quinta-feira, 8 de março de 2018

Cremação de Cadáveres

Cremação de Cadáveres


Reformador (FEB), pág. 231 -  Outubro 1968
Editorial do Reformador  publicado originalmente em 15 / 5/ 1883

            A cremação do cadáver humano é um dos problemas que atualmente ocupam a atenção de alguns espíritos investigadores.

            Esse problema tem sido tratado sob o ponto de vista científico e até hoje, em nome da ciência, os crematistas têm alcançado vitória, ao menos pelos autorizados defensores que já contam.

            Alguns defensores da cremação têm usado os seguintes argumentos:
            “É tempo de se tomar a sério a higiene pública e de atender, com vontade de bem servi-la, aos reclamos que a ciência de um lado, de outro a Pátria, dirigem às sumidades do poder.

            “Os argumentos apresentados pelos anticrematistas, em favor da continuação dos cemitérios, carece, de base científica, isto é, assentam na observação parcial e incompleta dos fatos.

            “Pasteur, não satisfeito com demonstrar que certas moléstias são só e exclusivamente devidas à vida que palpita  e pulula nas mais ínfimas camadas da escala zoológica, foi além e provou que essas moléstias podem transmitir-se do morto ao vivo.
             “O cadáver colocado no subsolo derrama produtos de combustão incompleta, a decomposição se perverte em putrefação com todo o seu séquito abominável e perigosíssimo de gases mefíticos e de líquidos pestíferos.
            “Quanto mais úmido for o solo, tanto mais perniciosamente se manifestará a putrefação.
            “A porosidade, porém, nem sempre mantém o solo em boas condições para a decomposição, pode o terreno, com o tempo, saturar-se com os restos orgânicos e entregá-los, mal oxidados, à água e ao ar atmosférico em contato com ele, lançando assim o gérmen de envenenamento.
            Foi provado exuberantemente que o tifo e outras epidemias nasceram pelo uso de água impura e, entre nós mesmos, há bem pouco tempo, na epidemia que dizimou a população de Vassouras, a causa primordial devia-se ter procurado nas águas infectadas no seu percurso por terrenos pútridos.
            “O cadáver humano, com a sua massa considerável de substância orgânica mole, forçosamente tem de dar lugar a grandes fenômenos de putrefação. Esses serão tanto mais formidáveis quanto piores forem as condições do terreno no qual se fez o enterro.
            “Mas ainda que o solo fosse muito poroso, enxuto e por conseguinte, acessível ao ar, e, além disso, protegido contra os raios do Sol por abundante arborização e contra as inundações pela escolha de alguma eminência, nunca os cemitérios perderiam o seu caráter pernicioso, por não ser possível evitar neles a putrefação do cadáver.
            “E onde temos cemitérios que reunam aquelas condições atenuantes, principalmente nas cidades populosas?
            “O valor dos terrenos obriga as administrações públicas a utilizar o mesmo lugar em enterros sucessivos, com intervalos insuficientes para a decomposição, saturando assim o solo de tal forma com substâncias mal oxidadas, que em poucos anos perde as condições necessárias para a decomposição.”

                                                                                       ***

            Temos de acrescentar alguns argumentos sob outro ponto de vista em resposta a algumas objeções, a fim de arrancar os escrúpulos sistemáticos ou religiosos de alguns anticrematistas.

            A cremação do cadáver não deve ser combatida pelos que admitem o dogma: carnis resurrectionem, a pretexto desse dogma, porque é amesquinhar a fé pensar que o incinerado não poderá ressuscitar por ter sido queimado, em vez de ter sido inumado.

            O corpo sepultado sofre a mesma decomposição e volatiliza-se do mesmo modo que o incinerado, em tempo mais ou menos breve, e, se admitem que Deus quer ressuscitar os corpos inumados, porque duvidar que Ele possa querer ressuscitar os corpos incinerados?

            Não estão uns e outros na letra da escritura: Pulvis eris in pulverem reverteris?

            Logo a cremação não pode ser repelida, por escrúpulo religioso, como contrária ao dogma da ressurreição da carne.

            “Objetam alguns que é doloroso desaparecerem assim, repentinamente, as formas das pessoas queridas.”

            A estes dizemos, aceitando mesmo como sinceras as suas objeções, que mais doloroso e mais repugnante seria se vissem de que modo desaparecem essas formas veneradas, debaixo da terra, em meio aos horrores da putrefação.

            Como são minados esses lábios, esses olhos queridos, essas faces outrora tão aveludadas, pelos vermes imundos; como são intumescidas pela fermentação pútrida; como destilam venenos terríveis em troco da piedade que se lhes consagra.

            E se ao cabo de alguns anos vissem parte destes restos mal oxidados espalhados pelo solo calcados aos pés por trabalhadores insensibilizados pelo ofício, misturados com outros despojos, ainda poderiam erguer a voz para proclamar o enterramento como mais piedoso, mais estético do que a cremação?

            “Objetam outros que pode ser posta no forno crematório uma pessoa em letargia, com as aparências da morte.”

            A esses responderemos que aos especialistas compete verificar a morte; e que, nos casos de morte aparente, se o especialista se enganar, o letárgico irá para o forno e ali morrerá antes de voltar a si; que será melhor que ser inumado e voltar a si, dentro de um caixão, onde os seus gritos ficam abafados, sofrendo o martírio da morte por falta de respiração e a tortura pela fome.

            Demais, os crematistas não impedem que, nos casos em que se supunha morte aparente, fiquem os corpos em depósito por certo tempo até o começo da putrefação, se for necessário.

            “Objetam ainda outros que os cemitérios servem para manter o culto dos mortos, e que, sendo extintos, esse culto desaparecerá.”

            A esses explicaremos que os crematistas não pedem a extinção dos cemitérios, e, ao contrário, querem um, para nele se reunirem as urnas das famílias e de associações, nas quais se encerrem as cinzas dos parentes e associados, e, assim, o sentimento cultual será mantido e desenvolvido.

            Ainda aconselharíamos que as cinzas pudessem ser depositadas nos templos religiosos ou em sua casas, onde o culto seria mais fácil, mais íntimo, mais fervoroso e também mais solene

            “A única objeção séria contra a cremação, diz o Dr. Colette, é a que se faz a perda da possibilidade das exumações e das investigações médico-legais que se praticam sobre os cadáveres algum tempo depois da morte, mas, acrescenta aquele douto médico, não valerá mais a saúde de populações inteiras do que a impunidade de algum criminoso?”

            E, ainda que esse fato se dê, o criminoso não ficará impune perante o tribunal infalível de sua consciência, que com os grilhões do remorso o torturará.

            A religião, que tem o dever de guiar o espírito da criatura, pelo caminho do bem, ao Criador, deve limitar-se a acompanhar a alma na fé em Deus, e, como religião da vida eterna, deixar o cadáver aos homens da ciência.

            Que a religião nada tem com o cadáver, nem deve intervir de modo algum, provam estas palavras do Divino Mestre: “Deixai que os mortos enterrem seus mortos.”

                                                                                     ***

            Assim pensamos, e, expondo essas idéias, temos em vista despertar a atenção sobre esse problema, a fim de que a luz apareça assaz intensa para que ele tenha a solução mais conveniente, porque, como Espíritas Evolucionistas, temos certeza de que esta questão nada afeta a alma e, portanto, nada tem com a religião.

            A Ciência Espírita, que demonstra a necessidade da encarnação e do prolongamento das existências terrestres a fim de nos podermos regenerar e progredir, expiando os nossos erros, será a primeira a querer a cremação, se se provar exuberantemente que ela é necessária a bem da higiene pública e, se essa prova for dada, acreditamos que a Igreja não negará o seu concurso ao estabelecimento da cremação geral, porque, no caso contrário, poderia ser acusada de cúmplice no crime de suicídio público.

            Porém, desde já deve estabelecer-se no Brasil a cremação facultativa, porque esse é um dos direitos da LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA.


                         

Cremação de Cadáveres


Gilberto Perez Cardoso
Reformador (FEB)  pág. 33 Maio 1979

            Assunto polêmico, tendo despertado recentemente a atenção de observadores, é o da cremação de corpos. Embora já abordado, por diversas vezes, em revistas espíritas, trazendo inclusive opiniões de Espíritos desencarnados, parece-nos que comporta mais acurado estudo com vistas à rememoração por parte do leitor e a uma síntese do conhecimento acumulado sobre o assunto.

            Antes, porém, de reestudá-lo mais diretamente, seria interessante observarmos aspectos relativos à desencarnação, o que nos permitirá, posteriormente, concluir a respeito da cremação.

            O decesso, em si, é bastante complexo. Na atualidade, a compreensão que dele temos, através de obras mediúnicas, é sobremodo resumido, mas ainda assim nos permite depreender que difere consideravelmente de ser para ser. Parece não haver um processo desencarnatório idêntico a outro, assim como não há duas criaturas absolutamente iguais entre si. Cada uma é um ‘mundo’ próprio, com emoções e pensamentos próprios, que naturalmente a individualizam. Dessa forma, o desenlace - que dependerá fundamentalmente do estágio evolutivo do Espírito desencarnante, isto é, dos seus anseios, idéias e sentimentos, do acervo de experiências conquistadas em vivências pregressas e da maneira como se conduziu na última romagem terrena - variará sensivelmente de indivíduo para indivíduo.

            “O Livro dos Espíritos” elucida suficientemente bem a questão no capítulo III - Da volta do espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual -, nas respostas dadas às perguntas nº 155 a), 156, 157, 158, 162 e respectivos comentários aduzidos pelo Codificador da Doutrina Espírita. Na realidade, a alma se desprende do corpo gradualmente e não subitamente, sendo que o  tempo de separação varia: rápido nos Espíritos que foram desprendidos e benfazejos em vida, cultivando hábitos enobrecedores; demorado, naqueles que se deixaram obcecar pelas materialidades, interesses subalternos e utilitaristas do mundo, com pouco ou quase nenhum desenvolvimento de atividade moral e intelectual,

 ‘o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria’. Mesmo em casos de ‘morte violenta, quando a morte não resulta da extinção gradual das forças vitais’, e o desencarnado não se burilou, deslocando o centro de consciência, ‘mais tenazes são os laços que prendem o corpo ao perispírito e, portantomais lento o desprendimento completo’.

            André Luiz, em “Evolução em Dois Mundos”, faz um estudo bastante interessante do fenômeno desencarnatório. Compara-o à chamada metamorfose dos insetos, quando a larva experimenta períodos de transformação, em cada um dos quais se renova para atingir a condição de adulto. O ciclo larva-ninfa-inseto adulto é bem estudado pelos entomologistas. Segundo estes, inicialmente ocorre progressiva redução de atividade, cessando a alimentação e ocorrendo a paralisação dos movimentos; ‘encrisalida-se’ em fios de seda trabalhados pela lagarta com a secreção das glândulas salivares, agregados a tecidos vegetais, formando o casulo onde repousa por dias ou até por meses. Na posição de pupa, há essencial alteração em seu organismo, produzida por uma como que histólise (dissolução de tecidos), ao mesmo tempo em que órgãos novos são elaborados pela histogênese (formação de tecidos, à custa dos que perdurarem). A histólise efetua-se por ação de enzimas ou fermentos em tecidos menos nobres, como os do aparelho digestivo e músculos, ocorrendo reduzida atuação nos sistemas circulatório e nervoso. Durante a histogênese, os remanescentes dos tecidos desfeitos pela histólise perdem suas características próprias, como se involuíssem, sendo então utilizados para a configuração dos novos órgãos típicos. Após a metamorfose, só então é que o inseto, integralmente renovado, abandona o casulo, transformando-se na borboleta alada e multicor - o mesmo indivíduo, só que somando em si as experiências dos três aspectos fundamentais de sua existência: larva-ninfa-inseto adulto.
           
            De forma semelhante, o ser humano, depois do período infantil, atravessa expressivas etapas de renovação interior e maturação, configuradas na juventude, adultície, madureza e velhice. Somente após o esgotamento da força vital no curso da existência, obedecendo a programação pré-encarnatória, através da senectude, caquexia, é que se habilita a transformações mais profundas: ocorre redução gradativa da atividade; declinam as atividades fisiológicas e instala-se a inércia; protege-se habitualmente, desde então, adotando o decúbito dorsal no leito, em preparação do processo liberatório. Chega o momento da imobilidade na cadaverização, mumificando-se qual crisálida, mas ‘envolvendo-se no imo do ser com os fios dos próprios pensamentos, conservando-se nesse casulo de forças mentais, tecido com as suas próprias idéias reflexas dominantes ou secreções de sua própria mente, durante um período que pode variar entre minutos, horas, dias, meses ou decênios.’ (os últimos grifos são nossos.)

            A observação de André Luiz sobre o tempo necessário para a elaboração desse processo é de suma importância em relação ao que nos propomos apreciar posteriormente. O fenômeno descrito - o da cadaverização da forma somática -, presidido pelo corpo espiritual, corresponde a uma histólise de células vivas, desagregados do citoplasma e que se mantinham, até então, ligados ao corpo físico, são aproveitados num processo que o próprio André Luiz, alegando falta de termo adequado, nomeou de ‘histogênese espiritual’. À semelhança do que ocorre no inseto, as enzimas atuantes na histólise humana têm por alvo os tecidos menos nobres, com escassa influência sobre os sistemas nervoso e circulatório. Pela ‘histogênese espiritual’, os tecidos citoplasmáticos, desvencilhados do corpo físico, como que atendendo a processo involutivo, retornam ao tipo de células embrionárias, que, dividindo-se agora em outra faixa vibratória, plasmam o psicossoma, segundo o padrão ditado pela mente. Ressalta André Luiz que: “Apenas aí, quando os acontecimentos da morte se realizam, é que a criatura humana desencarnada, plenamente renovada em si mesma, abandona o
veículo carnal a que se jungia (...); quando não trabalhou para renovar-se, nos recessos do espírito, passa a revelar-se em novo peso específico, segundo a densidade da vida mental em que se gradua, dispondo de novos elementos com que atender à própria alimentação, equivalentes as trompas fluídico-magnéticas da sucção (...), patentes nas criaturas encarnadas, a se lhes expressarem na aura comum, como radículas alongadas de essência dinâmica, exteriorizando-lhes as radiações específicas, trompas ou  antenas essas pelas quais assimilamos ou repelimos as emanações das coisas e dos seres que nos cercam, tanto quanto as irradiações de nós mesmos, uns para com os outros.” Consequentemente, através da compreensão do complexo mecanismo da desencarnação, poderemos analisar em seguida o problema da cremação dos corpos.

            Não nos prenderemos, aqui, demasiadamente aos argumentos de ordem utilitária, que, se por um lado possam pesar um pouco na balança, a nosso ver cedem a prioridade aos de ordem espiritual.

            Sem dúvida que a cremação seria uma medida mais higiênica; resolveria o problema da falta de espaço nos centros superpovoados; diminuiria o risco de epidemias; seria um processo mais econômico; realizada após a autópsia, com fins médico-legais, evitaria o contra-argumento da possibilidade da necessidade de exumação cadavérica, transcorrido algum tempo da desencarnação.
            Por outro lado, o nosso país tem grande extensão territorial, o que não acarretaria problemas de espaço, tão alegados. Hoje, sabemos que, embora os agentes infecciosos tenham papel incisivo na instalação de uma doença, a resistência à mesma será muito mais conseqüência da saúde do indivíduo, obtida através de bons hábitos, boa alimentação; e se áreas com escoamento e higiene adequados fossem reservadas aos cemitérios, a questão estaria resolvida. Como podemos ver, a nível humano, várias possibilidades e argumentos são plausíveis e aceitáveis.

            Sob o ponto de vista espiritual, o assunto foi ventilado na “Revue Spirite”:

            1876/4 (pp. 130/134);
            1884/9 (pp. 576/579);
            1890/2 (pp. 72/75). Sob outros ângulos, pronunciou-se também em...

            1877 (p. 117);
            1879 (págs. 261/262 e 331/332);
            1886 (p. 694).

            O Irmão X, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, manifesta-se em mensagem contida no ‘Reformador’ - ‘O Problema da Cremação’, 1952 (p. 199). Aliás, ‘Reformador’, em várias oportunidades, evidenciou o assunto:

            setembro 1952 (pp. 201 e 205);
            novembro 1952 (p. 269);
            outubro 1963 (p. 224);
            setembro 1968 (p. 216);
            outubro 1968 (pp. 231 e 232.)

            Destacaremos, em resumo, as opiniões de Irmão X, Léon Denis e Emmanuel.
            O Irmão X nos adverte de que a atitude crematória é um tanto precipitada podendo vir a ter consequências desagradáveis para o espírito desencarnante:

            “... morrer não é libertar-se facilmente. Para quem varou a existência na Terra entre abstinências e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais, afeitos aos comes e bebes de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões do conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas. Demanda tempo, esforço, auxílio e boa-vontade. Eis por que, se pudéssemos, pediríamos tempo para os mortos. Se a lei divina fornece um prazo de nove meses para que a alma possa nascer ou renascer no mundo com a dignidade necessária, e se a legislação humana já favorece os empregados com o benefício do aviso prévio, por que razão o morto deve ser reduzido a cinza com a carne ainda quente?” 

            Léon Denis, na obra “O Problema do ser, do Destino e da Dor”, 10ª Edição da FEB, p. 135, comenta que, ao consultar os Espíritos sobre a cremação de corpos, concluiu que,

            “em tese geral, a cremação provoca desprendimento mais rápido, mais brusco e violento, doloroso mesmo para a alma apegada à Terra por seus hábitos, gostos e paixões. É necessário certo arrebatamento psíquico, certo desapego antecipado dos laços materiais, para sofrer sem dilaceração a operação crematória. É o que se dá com a maior parte dos orientais, entre os quais está em uso a cremação. Em nossos países do Ocidente, em que o homem psíquico está pouco desenvolvido, pouco preparado para a morte, a inumação deve ser preferida, posto que, por vezes, dê origem a erros deploráveis, por exemplo, o enterramento de pessoas em estado de letargia. Deve ser preferida, por que permite aos indivíduos apegados à matéria que o Espírito lhes saia lenta e gradualmente do corpo; mas, precisa ser rodeada de grandes precauções. As inumações são, entre nós, feitas com muita precipitação”.

            Emmanuel, em “O Consolador”, questão nº 151, opina:

             “Na cremação, faze-se mister exercer a piedade com os cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre ecos de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o ‘tônus vital’, nas primárias horas seqüentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material”.

             Salientamos as últimas opiniões que exemplificam e analisam as conseqüências da cremação precipitada. Acreditamos que devamos agir perante o problema utilizando os conhecimentos de que dispomos, levando em consideração os sábios conselhos expressos e, principalmente, atuando com bom senso e prudência, a fim de que não causemos sofrimento a outrem, nem aumentemos o fardo cármico que carregamos.



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