Vozes do Infinito...
Bittencourt
Sampaio
(Esp.)
Página recebida no Grupo Ismael, da
FEB, em 19--11-1914
publicada em Reformador (FEB) em 16-12-1914
(Bittencourt Sampaio nasceu em 1º de
fevereiro de 1834
e desencarnou no Rio de Janeiro em 10 de outubro de 1895,
e desencarnou no Rio de Janeiro em 10 de outubro de 1895,
Foi advogado, poeta, jornalista, político e espírita brasileiro.
Homem público de grande projeção ao
tempo do Segundo Reinado,
foi presidente da então província
do Espírito Santo e diretor da Biblioteca Nacional.
Foi membro fundador da Sociedade
de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade (RJ,
23 de março de 1876), mais tarde denominada Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade (1879).
23 de março de 1876), mais tarde denominada Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade (1879).
Co-fundador do Grupo Espírita
Fraternidade junto com Antônio Luís Sayão
e o médium Frederico Júnior. Notável
médium curador.
Publicou a obra "Jesus perante a
Cristandade" e "De Jesus para a Criança",
entre outras.
Destacou-se ainda como médium receitista,
ou seja, receitava homeopatia sob inspiração mediúnica.)
Salve,
caros amigos.
Só a misericórdia de Deus é capaz de
tranquilizar o mundo e dar calma aos espíritos violentamente sacudidos em todos
os sentidos pelo formidável tufão das paixões humanas.
Que atmosfera irrespirável, capaz
até de asfixiar os próprios espíritos!
Que caos horrendo, formado pelo
choro, os gemidos e os gritos lancinantes daqueles que ruem nesta hecatombe
formidável!
Outrora, quando hecatombes
semelhantes avassalavam as cidades e os países, diziam os antigos: "É a cólera de Deus!"
Correm os séculos, caminha a
civilização e progridem os espíritos, cientificamente falando; mas, pelo seu
desejo de saber, pelo seu orgulho desmedido e pela sua vaidade
incontida, abafam os sentimentos mais nobres e mais dignos, a caridade e a fé, únicos capazes de fazer a felicidade de suas almas.
incontida, abafam os sentimentos mais nobres e mais dignos, a caridade e a fé, únicos capazes de fazer a felicidade de suas almas.
Esquecem-se eles de que todos tem um
destino, que é velado pelos Espíritos prepostos.
Não se pode mais empregar a cólera
de Deus segundo o sentido das gentes daqueles tempos. Dizemos hoje: a lei das
provas; lei que atinge as individualidades, como as
coletividades e os mundos, como todo o Universo.
coletividades e os mundos, como todo o Universo.
E dentro de tudo isso, nesse
turbilhão infernal destaca-se sempre o fator dessas calamidades, o espírito
humano.
Ouço a cada instante dizer-se: Para
quem apelar?
Como remediar este mal e restabelecer o equilíbrio na sociedade? Como conciliar os grandes interesses em jogo?
Como remediar este mal e restabelecer o equilíbrio na sociedade? Como conciliar os grandes interesses em jogo?
A alguns tenho respondido por
intuição: Implantando na terra o reinado da fraternidade. Vou mais além. Alguns
me perguntam o que é a fraternidade. E eu respondo-lhes: fraternidade resume-se
nos dois grandes mandamentos da Lei, que vos esquecestes de praticar: amar a
Deus sobre todas as coisas; amar ao próximo como a si mesmo.
Eis a tarefa máxima do espírita, do
homem moderno e do representante desse edifício carcomido pela ação do tempo,
que tudo destrói - menos as verdades divinas -, mas sim do portador da paz e da
fraternidade no meio de seus irmãos, espalhando entre eles, a mancheias, a
misericórdia que o Criador, em catadupas, diariamente lhes prodigaliza.
O que vos digo aqui, amigos e velhos
companheiros, neste recanto, nesta pequena oficina, dentro em breve será dito
nas praças públicas.
Se para o espírita convergem os
ódios e as paixões dos infelizes que não querem enxergar a luz divina e que
debalde procuram por todos os meios destruir o homem,
julgando que por essa forma destroem a idéia, é que esses infelizes são loucos!
julgando que por essa forma destroem a idéia, é que esses infelizes são loucos!
Por outro lado, o espírita deve
sentir-se satisfeito quando tem cumprido o seu dever, porque sabe que não é
mais do que mero representante ou intérprete da vontade de Deus, que procura
fazer, dos coxos e estropiados, discípulos do seu amado filho, e, portanto,
arautos da verdade.
Em uma parte do planeta, na velha
Europa, o sangue corre a jorros, os gemidos formam coro infernal, o ambiente
não se pode respirar; as belezas daqueles céus desapareceram. Faz meses que o
Sol não brilha naquelas paragens, como que dando uma demonstração de sua grande
tristeza.
Campos devastados, atividades
perdidas; em suma: horrores sobre horrores!
No outro lado, no outro canto do
planeta, ouvem-se cantos sonoros e as harmonias deliciosas, como que desferidas
por instrumentos mágicos, e os hinos de glórias, como demonstrando alegrias
eternas. Os campos como que dormem esperando ocasião oportuna para que a
atividade humana os vá acordar.
Não se fala em guerra nem dela se
cogita.
Há uma ânsia natural de procurar o
caminho da verdade. Embora sacudido se ache esse torrão pelas paixões
políticas, que em parte avassalam esse mesmo povo, ainda assim é nesse torrão que está plantado o estandarte da Cruz. Ela chama-se
Brasil.
Para aqui concorrem os olhares e as
atenções daqueles que procuram se evadir ou evitar os horrores da grande
calamidade.
Vede, pois, espíritas e caros amigos,
quanta responsabilidade pesa sobre aqueles
que dirigem a propagação do Espiritismo na vossa terra.
que dirigem a propagação do Espiritismo na vossa terra.
É preciso tomar a sério esse
compromisso.
Eu desejo vos ter a postos, custe o
que custar. Desejo trocar idéia convosco todas as vezes que for possível e tudo
farei quanto ao meu alcance estiver porque devemos contar
sempre com a misericórdia de Deus para atender a todas as nossas solicitações, procurando tanto quanto possível dissipar as dúvidas dos nossos espíritos.
sempre com a misericórdia de Deus para atender a todas as nossas solicitações, procurando tanto quanto possível dissipar as dúvidas dos nossos espíritos.
Penso, por esta forma, ter
respondido às interrogações que constantemente vejo formadas em vossos espíritos,
e vos peço, então, tenhais paciência. Esperai um pouco, estou esboçando a minha
estátua. 1
Apanhei um madeiro tosco e preciso
fazer dele alguma coisa.
Tenho fé em Deus e Jesus que havemos
de conseguir o que desejamos.
E para esse desideratum conto também convosco.
Agora, prossigamos nos nossos trabalhos de hoje."
Agora, prossigamos nos nossos trabalhos de hoje."
Bittencourt
(1)
O Espírito em comunicação refere-se ao médium que por ele está sendo
desenvolvido.
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