Fidelidade ao Espiritismo
Tasso Porciúncula (Indalício
Mendes)
Reformador (FEB) Abril 1962
São grandes e muito
difíceis as lutas travadas pelo Espiritismo em todos os seus setores de
trabalho. Duas importantes tarefas exigem dos espíritas em geral o máximo de
dedicação, apoio e sacrifício: as obras de assistência aos necessitados, que
incluem a caridade multiforme aos que possuem o corpo ou a alma desajustados em
relação aos princípios evangélicos, aos enfermos e aos rebeldes que amargam
imposições pesadas do Carma, e a difusão doutrinária, objetiva, constante,
profícua, através da palavra escrita e da palavra falada, assente na
exemplificação permanente.
O Espiritismo não
espera auxílios de outra origem senão a espírita. Sua esperança consiste no
trabalho à luz do Evangelho e de “O Livro dos Espíritos”. Cada vez mais se
estende a caravana dos sofredores e, assim, cada vez mais tem de se ampliar a
obra assistencial do Espiritismo, que lançou neste País, com segurança
incontestável, o exemplo da caridade que não humilha, não deprime, não
desespera, mas estimula, encoraja e faz nascer a esperança no coração dos
sofredores.
É lamentável,
entretanto, que encontremos espíritas empenhados em trabalhar, mas
isoladamente, criando o seu próprio setor de atividade, em vez de juntarem seus
esforços aos de outros, nos setores já existentes na mesma zona em que atuem.
Essa divisão de atividade reclama bem maiores sacrifícios e pode deixar de
apresentar resultados finais satisfatórios, porque cada qual puxa o cordel para
o seu lado, em vez de se formar um grupo só, de maneira a que muitos aliem sua
força para que o trabalho ofereça maior margem de probabilidades em bons
resultados.
Não somos intolerantes
nem sectários, mas precisamos compreender que é dever do espírita auxiliar,
primeiramente, todo e qualquer movimento espírita já definido e consolidado com
o fim de satisfazer os objetivos da nossa Doutrina.
Preciso se torna
que demonstremos maior fidelidade ao Espiritismo, apoiando mais as suas obras,
ajudando-as mais, cooperando muito mais para que elas possam cumprir sempre
melhor os seus desígnios de caridade, elucidação, assistência e doutrinação.
Porque deixar de
atender a uma obra espírita reconhecidamente benemérita para criar uma outra, à
sua sombra, quando se pode fazer convergir tudo isso para a mais antiga, de
maneira a melhor atender os infelizes que precisam de ajuda, a pobreza
envergonhada, que cresce dia a dia, a infância abandonada e os jovens de ambos os sexos que se perdem nas ruas, nas
favelas, em toda parte, por ausência de orientação e abrigo, que a falta de
recursos das casas já existentes não permite atender melhor?
Os espíritas
precisam reforçar suas próprias fileiras, sem se deixarem iludir por
preconceitos e divergências tolas, bem exploradas pelos inimigos do
Espiritismo. Mais perigosos que os inimigos ostensivos são os falsos amigos, os
quais, como lobos na pele de cordeiros, sorriem para o Espiritismo, mas, à
socapa, o ferem, procurando desmoralizá-la e enfraquecê-la.
A hora não é de
espalhar, mas de reunir: não é de dividir, mas de ajuntar. Nem de falar muito,
mas de agir bastante. O verdadeiro espírita deve ser mais afeito ao trabalho
pela causa comum, mas objetiva e praticamente. Aqueles que permanecem arredios
dos setores de ação dinâmica, traem o Espiritismo, que reclama trabalhadores
que trabalhem, homens e mulheres que não se limitem, apenas, a fazer o pseudo espiritismo
de receber passes e frequentar sessões, sem nunca, porém, se entregarem
decididamente a tarefas em benefício dos seus semelhantes, dos irmãos menos
afortunados, que vergam ao peso de suas cruzes, sem a esperança de encontrar cireneus
que os socorram.
Sejamos mais fiéis ao
Espiritismo, estudando e disseminando as luzes da nossa Doutrina e as do
Evangelho, dando ao nosso trabalho um sentido objetivo, prático, benemérito,
cada vez mais amplo, cada vez mais profundo, cada vez mais extenso.
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