O Supremo Bem
Ismael Gomes Braga
Reformador
(FEB) Junho 1954
"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração,
de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro
mandamento. O segundo semelhante a este; Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas." – Mateus 22:37 a 40.
O amor de Deus é a
força misteriosa da vida: cria, conserva, e transforma a vida no Universo. Tudo
quanto vive é animado pelo amor divino. Sem ele nada existiria; nenhum Ser
viveria. Ele é a energia que engendra, organiza e governa tudo quanto existe,
visível ou invisível, mutável ou perpétuo. É o poder universal e eterno que em
tudo e todos se manifesta numa variedade infinita de formas.
As leis de coesão,
atração, gravitação, repulsão, reprodução, são manifestações materiais do amor divino
que tudo governa de toda a eternidade e por toda a eternidade.
A sede desse amor
se manifesta inconscientemente nos seres inferiores e conscientemente nos mais
adiantados.
Como todas as
formas de vida física da Terra recebem e refletem do Sol a luz e o calor
vivificante; assim também todos os seres do Universo recebem e refletem o amor
divino, que é a vida mesma em toda a sua gloriosa manifestação. A luz e o calor
do Sol que se projetam sobre a Terra são os mesmos, mas a recepção e a reflexão
podem ser em parte impedidas por obstáculos materiais. Igualmente o amor divino
é o mesmo para todos os seres, mas encontra obstáculos morais e intelectuais,
em grau maior ou menor, que o forçam a refletir-se de modos diferentes nos
seres vivos, sedentos de individualização ilusória e de monopólio da vida.
Somente os seres
muito avançados em perfeição recebem e refletem em toda a plenitude o amor de
Deus, e amam com todas as veras de sua alma o Criador e a todas as suas
criaturas, sem distinguir entre bons ou maus, isto é, entre felizes e
infelizes, adiantados e atrasados na escala do progresso. Essa capacidade de
receber e distribuir em toda a plenitude o amor divino, é a suma felicidade, a
bem aventurança indizível na pobre linguagem humana, incompreensível para nós,
retrógrados terrícolas, calcetas do pecado e da ignorância.
Só podemos por
enquanto gozar as formas muito menos elevadas do amor, formas quase materiais,
como o amor materno, o amor conjugal, ainda muito próximos da animalidade;
porém, mesmo estas formas elementares já nos permitem imaginar a suprema
ventura dos seres que já podem cumprir literalmente o primeiro mandamento;
porque amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo, significa
viver a vida superior na plenitude do amor divino, haver-se identificado com
Deus e realizado o Cristo em seu próprio ser, possuir em si a Eternidade e o Infinito;
ter o pleno gozo da força, da bondade, da compreensão, da vida completa e indestrutível;
gozar toda a luz que irradia de Deus; estar integrado em tudo que vive; ser uno
com O Criador e com todas as Suas criaturas.
Tristes calcetas do
pecado, ligados à roda dos renascimentos expiatórios em mundos inferiores:
ousando julgar, pelas aparências enganosas do curto momento de uma encarnação,
as criaturas de Deus; esquecidos do passado e apavorados diante do porvir;
preocupados com o que havemos de comer e com o que havemos de vestir; famintos
e sedentos de aprovação e simpatia; tentando egoisticamente monopolizar em nosso favor as coisas que nos parecem boas,
em detrimento dos nossos companheiros de peregrinação; divididos pelo medo em
grupos que se hostilizam; confundindo o cárcere do corpo com ai vida. Contudo
isso, somos os beneficiários do amor divino que nos não abandona um momento e
nos faz caminhar para a plenitude da vida, para a plenitude do amor, para a Bem
aventurança dos eleitos do Pai; somos as ovelhas do rebanho confiado a Jesus, e
nunca seremos abandonados, porque ele é o bom pastor que disse: Dou a minha
vida pelas ovelhas (*), e nos levará um dia ao supremo bem.
(*) João 10:15
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