A Felicidade
por Lauro S. Thiago
Reformador (FEB)
Janeiro 1941
A alma humana tem a intuição de que
foi criada para a felicidade - por isso a sua vida inteira na Terra se resume num prolongado anseio de ventura. Os dias
correm, os anos passam e a alma humana está sempre renovando as suas esperanças num futuro
feliz, que nunca chega, entanto, perfeito, integral. Se corações existem que trazem:
em si mesmos a felicidade interior, conquista de suas almas evoluídas, como
podem eles sentir a felicidade integral em meio da sociedade humana cheia de
chagas e de dores? Quem compreende a felicidade egoísta e que não é o resultado
de uma imensa e fraterna partilha de bens? Não! A felicidade deve fazer os
corações menos mirrados e mais amplos, não tão mesquinhos, mas cheios de ideal
nobreza!
Não é possível pretender-se, sequer,
no momento atual, a felicidade na sua plenitude, quando milhões de corações
sangram, tangidos das mais acerbas provações físicas e morais.
*
Se essa é a condição da alma humana
diante do quadro geral da humanidade, nem por isso deixam de existir, pela
justiça implícita nas coisas e distribuída pela magnanimidade do Criador
pequeninas felicidades parciais, esboços longínquos da grande Felicidade que a
sociedade deve conhecer um dia. Dentre todas, uma é particularmente grata á
alma humana e resulta do entendimento amoroso de dois corações. O amor é, para os corações humanos, como o orvalho celeste que refresca as
grandes e vigorosas árvores, assim como os arbustos pequenos e frágeis. O homem
e a mulher se sentem mais completos quando tocados pelo divino chamamento do
amor e, então, marcham, assim amparados, assim unidos, como animados por um
novo sopro de vida, para maiores e mais gloriosos destinos. A felicidade, para
dois corações afins, está na nobreza dos sentimentos que os enlaça e na
elevação dos ideais que nutrem suas almas engrandecidas.
*
Quando felizes, os corações bem
formados não devem permanecer egoisticamente indiferentes ao quadro atual da
humanidade, mas meditar sobre ele e sua origem, que está no potencial de forças
maléficas acumulado pela humanidade, gerado pelos seus crimes, e que agora
sobre ela se abate sob forma de devastações, de guerra, de calamidade! Devem
esses corações bem formados e, por isso, felizes, resistindo à influência
nociva de uma sociedade que se decompõe, saturada das tendências mais criminosas
e dos piores relaxamentos morais, constituir-se, em núcleos de resistência, que
preparem para depois
da tempestade um mundo de bonança e de felicidade, onde floresçam as nobres qualidades da inteligência e do coração!
da tempestade um mundo de bonança e de felicidade, onde floresçam as nobres qualidades da inteligência e do coração!
Sim, é preciso não descrer do futuro.
A felicidade não é um mito, mas uma
realidade prometida, que o coração advinha e que será um dia vivida em sua
plenitude pela Humanidade Redimida.
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