domingo, 15 de janeiro de 2017

Ano Velho


Ano Velho
por Pereira Guedes
Reformador (FEB) Janeiro 1941

Ano velho, infeliz, ano de guerra,
Tu que viste cobrir de luto a Terra,
Devastados os campos e as cidades
Nas mais negras e rudes tempestades.
Deves chorar comigo orando aos céus,
Rogando a paz e a proteção de Deus!
,Quando surgiste, o mundo era um vulcão
E sobre a humanidade a maldição
Descia como raios fuzilantes.
Os homens, as mulheres e os infantes
São lançados às mesmas desventuras,
Prisioneiros de um mundo de amarguras!
O como é triste a dor da despedida!
Nascer chorando e por toda a vida,
Ver de Leste, a Oeste, Sul a Norte,
Por toda parte campeando a morte!
Qual a causa, meu Deus, de tanto horror?
Porque foge do mundo o grande amor
Pregado por Jesus há dois mil anos
E a humanidade é a presa dos tiranos?
O Evangelho do Cristo é letra morta!
A doutrina do amor que mais conforta,
Que era paz, que era luz, que era esperança,
Que floresceu num berço de criança,
Sol que dos céus iluminava a Terra,
É tudo agora uma expressão de guerra!
Ano Velho, infeliz, eu me prosterno
E rogo a Deus que faça deste inferno
Um mundo mais feliz, de paz, de amor.
Tal como predicou Cristo, o Senhor

                                                                                  *

Meu Deus, meu Deus! O mundo é um desconforto
E só pregam na Terra um Cristo morto,
Amortalhado no seu Evangelho,
-Como atestado de que o mundo velho
É o fruto do pecado. Pobre mundo,
Abismado num mar de dor profundo!

*

O problema econômico, dirão.
É a causa-mater desta maldição!

                                                                                  *

Eu vos direi· no entanto, convencido,
Que a causa deste mundo corrompido
É a falta da moral, da luz, da Fé,
Tão mal cuidadas pela Santa Sé.

*

Um ano novo vem surgindo agora,
Envolto
em crepe, no romper da aurora,
Chega tristonho, como que chorando,
Quando devia, alegre, vir cantando,
Eu te saúdo infante, sê bem vindo,
Pois, cedo ainda te verei sorrindo.
Ao seio das Nações há de voltar
A Paz que há de sorrir, que há de cantar,
Entoando o hino da FRATERDADE
E unindo pelo AMOR a HUMANIDADE.



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