Aviso
Oportuno
Ignácio Bittencourt
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Janeiro 1956
Meus amigos: Louvado seja o Senhor.
Em minha última romagem no campo
físico, mobilizando os poucos préstimos de minha boa vontade, devotei-me ao serviço da cura mediúnica; no entanto, desencarnado
agora, observo que a turba de doentes, que na Terra me feria a visão, aqui
continua da mesma sorte, desarvorada e sofredora.
Os gemidos no reino da alma não são
diferentes dos gemidos nos domínios da carne.
E dói-nos o coração reparar as filas
imensas de necessitados e de aflitos a se movimentarem depois do sepulcro, entre a perturbação e a enfermidade, exigindo
assistência.
É por esta razão, hoje reconhecemos,
que acima do remédio do corpo temos necessidade de luz no espírito.
Sabemos que redenção expressa luta.
E que resultados colheremos no combate
evolutivo, se os soldados e obreiros das nossas empresas de recuperação jazem,
desprevenidos e vacilantes, infantilizados e trôpegos?
Nas vastas linhas de nossa fé,
precisamos armar-nos de conhecimento e qualidade que nos habilitem para a vitória nas obrigações assumidas. Conhecimento que
nasça do estudo edificante e metódico, e qualidade que decorra das atitudes firmes
na regeneração de nós mesmos.
Devotamento à lição que ilumine e à
atividade que enobreça.
lndubitavelmente, ignoramos por
quanto tempo ainda reclamaremos no mundo o concurso da medicina e da farmácia, do bálsamo e do anestésico, da água
medicamentosa e do passe magnético, à feição de socorro urgente aos efeitos
calamitosos dos grandes males que geramos na vida, cujas causas nem por isso
deixarão de ser removidas por nós mesmos, com a cooperação do tempo e da dor.
Mas, porque dispúnhamos de semelhante
alívio, temporário embora, não será lícito olvidar que o presente de serviço é a valiosa oportunidade de nossa edificação.
A falta de respeito para com a nossa
própria consciência dá margem a deploráveis ligações com os planos inferiores, estabelecendo
, em nosso prejuízo, moléstias e
desastres morais, cuja extensão não conseguimos sequer pressentir; e a ausência
de estudo acalenta em nossa estrada os processos de ignorância, oferecendo azo às
mais audaciosas incursões da fantasia em nosso mundo mental, como sejam:: a
acomodação com fenômenos de procedência exótica, presididos por rituais
incompatíveis com a pureza dos nossos princípios, o indevido
deslumbramento diante de profecias
mirabolantes e a conexão sutil com inteligências desencarnadas menos dignas,
que se valem da mediunidade incauta e ociosa entre os homens, para a difusão de
notícias e mensagens supostamente respeitáveis,
pela urdidura fantasmagórica, e que encerram em si o ridículo finamente
trabalhado, com o intuito de achincalhar o ministério da verdade e do bem.
A Morte não é milagre e o Espiritismo
desceu à Humanidade terrestre com o objetivo
de espiritualizar a alma humana.
Evitemos prometer como aquele
artífice do apólogo que pretendia consertar a vara torta, buscando aperfeiçoar-lhe a sombra.
Iluminemos o santuário de nossa vida
interior e a nossa presença será luz.
Eis a razão por que, em nos
comunicando convosco reportamo-nos aos quadros dolorosos que anotamos aqui, na
esfera dos ensinamentos desaproveitados, para destacar o impositivo daquela
oração e daquela vigilância, perenemente lembradas a nós todos pela advertência
do nosso divino Mestre, a fim de que estejamos seguros no discernimento e na
fé, na fortaleza e na razão, encarando o nosso dever face a face.
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