Oração
da Migalha
Senhor,
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Quando
alguém estiver em oração, referindo-se à caridade, faze que esse alguém me
recorde, para que eu consiga igualmente ajudar em teu nome.
Quantas
criaturas me fitam, indiferentes, e quantas me abandonam por lixo imprestável!...
Dizem
que sou moeda insignificante, sem utilidade para ninguém; contudo, desejo
transformar-me na gota de remédio para a criança doente. Atiram-me à distância,
quando surjo na forma de pedaço de pão que sobra à mesa; no entanto, aspiro fazer, ainda, a alegria dos que choram de
fome. Muita gente considera que sou trapo velho para o esfregão, mas anseio
agasalhar os que atravessam a noite, de pele ao vento... Outros alegam que sou
resto de prato para a calha do esgoto, mas, encontrando mãos fraternas que me
auxiliem, posso converter-me na sopa generosa, para alimento e consolo dos que
jazem sozinhos, no catre do infortúnio, refletindo na morte.
Afirmam
que sou apenas migalha e, por isso, me desprezam... Talvez não saibam que,
certa vez, quando quiseste falar em amor, narraste a história da dracma perdida
e, reportando-te ao reino de Deus, tomaste uma semente de mostarda por base de
teus ensinos.
Faze,
Senhor, que os homens me aproveitem nas obras do bem eterno!... E, para que me
compreendam a capacidade de trabalhar, dize-lhes que, um dia, estivemos juntos,
em Jerusalém, no templo de Salomão, entre a riqueza dos poderosos e as jóias
faiscantes do santuário, e conta-lhes que me viste e me abençoaste, nos dedos
mirrados de pobre viúva, na feição de um vintém.
Meimei
por Chico Xavier
Reformador (FEB) pág. 89
em Abril de 1961
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