A missão do pregador do Evangelho
Benedicto de Godoy Paiva
Reformador (FEB) Fevereiro 1942
"É chegada a hora. Eis que o Filho do Homem vai ser entregue
às mãos
dos
pecadores. Levantai-vos; vamos. Eis que está perto o que me trai" (Marcos
14:41).
Eis
ai o trecho final do último colóquio de Jesus com os seus três abnegados
companheiros - Pedro, Tiago e João, pouco antes de ser conduzido preso. Eis,
também, como terminou a grande missão do maior pregador do Evangelho - do homem
que "falava como ninguém ainda falou". Terminou a sua missão vitimado
pela traição, por parte de um dos seus próprios auxiliares de divulgação da doutrina que ele trouxera ao
mundo.
Não
somos melhores do que Jesus, bem longe estamos dele: portanto, sirva esse fato
de consolo aos pregadores do Evangelho do Cristo, todas as vezes que, atingidos
por forças adversas, se sentirem enfraquecidos na sua gloriosa, mas espinhosa
missão, de continuadores da divulgação dos ensinos que o Mestre nos legou.
Jesus
foi perseguido por toda parte. As forças do mal empregavam os maiores esforços
e lançavam mão de todos os artifícios possíveis para desencoraja-lo e Ele,
sabendo disso, prevenia seus discípulos: "Eis que vos mando como ovelhas ao meio de lobos". "Haveis de ter aflições no mundo; mas, tende
confiança: eu venci o mundo". "Se chamaram de Belzebu ao pai de família, que não dirão dos seus
domésticos?"
O
pregador do Evangelho do Cristo deve estar alerta às ciladas das forças do mal.
Sua missão é cheia de tropeços e perigos. Inimigos encarniçados tramarão a sua
perda. Ele será alvo da maledicência, da calúnia, da traição, mesmo dos que lhe
pareçam mais dedicados amigos e companheiros. As suas melhores lições serão
desprezadas e as suas intenções adulteradas, mesmo pelos que se dizem cristãos,
e disso nos dá prova o "texto" que encima estas linhas. O grande apóstolo
Paulo já nos prevenia de que “satanás” se transforma em "anjo de
luz", e Judas, caminhando ao lado do divino Mestre, com a intenção de o
trair, nos dá um exemplo bem frisante do que pode ser o "anjo de luz"
que serve de instrumento às forças contrárias ao bem, sob o disfarce de cristão.
O
Espírito que assistia a Allan Kardec, quando este codificava a doutrina espírita,
disse-lhe, certa vez: "Para levares
a termo a tua missão, é preciso fé e vontade inabaláveis; é preciso abnegação e
coragem para sofreres as injúrias, os sarcasmos, as decepções, sem te abateres
aos botes da inveja e da calúnia. Deixa que digam e falem o que quiserem. Tudo
passa, exceto a felicidade eterna. Tudo te será contado e bem sabes que é necessário,
para ser alguém feliz, ter contribuído para a felicidade dos pobres seres de que Deus povoou a Terra."
O
pregador do Evangelho nunca deve esquecer as recomendações feitas pelo apóstolo
Pedro, no capítulo 4, vers. 14, de sua Primeira Epístola: "Se fordes vituperados pelo nome do Cristo,
bem aventurados sereis, porque o que há de honra, de glória, de virtude de
Deus, e o espírito, que é dele, repousam sobre vós. Se padecem como cristãos,
não vos envergonheis disso; mas, glorificai a Deus".
E,
mais adiante: "Sede sóbrios e vigiai,
porque o diabo, vosso adversário, anda ao redor de vós, como um leão que ruge,
buscando a quem possa tragar. Resisti-lhe, fortes na fé, sabendo que os vossos
irmãos espalhados pelo mundo sofrem a mesma tribulação."
As
denominações de "diabo", "belzebu”, "Satanás" e outras
não têm, para nós espíritas, a significação que os homens lhes deram; porém, as
influências más, expressas por esses vocábulos, são uma terrível realidade e o
pregador do Evangelho precisa estar prevenido contra elas, para não ser
apanhado de surpresa e não sucumbir à "tentação".
Quantos
Centros Espiritas não se tem desmantelado devido a uma pequenina pedrinha,
jogada com habilidade e maestria contra as pessoas dos seus presidentes!
Quantos pregadores do Evangelho não se afastam da sua missão, feridos por um
espinho habilmente escondido na estrada que tem de palmilhar e colocado ali
habilidosamente!
O
pregador do Evangelho precisa estar alerta contra esses golpes traiçoeiros e
manter-se firme no seu posto, pois o bom pastor não abandona as suas ovelhas,
mesmo à vista do lobo! A missão do pregador do Evangelho foi-lhe confiada por
Deus e não pelos homens; portanto, a Deus ele terá de dar conta dos
"talentos" que lhe foram confiados, não podendo desculpar-se com a
necessidade de "enterrá-los", para os ocultar aos olhares cobiçosos
ou invejosos dos outros!
Sejamos
fortes e sigamos o conselho de São Tiago (cap. 4, vers. 7 de sua Epístola):
"Resisti ao diabo e ele fugirá de vós" e, quando nos sentir-mos
desanimados, por qualquer motivo, no desempenho da gloriosa missão da pregação
do Evangelho de Jesus, ouçamos os conselhos do Apóstolo Paulo a Timóteo: "Trabalha como um bom soldado de N. S. Jesus
Cristo, porque virá tempo em que muitos homens não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos
ouvidos, acumularão para si doutores, conforme as suas próprias concupiscências;
tu, porém, vigia em todas as coisas, sofrendo as aflições. Faze a obra de um
Evangelista; cumpre o teu ministério".
Nenhum comentário:
Postar um comentário