O Louvor do Escravo Bom
por Anfilóquio
in
Brasil-Espírita/Reformador (FEB) Julho 1971
Quem,
neste mundo, quiser ser feliz e feliz principalmente na vida que nos aguarda, após a morte de nosso corpo, deverá
cultivar sempre e sempre a Bondade!
Ninguém
perde por ser bom, ao passo que o mau jamais se sentirá feliz, encontrará cardos e espinhos, em sua caminhada, a
ferirem seus pés. Mas, notem bem, devemos ser bons não apenas com aqueles que
nos tratam com benignidade, porém especialmente com os que nos fazem chorar e
sofrer, porque o ódio, a raiva e a vingança só servem para aumentar o rancor dos que não nos
estimam.
A
bondade nasce espontânea do coração, possui uma força invisível aos nossos sentidos, força misteriosa que vai lenta, mas persistentemente, eliminar a
dureza dos corações que ainda se comprazem em odiar.
Sejamos
bons e que de nossos lábios saiam, hoje e por todo o sempre, palavras como
estas: Louvado seja, Deus!
Nos
recuados tempos da escravidão, dessa triste mancha da história da nossa querida
pátria (escravidão que, como vocês sabem, foi felizmente banida pela lei de 13
de maio de 1888, assinada pela bondosa mão da Princesa Isabel), vivia o preto
velho André, escravo resignado e sofredor.
Certo
dia, vindo a saber que Jesus nos ensinara a santificar o nome de Deus, prometeu
a si mesmo jamais praticar o mal. Se o feitor da fazenda o perseguia, André
perdoava e dizia de todo o coração: Louvado seja Deus. Se algum companheiro
tentava-o a fugir das obrigações de cada dia, considerando as injustiças que os
cercavam, ele dizia contar com a Bondade Divina, indicava o céu e repetia: Louvado
seja Deus. Quando soou a hora da libertação dos cativos, o dono da fazenda
informou-o encontrar-se pobre e doente, pedindo-lhe que, por caridade, não o
abandonasse. Todos os companheiros se ausentaram, embriagados de alegria, mas
André teve compaixão de seu antigo patrão, agora humilhado, e permaneceu no
serviço, certo de que Deus estaria satisfeito com sua maneira de proceder.
O
proprietário da terra, pouco a pouco, perdeu o que lhe restava, mas o generoso
servidor André, afirmando sempre Louvado seja Deus, cuidou dele até à morte,
embora estivesse envelhecido, quando, em Espírito, seu senhor partira para o
Além. Quis trabalhar; todavia, o corpo encarquilhado curvava-se para o
chão, com muitas dores. Esmolou, então, com humildade e paciência. De cada vez
que recebia algum pão para saciar a fome ou algum trapo para cobrir o corpo,
exclamava alegremente: Louvado seja Deus.
Certa
noite, muito sozinho, com sede e febre, notou que alguém penetrara em sua choça
de palha. Quem seria? Em poucos instantes um Espírito de luz erguia-se à frente
dele. Acanhado e aflito, quis falar alguma coisa, entretanto não pôde. O
Espírito, sorrindo, abraçou-o, exclamando: - André, o nome de nosso Pai
Celestial foi exaltado por teu coração e vim buscar-te para que a tua voz possa
louvá-lo agora no Céu.
No
dia seguinte, o corpo do velho escravo foi encontrado morto na choupana, mas sobre
o teto rústico as aves pousaram cantando, e muita gente afirmou que os
passarinhos pareciam repetir: Louvado seja Deus!
Imitemos,
amigos, o proceder desse humilde escravo, para que amanhã possamos gozar as
bem-aventuranças que o Senhor proporciona a todos aqueles que cultivaram a
bondade e souberam sofrer com resignação, receber ofensas e injustiças,
bendizendo sempre o nome de nosso Pai Celestial!
Lembrem-se
de que "O mundo será mais belo, terá mais felicidade, quando cada ser que
o habita trouxer consigo a bondade!"
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