Ano Velho
por Pereira Guedes
Reformador (FEB)
Janeiro 1941
Ano velho, infeliz, ano de guerra,
Tu que viste cobrir
de luto a Terra,
Devastados os campos e as cidades
Nas mais negras e rudes tempestades.
Deves chorar comigo orando aos céus,
Rogando a paz e a proteção de Deus!
Devastados os campos e as cidades
Nas mais negras e rudes tempestades.
Deves chorar comigo orando aos céus,
Rogando a paz e a proteção de Deus!
,Quando surgiste, o
mundo era um vulcão
E sobre a humanidade a maldição
Descia como raios fuzilantes.
E sobre a humanidade a maldição
Descia como raios fuzilantes.
Os homens, as mulheres e os infantes
São lançados às
mesmas desventuras,
Prisioneiros de um mundo de amarguras!
O como é triste a dor da despedida!
Nascer chorando e por toda a vida,
Ver de Leste, a Oeste, Sul a Norte,
Prisioneiros de um mundo de amarguras!
O como é triste a dor da despedida!
Nascer chorando e por toda a vida,
Ver de Leste, a Oeste, Sul a Norte,
Por toda parte
campeando a morte!
Qual a causa, meu
Deus, de tanto horror?
Porque foge do mundo o grande amor
Pregado por Jesus há dois mil anos
Porque foge do mundo o grande amor
Pregado por Jesus há dois mil anos
E a humanidade é a presa dos tiranos?
O Evangelho do
Cristo é letra morta!
A
doutrina
do amor que mais conforta,
Que era paz, que era luz, que era esperança,
Que floresceu num berço de criança,
Que era paz, que era luz, que era esperança,
Que floresceu num berço de criança,
Sol que dos céus
iluminava a Terra,
É tudo agora uma expressão
de guerra!
Ano Velho, infeliz, eu me prosterno
Ano Velho, infeliz, eu me prosterno
E rogo a Deus que
faça deste inferno
Um mundo mais feliz, de paz, de amor.
Tal como predicou Cristo, o Senhor
Um mundo mais feliz, de paz, de amor.
Tal como predicou Cristo, o Senhor
*
Meu Deus, meu Deus!
O mundo é um desconforto
E só pregam na Terra um Cristo morto,
Amortalhado no seu Evangelho,
E só pregam na Terra um Cristo morto,
Amortalhado no seu Evangelho,
-Como atestado de
que o mundo velho
É o fruto do pecado. Pobre mundo,
Abismado num mar de dor profundo!
É o fruto do pecado. Pobre mundo,
Abismado num mar de dor profundo!
*
O problema econômico,
dirão.
É a causa-mater desta maldição!
É a causa-mater desta maldição!
*
Eu
vos
direi· no entanto, convencido,
Que a causa deste mundo corrompido
É a falta da moral, da luz, da Fé,
Tão mal cuidadas pela Santa Sé.
Que a causa deste mundo corrompido
É a falta da moral, da luz, da Fé,
Tão mal cuidadas pela Santa Sé.
*
Um
ano novo vem surgindo agora,
Envolto em crepe, no romper da aurora,
Chega tristonho, como que chorando,
Quando devia, alegre, vir cantando,
Envolto em crepe, no romper da aurora,
Chega tristonho, como que chorando,
Quando devia, alegre, vir cantando,
Eu
te saúdo infante, sê bem vindo,
Pois, cedo ainda te verei sorrindo.
Ao
seio das Nações há de voltar
A
Paz que há de sorrir, que há de cantar,
Entoando o hino da FRATERDADE
Entoando o hino da FRATERDADE
E
unindo pelo AMOR a HUMANIDADE.
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