sexta-feira, 30 de junho de 2017

Porque sou feliz

Porque sou feliz
Reformador (FEB) Dezembro 1938

            Nascido no seio de humilde família de lavradores do Norte de Portugal, como eles, também fui educado na religião católica, sobre a qual nada posso adiantar, porque nada lhe pude extrair de proveitoso, nem de desaproveitável; apenas lhe conheci os princípios, que mais ou menos me impressionaram.

            Por conseguinte, nada mais direi a respeito, desejando de coração o bom entendimento a todos os que ainda a professam, certo de que o futuro melhor lhes dirá, do que ninguém, de suas faltas ou de suas virtudes. É Deus que em sua infinita Misericórdia assim o quer.

            De minha parte, o que acho de mais proveitoso é, sem roubar o precioso tempo que os leitores dedicam certamente aos atos santos da caridade cristã, como fazem todos os que trabalham na Seara de Jesus sob o teto e proteção da Casa de lsmael, fazer do modo mais resumido, mas bem compreensível, a minha profissão de fé no Espiritismo, o Consolador por Jesus prometido. Esta profissão vem, meus prezados irmãos, como a de quase todos, depois de haver eu percorrido os tortuosos caminhos e estradas desta vida de provações, em todos os sentidos, recebendo nos ombros o peso das vicissitudes humanas. Quando já tudo me parecia acabado, porque ferida fora nas asas a ave do orgulho, à Misericórdia de Deus me permitiu encontrar o pouso magnífico da reflexão, para aí ver, não mais com olhos da carne, que me iludiam, mas com os do Espírito, o que são a Verdade inconfundível e eterna e a Vida Futura.

            Hoje, estudando, procurando compreender, cada vez se me depara maior a Sagrada Palavra do Redentor e cada vez também me vejo mais pequenino e mais humilde, diante da coluna que separa o homem deste mundo da perfeição de Deus.

            Mas, também me sinto com coragem para enfrentar, com mais serenidade do que antes, todas as provações por que haja de passar o meu espírito, no restante da presente peregrinação na Terra. Unindo-me de coração a todos os meus irmãos mais velhos em crença, consubstancio meus desejos numa prece ao Senhor, para que nos ampare e ilumine, iluminando a toda a humanidade, com a única luz que a pode guiar nesta vida: O Espiritismo Cristão, que a todos levará ao Porto da Salvação.

            Certo fico de haver cumprido assim o meu dever, dando, embora precariamente, mas com sinceridade, o meu testemunho de reconhecimento à Misericórdia do Senhor e aos sentimentos de caridade puramente cristã de todos os espíritas de quem me considero o mais pequenino irmão em Jesus Cristo.

Quintino Bocayuva
Manoel  A Sampaio e Mello


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