domingo, 10 de dezembro de 2017

Fidelidade ao Espiritismo


Fidelidade ao Espiritismo
Tasso Porciúncula (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Abril 1962

São grandes e muito difíceis as lutas travadas pelo Espiritismo em todos os seus setores de trabalho. Duas importantes tarefas exigem dos espíritas em geral o máximo de dedicação, apoio e sacrifício: as obras de assistência aos necessitados, que incluem a caridade multiforme aos que possuem o corpo ou a alma desajustados em relação aos princípios evangélicos, aos enfermos e aos rebeldes que amargam imposições pesadas do Carma, e a difusão doutrinária, objetiva, constante, profícua, através da palavra escrita e da palavra falada, assente na exemplificação permanente.

O Espiritismo não espera auxílios de outra origem senão a espírita. Sua esperança consiste no trabalho à luz do Evangelho e de “O Livro dos Espíritos”. Cada vez mais se estende a caravana dos sofredores e, assim, cada vez mais tem de se ampliar a obra assistencial do Espiritismo, que lançou neste País, com segurança incontestável, o exemplo da caridade que não humilha, não deprime, não desespera, mas estimula, encoraja e faz nascer a esperança no coração dos sofredores.

É lamentável, entretanto, que encontremos espíritas empenhados em trabalhar, mas isoladamente, criando o seu próprio setor de atividade, em vez de juntarem seus esforços aos de outros, nos setores já existentes na mesma zona em que atuem. Essa divisão de atividade reclama bem maiores sacrifícios e pode deixar de apresentar resultados finais satisfatórios, porque cada qual puxa o cordel para o seu lado, em vez de se formar um grupo só, de maneira a que muitos aliem sua força para que o trabalho ofereça maior margem de probabilidades em bons resultados.

Não somos intolerantes nem sectários, mas precisamos compreender que é dever do espírita auxiliar, primeiramente, todo e qualquer movimento espírita já definido e consolidado com o fim de satisfazer os objetivos da nossa Doutrina.

Preciso se torna que demonstremos maior fidelidade ao Espiritismo, apoiando mais as suas obras, ajudando-as mais, cooperando muito mais para que elas possam cumprir sempre melhor os seus desígnios de caridade, elucidação, assistência e doutrinação.

Porque deixar de atender a uma obra espírita reconhecidamente benemérita para criar uma outra, à sua sombra, quando se pode fazer convergir tudo isso para a mais antiga, de maneira a melhor atender os infelizes que precisam de ajuda, a pobreza envergonhada, que cresce dia a dia, a infância abandonada e os jovens de ambos os sexos que se perdem nas ruas, nas favelas, em toda parte, por ausência de orientação e abrigo, que a falta de recursos das casas já existentes não permite atender melhor?

Os espíritas precisam reforçar suas próprias fileiras, sem se deixarem iludir por preconceitos e divergências tolas, bem exploradas pelos inimigos do Espiritismo. Mais perigosos que os inimigos ostensivos são os falsos amigos, os quais, como lobos na pele de cordeiros, sorriem para o Espiritismo, mas, à socapa, o ferem, procurando desmoralizá-la e enfraquecê-la.

A hora não é de espalhar, mas de reunir: não é de dividir, mas de ajuntar. Nem de falar muito, mas de agir bastante. O verdadeiro espírita deve ser mais afeito ao trabalho pela causa comum, mas objetiva e praticamente. Aqueles que permanecem arredios dos setores de ação dinâmica, traem o Espiritismo, que reclama trabalhadores que trabalhem, homens e mulheres que não se limitem, apenas, a fazer o pseudo espiritismo de receber passes e frequentar sessões, sem nunca, porém, se entregarem decididamente a tarefas em benefício dos seus semelhantes, dos irmãos menos afortunados, que vergam ao peso de suas cruzes, sem a esperança de encontrar cireneus que os socorram.

Sejamos mais fiéis ao Espiritismo, estudando e disseminando as luzes da nossa Doutrina e as do Evangelho, dando ao nosso trabalho um sentido objetivo, prático, benemérito, cada vez mais amplo, cada vez mais profundo, cada vez mais extenso.


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