O Sonho
de Salom Alejhem
Cristiano Agarido (Ismael
Gomes Braga)
Reformador (FEB)
Fevereiro 1956
O mais primoroso
escritor da nova literatura israelita publicou seus livros sob o pseudônimo de
SaIom Alejhem, que significa "Paz seja convosco”.
Num primoroso
livrinho com o título “Igual para todos”, conta ele uma história que tentaremos
resumir aqui.
Os homens viviam
descontentes e preocupados com as desigualdades monetárias: uns possuíam
bilhões, enquanto outros nunca tinham um níquel. Resolveram dirigir a Deus uma
petição, para que fosse reunido todo o dinheiro
existente no mundo e redistribuído em
partes iguais para cada ser humano. Deus deferiu o pedido e mandou à Terra
anjos que tomaram formas humanas e executaram o mandato. Todo o dinheiro foi
reunido e distribuído. Coube cinco milhões de rublos a cada ser humano. Um
casal com oito filhos recebeu logo cinquenta milhões; um casal sem filhos,
apenas dez milhões; um celibatário, cinco milhões. Houve imenso regozijo no
primeiro momento; mas todos os camponeses abandonaram a lavoura, os operários
deixaram as construções no ponto em que se achavam, os ferroviários paralisaram
todo o tráfego, as lojas não se abriram, os coveiros deixaram a enxada, os
padeiros não acenderam os fornos, os professores despediram seus alunos, as
cozinheiras correram para a rua.
Toda a população
saiu para as ruas à procura de alimentos, mas o mercado estava fechado. Uma
pobre velha conseguira assar pães para levar aos netos. Quiseram comprar-lhe os
pães, porém ela se recusou a vender. Tomaram a cesta por violência e espancaram
a anciã. Um popular arrombou a porta de um açougue e foi morto pelo machado do
açougueiro. Toda a multidão atacou os açougues e os machados entraram em ação:
houve uma carnificina no bairro dos açougueiros.
A população faminta
atacava para tomar de assalto os restos de alimentos que sobejaram da véspera.
Cada ser humano se tornou uma fera e o mundo, um inferno.
Então Meier, o
único sábio que se opusera à petição, explicou:
- Está muito longe
ainda o tempo em que o homem agirá pelo coração e pela inteligência; por
enquanto ele se comporta apenas como o animal, somente o estômago o dirige; só
o medo da fome o leva a produzir alguma coisa.
Não merece ainda
mais do que a escravidão em que vive. O seu egoísmo o isola de todos os outros
e não reconhece nenhuma solidariedade.
Só como escravo ele
colabora para o bem geral.
Infelizmente, Meier
tem razão. São raríssimos os indivíduos capazes de fazer alguma coisa por amor,
por ideal de solidariedade. Quase ninguém percebe a interdependência existente
entre os seres.
O Espiritismo nos
vem revelar outro aspecto desse mesmo problema.
No plano espiritual
próximo da Terra, já livre do aguilhão da fome, o Espírito age por amor ou por
ódio ou fica ocioso. Agindo por amor sente-se feliz, cria um céu em seu próprio
ser; agindo por ódio, cria um inferno; ficando ocioso sofre tédio e desespero
que o impelem a agir, a criar seu céu ou seu inferno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário