inicialmente, o Apóstolo compara os profetas e
Jesus (Filho), como enviados de Deus, por intermédio dos quais Ele falará; isso
prova, de imediato, sem qualquer dúvida, que esses enviados eram Espíritos
puros e elevados, revestidos de um dom especial para receberem e transmitirem a
palavra divina: era o que a nossa Doutrina, hoje, poderia chamar - poderosos
médiuns. Por aí já se nota a identidade de natureza
espiritual, entre Jesus e os seus predecessores - os chamados
"profetas". O Apóstolo,
porém, vem explicar que esse enviado era revestido, ainda, de honras especiais:
ele fizera "os séculos" e "era herdeiro de tudo", isto é,
dirigira a criação da Terra, a vinda de vários grupos de Espíritos para o nosso
planeta - a fim de povoá-lo e desenvolvê-lo - e estava incumbido de
acompanhar-lhe o progresso. É a única interpretação lógica do trecho,
concordando com a que fizemos do Cap. 1º do Evangelho de João e confirmando a
mesma. Ambas se completam c comprovam. E, se não fora assim, por que Jesus fora
"constituído" herdeiro de tudo? Isto é, por que deveria receber a
glória de todo o trabalho de criação da Terra, de sua evolução, e do progresso
da Humanidade respectiva?
Nos versículos 3 e 4 o Apóstolo esclarece que o
Filho "herdara" poderes e honras maiores que as dos anjos e que se
tornara de qualidades superiores às dessas entidades, colocando-se "à
direita de Deus". Isso comprova que Jesus (o Filho) não era Deus (como
querem os católicos, através do citado dogma), pois, se assim fosse, teria
todas as coisas "de toda a eternidade", e não iria recebê-las do Pai
em dado momento nem seria colocado "ao lado direito da Majestade".
(Se fosse uma pessoa da Trindade estaria nela integrado, e não "ao
lado" de uma das outras pessoas divinas!) Além disso, se assim fosse, o
Cristo não necessitaria fazer a "purificação dos pecados" nem seria o
"resplendor da glória" e a figura da "substância divina";
seria a própria Glória Divina e a própria Substância Suprema! (e, poderíamos
novamente dizer, se assim fosse, porque o Apóstolo não referiu a 3ª pessoa
Divina? Por que não aproveitou para explicar onde ela se encontrava?) A palavra
desses versículos mostra, ainda mais, que, como as demais criaturas de Deus,
Jesus fizera também sua carreira espiritual, em razão da qual atingira
categoria superior à dos anjos, e isso
antes de haver o nosso planeta, cuja organização veio dirigir, como já vimos!
Novamente verificamos a necessidade de aceitar a doutrina da pluralidade de
mundos habitados. pois "há muitas moradas na casa do Pai", e a das
reencarnações sucessivas para realização do progresso espiritual, pois
"não poderá entrar no reino de Deus
quem não nascer de novo"; só essa doutrina permitirá compreensão lógica
desse trecho, assim como, atualmente, é só ela que permite compreendermos, de
modo razoável, o "porquê da vida", o problema "do ser e do
destino".
Por tudo isso, pois, é que os versículos 9 e 10
dão a entender, taxativamente, que Jesus, entre outros espíritos de alto progresso
("teus companheiros"), foi o escolhido por Deus para a importante
obra de organização do planeta Terra ("no princípio fundaste a
Terra") e da orientação e salvação de sua Humanidade. Devido a tal fato é
que ele é referido com o título honroso de Filho, Filho de Deus, Filho
Unigênito do Pai, isto é, em relação aos homens era o espírito enviado por
Deus, de quem recebia a Vontade direta (pois estava "à sua direita")
e, em relação a outros espíritos de grande progresso, era o escolhido, recebendo
o Pensamento Divino e poderes especiais. Era, enfim, Filho Unigênito porque, em
relação ao planeta que dirigia, era o único que recebia poder direto de Deus e
não estava sujeito a novas encarnações, dada
sua excepcional situação!
Os versículos 7 e 8 do cap. II vêm corroborar as
conclusões que fizemos, afirmando que Jesus, por certo tempo, fora "menor
do que os anjos", mas que, após, recebera poderes excepcionais, por mérito
especial e escolha entre "os companheiros". Muitos outros trechos
poderíamos citar, sempre com a mesma lógica e verdade; a concordância seria
admirável; mas isso seria extenso e fastidioso (Ver, p. ex., os vers. 1 a 6 do
Capítulo III; 14 a 16 do Cap. IV, 5 a 10 do Cap. V, 19 e 20 do Cap. VI, 22 a 28
do vers. 1 e 2 do VIII; fora outras epístolas desse e de outros apóstolos e os
Atos dos Apóstolos!). Ficamos aqui, pois.
Temos mais uma vez confirmada a doutrina do
progresso espiritual contínuo, a de identidade de natureza espiritual entre
Jesus, os anjos, e os homens, como criaturas de um mesmo Deus, em diferentes
estados de progresso espiritual; e temos, além de tudo, provada, mais uma vez, insofismavelmente,
a falsidade absurda e estupefaciente do dogma católico da Trindade, que, há
mais de 16 séculos, procura abroquelar consciências e deturpar os Evangelhos!
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