Horas Claras
Sylvio Brito Soares
Reformador
(FEB) Junho 1944
O ensaísta inglês século passado, Hazlitt, descobriu, certa
ocasião, nos arredores de Veneza, esta bela inscrição: Eu só conto as horas claras.
Esta frase, em sua singeleza, encerra uma lição profunda para nós, espíritas.
Adverte-nos que Deus só considera dignas de apreço as horas claras do nosso
viver. A maior soma delas habilita-nos a fruir sutis, harmoniosas e doces
vibrações espirituais.
É precisamente essa claridade imperecível de nosso ser
anímico, que torna fácil o nosso acesso às puras regiões do amor divino. Os
nobres impulsos de nosso coração se transformam em pétalas de luz e as suas
paixões lúgubres enodoam as nossas almas! Que felicidade inaudita será a nossa
no dia em que nos habituarmos a registar no mostrador imenso do relógio da
eternidade da vida, somente horas claras de amor, de virtude, de piedade, de
trabalho, de sacrifícios e de holocaustos de fé!
As horas sombrias da vaidade, do orgulho, da ambição, da
luxúria e do ódio oferecem, a princípio, a ilusão de se tornarem, num futuro
próximo, o melhor padrão do nosso heroísmo e a mais nobre herança que poderemos
transmitir aos nossos descendentes. Quando, porém, essa ilusão se desvanece e
as horas sombrias começam a badalar tenaz e soturnamente no recesso de nossas
almas, é que vamos aprender, compreender
e sentir que só na luz clara que emana do trabalho-amor está a força capaz de
fazer girar os ponteiros do relógio da nossa evolução eterna!
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